17 Novembro 2020
Entre 2017 e 2019, os governos do G20 investiram 584 bilhões de dólares por meio de transferências orçamentárias, finanças públicas e investimentos no exterior. Trata-se, além disso, da etapa em que os estados mais apoiaram economicamente o petróleo e o gás, que receberam 277 bilhões de dólares, 47% de todos os investimentos fósseis. Apesar de tudo, os dados publicados pelo Instituto Internacional de Sustentabilidade e Desenvolvimento (IISD, em sua sigla em inglês) mostram uma ligeira melhora em relação à média de 2014-2016, com 9% a menos de dinheiro alocado para energias poluentes. O avanço, entretanto, é insuficiente e pode dar em nada devido às políticas econômicas que as grandes potências estão desenvolvendo para enfrentar os estragos da pandemia de covid-19.
A reportagem é de Alejandro Tena, publicada por Público, 15-11-2020. A tradução é do Cepat.
Desde o início da emergência de saúde do coronavírus, os países do G20 promoveram vários fundos de recuperação, dos quais pelo menos 233 bilhões de dólares foram destinados aos combustíveis fósseis. Um dado que se torna mais alarmante do ponto de vista ambiental, se levarmos em conta que os investimentos poluentes superam as finanças verdes, que mobilizaram um total de 146 bilhões de dólares até o momento da epidemia, segundo dados do Energy Policy Tracker (EPT).
Provavelmente, o número seja superior, conforme explicado pelo IISD, já que há uma falta de transparência, comum em todos os executivos do G20, o que impede "quantificar muitas das políticas anunciadas" para enfrentar a crise de covid-19. O que fica claro é que a estimativa do EPT distancia ainda mais as superpotências do cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris, cujo artigo 2.c insta os Estados a "trazerem os fluxos financeiros a um nível compatível" com um cenário de "baixas emissões de gases do efeito estufa". Esse ponto, segundo o próprio tratado internacional, é indispensável para garantir que a temperatura média mundial não suba mais de 1,5 grau.
A balança dos investimentos promovidos a partir da pandemia pelas 20 principais potências do planeta deixa uma cifra de 50,94 dólares per capita destinados ao petróleo, gás e carvão. Frente a isso, os cidadãos desses países investiram indiretamente 31,91 dólares nas denominadas energias verdes.
Por outro lado, o estudo do IISD ressalta que essa redução de 9% nos investimentos poluentes, registrados nos últimos dois anos - além de se ver contrabalançada pelas novas medidas econômicas surgidas após a pandemia - é, por si só, insuficiente para reduzir emissões de gases do efeito estufa em conformidade com as premissas do Acordo de Paris. As potências do G20 são responsáveis por cerca de 80% da poluição do ar global, razão pela qual suas políticas podem inclinar a balança para uma catástrofe climática ou para uma transição justa.
"Os governos estão em meio à implementação de níveis históricos de finanças públicas em resposta à pandemia. Em vez de financiar outra grande crise como a mudança climática, nossos governos deveriam investir em um futuro resiliente”, argumenta Bronwen Tucker, porta-voz da Oil Change International (OCI), a organização que participou do relatório do IISD. "Estamos em um momento crítico para mudar o apoio atual aos combustíveis fósseis para a saúde pública e para uma transição justa para as energias renováveis".
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Para o G20, a saída da crise é voltar aos combustíveis fósseis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU