24 Agosto 2021
Raimundo Bonfim, da Central dos Movimentos Populares (CMP), afirma que decisão do governo paulista fere alternância estabelecida pela Justiça.
A reportagem é publicada por Mídia Ninja, 23-08-2021.
O governador João Doria (PSDB) definiu que apenas bolsonaristas poderão se manifestar na Avenida Paulista, no próximo dia 7 de setembro, impedindo a realização do tradicional Grito dos Excluídos no local. Os movimentos sociais alegam que a decisão é “incoerente” e representa um “retrocesso” à democracia do país.
De acordo com a Folha de S.Paulo, o governo Doria se apoia numa decisão judicial de junho do ano passado, que a proíbe ocupação da Avenida Paulista por lados políticos opostos no mesmo dia e estabelece a alternância do local.
O coordenador nacional da Central dos Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, diz não reconhecer a decisão da gestão estadual e aponta erros. “A última manifestação contrária ao Bolsonaro, no dia 24 de julho, só teve um pedido de realização, ou seja, não há duplicidade. A última vez que houve um pedido duplo foi no 1º de maio, e os bolsonaristas ficaram com a Paulista. Nós fomos para a Praça da Sé. Então, a gente tem preferência dessa vez”, explicou à RBA.
Segundo o governo Doria, os bolsonaristas poderão utilizar o espaço para se manifestar no dia 7, enquanto no dia 12 de setembro tem um ato programado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua e o Novo “contra Bolsonaro”.
“Doria tenta criar uma falsa narrativa dizendo que destinará a Paulista aos bolsonaristas no dia 7, porque no dia 12 tem um ato contrário. Isso é um bode na sala, é um verniz do Doria para parecer democrático. É uma incoerência e narrativa falsa”, criticou Raimundo.
Grito dos Excluídos
Há 12 anos, a Central dos Movimentos Populares (CMP) e entidades e organizações realizam o Grito dos Excluídos na Paulista. A mobilização ocorre desde 1995, promovida por movimentos sociais e Igreja Católica, e reúne milhares de pessoas em diversas partes do país.
Na última quinta-feira (19), os movimentos populares foram ao Ministério Público do Estado de São Paulo pelo direito de realizar o ‘Grito dos Excluídos’ e os atos ‘Fora Bolsonaro’ na Avenida Paulista, em São Paulo. Na representação, os líderes da manifestação afirmam que o objetivo é que a Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo promova “as medidas administrativas e judiciais necessárias, inclusive a requisição dos protocolos de notificações dos atos e eventos perante à Polícia Militar, para garantir o direito de reunião e manifestação dos autores.”
“Seria um enorme retrocesso judicial e político. Depois de 12 anos, o Grito dos Excluídos sairia da Paulista para dar lugar a uma manifestação antidemocrática com cunho fascista. Por isso, vamos continuar lutando para garantir nosso espaço no local. Em 1984, o então governador Franco Montoro abriu o transporte para o povo paulista participar das ‘Diretas Já’, enquanto ,em 2021, Doria vai levar a avenida para os defensores da ditadura”, acrescentou Raimundo.
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Doria tira Grito dos Excluídos da Paulista e movimentos sociais criticam - Instituto Humanitas Unisinos - IHU