08 Setembro 2021
No novo relatório da ONU sobre os campos de detenção, horrores e abusos também contra crianças.
A reportagem é de Nello Scavo, publicada por Avvenire, 04-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O novo relatório da ONU sobre a Líbia é um contínuo ato de acusação. Com o Secretário-Geral Antonio Guterres denunciando "as contínuas restrições ao acesso humanitário e ao monitoramento por agências humanitárias no oeste da Líbia". Nenhuma misericórdia nem mesmo para as crianças. "O Fundo das Nações Unidas para a Infância relatou que as crianças - escreve Guterres em seu último dossiê (Unsmil) - continuaram a ser detidas arbitrariamente em centros de detenção em Trípoli e arredores, sem acesso a proteção e serviços básicos e sanitários e sem recurso a assistência jurídica ou ao justo processo, e muitas vezes são detidas com adultos. Quase não há distinção entre homens uniformizados e traficantes. “Mulheres migrantes e refugiadas continuaram a enfrentar um alto risco de estupro, assédio sexual e tráfico por grupos armados, contrabandistas e traficantes transnacionais, bem como funcionários da Diretoria de Combate à Imigração Ilegal do Ministério do Interior”.
As constantes proibições às agências da ONU, que são impedidas de inspecionar os campos de detenção, são motivadas pelo desejo de ocultar os fatos. “Em junho, a UNSMIL documentou episódios repetidos de violência sexual perpetrada – consta no relatório - contra cinco garotas somalis com idades entre 16 e 18 anos”. Os abusos ocorreram em instalações oficiais por agentes e militares líbios. Até 14 de agosto, a guarda costeira da Líbia interceptou e levou de volta ao país 22.045 migrantes e refugiados, com 380 mortes confirmadas e 629 pessoas consideradas desaparecidas. “Mas o aumento do número de migrantes e refugiados repatriados levou a um maior número de pessoas detidas arbitrariamente nos centros de detenção oficiais da Direção de Combate à Imigração Ilegal, sem um controle judicial e submetidas a tratamento e condições desumanas”, insiste Guterres. Não há tentativa de prevenir crimes que os esperam, mas "tortura, violência extrema, abusos sexuais e acesso limitado a alimento, água, serviços higiênicos e assistência médica, em alguns casos resultando em morte ou lesões". No início de agosto, os prisioneiros eram 5.826 migrantes, ante 1.076 declarados em janeiro.
Para as milícias, o abastecimento de seres humanos é essencial para marcar a própria presença tanto nas mesas de negociação internas quanto nas negociações com a UE com base nos barcos. Mais uma vez, o clã de Zawyah é a escola, onde os homens do Comandante Bija e dos irmãos Kachlav nunca perdem a oportunidade de enfrentar o desafio.
E enquanto nas ruas volta-se a lutar, entre brigas e acertos de contas como aqueles que aconteceram mais uma vez ontem em Zawyah, o ódio é fomentado. “Durante o período do relatório, a Unsmil documentou - relata Guterres no dossiê enviado ao Conselho de Segurança - um aumento nas declarações públicas contra migrantes e refugiados, bem como incidentes xenófobos contra estrangeiros”. Foi suficiente um certo número de trabalhadores subsaarianos protestar contra a impunidade garantida aos xenófobos para a eclosão das desordens. “Centenas de homens, mulheres e crianças foram presos e levados para um centro de detenção em Zawiyah administrado pela Diretoria de combate à imigração ilegal”. Trata-se precisamente do campo de prisioneiros estatal administrado pelo clã de Bija. Notícias compatíveis com o aumento das partidas daquelas costas.
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Líbia. Inferno em Tripoli, violência sem fim - Instituto Humanitas Unisinos - IHU