07 Mai 2022
"Ser mãe é ter que trabalhar fora para sustentar o lar. É chegar em casa, e ainda ter que trabalhar. É não ter descanso. Louvo os novos tipos de homens que partilham o trabalho doméstico. Isso também é ser mãe", escreve Frei Jacir de Freitas Faria, OFM, ao comentar o que é ser mãe.
Frei Jacir é doutor em Teologia Bíblica pela FAJE-BH. Mestre em Ciências Bíblicas (Exegese) pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma. Professor de exegese bíblica. Membro da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (ABIB). Padre Franciscano. Autor de dez livros e coautor de quatorze.
Ser mãe envolve muitos sentimentos. A mãe está no filho que chora, ri, briga, apanha, vence, sonha, perde, frustra... A mãe está em todos as fases de sua vida. Ser mãe é viver a vida em etapas, nas etapas da vida do filho. Ser mãe é ser carinho, mas é também frustração. Um dia de mãe é como uma vida, nele todos estes sentimentos são vividos. Ser mãe é quando o filho lhe diz: mãe você é uma chata! Mas, no fim do dia, ele lhe entrega um bilhete dizendo: “Mãe eu te amo”. [1]
Filho e mãe se encontram na vida. Por isso, quando já crescidos e o sofrimento bate em nossas portas, gritamos como a criança insegura: “Eu quero a minha mãe!” Mãe é algo que nunca se esquece. Só quem já entregou para Deus a sua mãe, sabe o quanto dói a ausência daquela que lhe deu a vida e ensinou a caminhar.
Ser mãe é não ter armas para atirar contra o filho, pois o amor a desarma sempre. Mãe é aquela que impõe limites ao filho, pois a sua experiência lhe ensinou que o mundo tem limites. O filho tem que aprender a lição cedo, pois senão o mundo o devorará violentamente. E quantas mães sofrem por saber que droga do mundo o tragou.
Ser mãe não é padecer no paraíso, mas é amar e aceitar os limites da vida. É viver no paraíso da vida à espera do encontro definitivo com Deus-Mãe e a mãe de todas as mães, Maria, a Mãe de Deus e Nossa.
Ser mãe de um filho adotivo ou de um gerado no seu próprio seio é a mesma coisa. O instinto maternal está na mulher. No entanto, a mãe viúva de marido vivo sofre duas vezes para realizar a sua missão. Ser é a coisa mais maravilhosa do mundo!, dizia-me uma mãe: “Uma mulher, mesmo que não cassasse, mãe ela deveria ser. É uma experiência que não tem explicação!”
Ser mãe é sinônimo de noites maldormidas, quando o filho chega. É dias e noites inteiras na preocupação com o filho adolescente. Ser mãe é ensinar, educar amando e impondo limites. Ser mãe é errar na lida com os filhos. É reconhecer o seu limite como educadora. Ser mãe é ver filho na droga e na prostituição, sem nada poder fazer. O filho decidiu por isso. O que fazer? Nada e tudo!
Ser mãe é ter que trabalhar fora para sustentar o lar. É chegar em casa, e ainda ter que trabalhar. É não ter descanso. Louvo os novos tipos de homens que partilham o trabalho doméstico. Isso também é ser mãe. Ser mãe é também não aceitar perder o filho já crescido, que por força da natureza, há seguir outros caminhos para gerar outras vidas.
Mãe é mulher. Mulher é mãe, nascida para gerar a vida e perpetuá-la. Pode parecer machismo dizer assim, mas foram nós, os homens, que reduzimos a magnitude de ser mãe a uma cama, uma cozinha e uma casa. Sem a mulher, todas as Evas, geradoras de vida e mãe da vida, a vida não existiria no meio de nós.
Existem mães santas e mães pecadoras. Minha mãe era uma santa. Ela sofreu e amou em abundância. Ela não media esforços para estar com Deus. Na sua piedade, ela rezava o terço todos os dias. Deus sempre foi a sua força! Tinha lá os seus erros e ‘cabeçudisses’, mas quem não os tem. Governava a casa com sabedoria. Ela enfrentou a dor, a doença com uma força que só poderia vir de Deus. Saudade eterna de uma vida de exemplo de amor e ternura. Seu nome Luci, que significa “Aquela que brilha”. Na saudade de sua presença física saúdo todas as mães! Que Maria, mãe de todas as mães, cubra todas vocês com seu manto do Deus-Ternura que ela trouxe no seio maternal. Viva o ser mãe!
1 - FARIA, Jacir de Freitas Faria, História de Maria, mãe e apóstola de seu filho, nos evangelhos apócrifos. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 11-13.
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