23 Mai 2020
Devemos todos nos considerar advertidos, mais uma vez, a enfrentar as crises ecológicas e sociais entrelaçadas diante do nosso mundo. Já passou da hora de todos nós enfrentarmos os desafios apresentados pela Laudato si’. A afirmação é do editorial do jornal National Catholic Reporter, 22-05-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Cinco anos depois de o Papa Francisco ter publicado a sua histórica encíclica sobre a crise climática, Laudato si’, “sobre o cuidado da casa comum”, um escritório vaticano emitiu o seu apelo mais ousado até agora para que a Igreja Católica global se torne neutra em carbono e desinvista não apenas nos combustíveis fósseis, mas também em “qualquer atividade econômica prejudicial ao planeta e às pessoas”.
Com o objetivo de alcançar a “sustentabilidade total” ao longo da próxima década, o documento divulgado no dia 16 de maio pelo Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral invoca a urgência da Laudato si’ e situa a sua implementação bem no meio da pandemia que ainda domina o mundo.
“A encíclica pode realmente fornecer a bússola moral e espiritual para a jornada para criar um mundo mais cuidadoso, fraterno, pacífico e sustentável”, diz o documento. “Na verdade, a Covid-19 deixou claro como todos estamos profundamente interligados e somos interdependentes.”
O documento destaca sete públicos aos quais encarrega de cumprir as suas metas ambiciosas, mas necessárias: famílias, dioceses, escolas, universidades, hospitais e unidades de saúde, empresas e fazendas, e ordens religiosas.
“A urgência da situação exige respostas imediatas, holísticas e unificadas em todos os níveis – local, regional, nacional e internacional”, diz o documento. “Precisamos, acima de tudo, de um ‘movimento popular’ a partir de baixo, uma aliança de todas as pessoas de boa vontade.”
Um modesto progresso tem sido feito em algumas frentes. Cerca de 180 instituições católicas em todo o mundo disseram publicamente que vão desinvestir em combustíveis fósseis. Muitas congregações religiosas femininas, há décadas, lançaram extensas iniciativas de proteção do planeta.
Muitas paróquias e dioceses têm estabelecido programas de cuidado da criação, incentivando mudanças de comportamento e de políticas. Houve até algumas instalações de painéis solares.
Mesmo assim, como grupo, os bispos dos EUA trataram com mais frequência a crise climática como algo “importante”, mas não “urgente”, como disse seu ex-presidente no ano passado. As homilias sobre o cuidado da criação continuam sendo poucas e espaçadas. Embora algumas instituições de ensino católicas tenham introduzido o cuidado da criação em seu currículo, muitas não o fizeram.
Há quatro anos, no primeiro aniversário da encíclica, um editorial do NCR anunciava “a emergência de um movimento pelo ambiente liderado por leigos, baseado na comunidade e orientado à ação”.
Grupos como a Aliança Climática Católica e o Movimento Católico Global pelo Clima aumentaram a conscientização e fizeram o seu melhor para mobilizar milhares de instituições e indivíduos católicos tanto nos EUA quanto no exterior.
Mas nada disso está à altura do “apelo urgente a responder à crise ecológica”, emitido por Francisco no dia 3 de março ao anunciar as celebrações do aniversário de cinco anos da sua encíclica. Como ele afirmou em um vídeo de um minuto, ecoando uma mensagem central da Laudato si’: “O grito da Terra e o grito dos pobres não aguentam mais”.
Com o apelo do papa e o mais recente chamado à ação do Vaticano, devemos todos nos considerar advertidos, mais uma vez, a enfrentar as crises ecológicas e sociais entrelaçadas diante do nosso mundo.
Já passou da hora de todos nós enfrentarmos os desafios apresentados pela Laudato si’.
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“Já passou da hora de pôr em prática a Laudato si’” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU