22 Dezembro 2021
O Superior Geral dos Jesuítas padre Arturo Sosa Abascal encontrou alguns jornalistas para a troca de saudações de Natal e fez um balanço do ano que está chegando ao fim, olhando para o futuro, entre a pandemia "que nos pede para reavaliar o que realmente conta e viver de forma diferente", o processo sinodal iniciado a pouco e o Ano Inaciano.
A reportagem é de Alessandro Di Bussolo, publicada por Vatican News, 22-12-2021.
A pandemia ainda presente está se tornando "uma viagem através do coração" que nos pede "para reavaliar o que é realmente importante em nossas vidas e para viver de forma diferente". O processo sinodal que acaba de começar, é "a maneira ousada de tornar presente a Boa Nova de Jesus em meio às tempestades da mudança epocal". E por fim o Ano Inaciano lançado em maio, não uma celebração, mas um chamado à conversão, 500 anos após a de Santo Inácio de Loyola. Tudo isso na saudação do Padre Arturo Sosa Abascal, venezuelano de 73 anos, Superior Geral dos Jesuítas há cinco anos, no encontro com os jornalistas para a troca de saudações de Natal.
O coronavírus, sublinha o Padre Sosa, nos pede todos os dias "uma nova flexibilidade, uma nova conversão". "Estamos diante do desafio de aceitar internamente as mudanças como uma graça e uma oportunidade de vida renovada, em vez de nos sentirmos obrigados a nos resignar a imposições indesejadas". A imagem do Papa Francisco sozinho, em 27 de março de 2020, caminhando na direção da Basílica de São Pedro, torna-se um símbolo, afirma o jesuíta, "da dificuldade e ao mesmo tempo da possibilidade de estar aberto à graça de encontrar espaço de esperança e solidariedade em meio ao medo de muitos e à confusão política".
Durante este tempo, o Papa trabalhou incansavelmente para "nos ajudar a ler os sinais dos tempos com palavras estimulantes, evitando falsos consolos", convidando-nos a "aproveitar a oportunidade de abrir a novas formas de vida pessoal, familiar e social, para transformar as estruturas que produzem a pobreza injusta". Os constantes apelos em favor dos migrantes, para o Padre Sosa, são um dos exemplos mais claros deste compromisso.
O Sínodo iniciado há pouco, para o prepósito da Companhia de Jesus, é uma oportunidade para a comunidade eclesial se mostrar "capaz de dialogar com a história e dentro de si" e isto "é, sem dúvida, um sinal de esperança". A Igreja iniciou um processo que não deve parar na assembleia sinodal de 2023, mas ao invés disso "deve ser visto como um ponto de partida". Para o padre Sosa, não deve ser cometido o erro de considerar o processo sinodal um evento somente dentro da Igreja, porque esta "não há sentido para si mesma, mas para sua missão evangelizadora".
A pandemia "que nos obrigou a enfrentar o fato de sermos mortais", coincide com o 500º aniversário da ferida de Inácio de Loyola na Batalha de Pamplona e sua conversão. A Companhia de Jesus, lembra o Padre Sosa, iniciou um "Ano Inaciano" para motivar "todo o corpo apostólico universal a empreender as transformações necessárias para poder cumprir com eficácia nossa missão de reconciliação e justiça". É um forte apelo à conversão: "Precisamos fazer as coisas de maneira diferente", explica o jesuíta, "imaginar um mundo diferente... e implementar medidas de maneira a ajudar a tornar possível um novo mundo".
As muitas vítimas da pandemia e "os fatos de nossas vidas" lembram ao Padre Sosa "que o chamado aos cristãos é viver e compartilhar a esperança". Não uma falsa ou superficial garantia de que "tudo vai correr bem", mas a certeza "de que nosso Deus está trabalhando querendo fazer nova todas as coisas e quer nossa contribuição". Assim, "se abrirmos as portas de nossos corações e aceitarmos o risco de mudar nossas relações, não teremos um futuro como o passado". Ao invés disso, teremos um novo futuro. E aos jornalistas reiterou a vocação, além da fé pessoal, de "ampliar os espaços de liberdade na vida dos seres humanos". O seu é um compromisso de libertação.
O convite final do Prepósito jesuíta é "caminhar não apenas com nossos amigos, mas também com aqueles que estão às margens, aqueles que são deixados de lado". E caminhar "com os jovens que podem nos ensinar, com os velhos que podem nos aconselhar". Agora que sentimos a nossa "fragilidade" e a dos nossos semelhantes, das nossas casas, das nossas instituições e "nossas relações", esperemos que isso nos torne mais capazes de "receber e dar amor". E o desejo do Padre Arturo Sosa é que 2022 "possa ser um ano de aventura, de visão, de imaginação e de ação concreta para realizar o novo mundo que o Papa Francisco nos chama a imaginar".
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Prepósito Geral dos Jesuítas: que a nossa nova fragilidade nos leve a amar mais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU