15 Mai 2019
Por trás de sua guerra comercial, Estados Unidos e China lutam pelo domínio tecnológico. Enquanto os estadunidenses estão decididos a conservar sua vantagem sobre os chineses no setor, estes estão desesperados para tomar a dianteira.
A reportagem é publicada por Rebelión, 14-05-2019. A tradução é do Cepat.
O número um mundial em drone civil é um chinês. DJI, fundado em 2006, em Shenzhen (sul), por um jovem apaixonado pelo modelismo, produz 70% dos drones civis do planeta. Não existe concorrente de peso estadunidense, após a empresa californiana GoPro se retirar deste setor. Um controle sobre o setor que apresentou algum problema a Washington: em 2017, o exército estadunidense proibiu o uso de drones DJI por razões de segurança.
No primeiro mapa: localização de Shenzen na China. No segundo: localização de Shenzen na província Guandong. Fonte: ChinaHighlights
Alguns especialistas estão preocupados com o risco de haver um mundo partido em dois por uma “cortina de ferro tecnológica”. Já na China, os BATX (Baidu, Alibaba, Tencent, Xiaomi), aproveitando a proibição de todas as redes sociais e de motores de busca estrangeiros, substituem os GAFA (Google, Apple, Facebook, Amazon) e têm ambições internacionais.
Os gigantes de pagamento com cartão de crédito (Visa, Mastercard, American Express), penalizados na China por uma legislação muito restritiva, estão marginalizados por atores chineses (Alipay, WeChat, UnionPay) e pela tendência a realizar os pagamentos por smartphone.
No setor da geolocalização, a China se afastou do GPS estadunidense e criou seu próprio sistema de navegação por satélite, Beidou (literalmente “Ursa Maior”).
Como garantia de independência estratégica e econômica, apoia-se em uma rede de uns 30 satélites e estará em pleno funcionamento em todo o mundo, a partir do próximo ano.
Pequim conta com seu vasto projeto das Novas Rotas da Seda para convencer os países participantes a utilizar sua tecnologia (Fonte: BrasilNaval.com)
Ser autônomo no âmbito tecnológico e desenvolver suas próprias habilidades. Este é o objetivo do ambicioso programa “Made in China 2025”, que busca converter o gigante asiático em uma potência das novas tecnologias: da indústria aeroespacial às telecomunicações, passando pela robótica, biotecnologia e veículos elétricos.
Pequim almeja a autossuficiência tecnológica em 70% dos componentes e materiais estratégicos para o ano 2025.
Este plano “aterrador”, segundo Washington, complicou as conversas comerciais entre China e Estados Unidos e fortaleceu sua desconfiança mútua.
Durante muito tempo, Washington considerou como uma ameaça o gigante chinês das telecomunicações, por causa do passado de seu fundador, Ren Zhengfei, de 74 anos, ex-engenheiro no Exército chinês, e uma lei em 2017 que exige que as companhias chinesas cooperem com os serviços de inteligência do país.
O governo dos Estados Unidos proibiu que suas agências adquiram equipes da Huawei, por temer que Pequim possa espiar suas comunicações e acessar infraestruturas fundamentais no país. Os Estados Unidos também aumentaram a pressão sobre seus aliados para que proíbam a Huawei em suas infraestruturas de redes.
A diretora financeira do grupo, Meng Wanzhou, durante muito tempo favorita para suceder a seu pai na direção da Huawei, também está na mira de Washington, que a acusa de ter contrariado as sanções contra o Irã. Presa no Canadá em dezembro, Meng Wanzhou pode ter que prestar contas à justiça dos Estados Unidos, proximamente.
Os Estados Unidos rejeitaram a solicitação da China Mobile de entrar em seu mercado de telecomunicações por considerar que seus laços com Pequim ameaçam a “segurança nacional”. Tal decisão demonstra mais uma vez a importância estratégica das telecomunicações e da tecnologia no enfrentamento entre as duas potências.
Segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), os Estados Unidos detêm o primeiro lugar, mantido durante quatro décadas em número de patentes apresentadas internacionalmente, mas podem ser superados pela China em 2020.
Em 2017, data dos últimos dados disponíveis, duas empresas chinesas dominaram o pódio mundial: Huawei (4.024 solicitações) e outro gigante chinês das telecomunicações ZTE (2.965 patentes). A primeira empresa estadunidense estava apenas em terceiro lugar: Intel (2.637).
No dia 07-05-2019, o Instituto Humanitas Unisinos - IHU promoveu o Ciclo de Estudos A China e o Mundo. A (re)configuração geopolítica global. Abaixo, compartilhamos os vídeos das conferências realizadas:
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Uma rivalidade tecnológica por trás da guerra comercial entre Estados Unidos e China - Instituto Humanitas Unisinos - IHU