19 Março 2019
Fui no site do New York Times e na página de entrada há um número enorme de matérias, mas nenhuma menção à visita do Bolsonaro aos Estados Unidos.
Aí fui na página de entrada do site do Washington Post. Mais um monte de matérias e nada do Bolsonaro.
No Wall Street Journal, nada.
Fui no USA Today e no Los Angeles Times para fechar os cincos maiores jornais dos Estados Unidos. Nada.
Fui nos sites da CNN e da MSNBC e nada. Nem mesmo na página sobre América Latina da CNN eu encontrei algo.
Aí pensei que na Fox News, super conservadora, eu encontraria alguma coisa e... nada!!!!!
Resumo da história: para a imprensa dos Estados Unidos a visita do Bolsonaro não tem nenhuma importância. É totalmente irrelevante.
É patético contrastar a importância dessa viagem para nossa imprensa e o governo Bolsonaro com a importância que os gringos deram.
Procura-se: pessoa que acredite sinceramente que Olavo de Carvalho criticando o governo Bolsonaro está "fazendo o jogo da esquerda".
Vocês notam a assimetria? Quando uma pessoa critica um governo "de esquerda" por ser menos de esquerda do que poderia, ou por ser de direita mesmo..., saem dos esgotos gente para dizer "oh, meu deus, você está fazendo o jogo da direita ao criticar o governo".
Já quando Olavo de Carvalho critica o governo Bolsonaro, os mesmos habitantes do subterrâneo rapidamente percebem que Olavo de Carvalho está tentando radicalizar ainda mais o governo Bolsonaro, puxar ele ainda mais para a direita.
Nessa falta de simetria, a direita se radicaliza e a esquerda fica mais e mais recuada. O resultado é o óbvio: o mal menor vai virando mal maior até elegermos Bolsonaro, PSL e o escambau.
Hoje é um dia histórico.
Cedemos o uso da Base de Alcântara para os Estados Unidos.
Passamos a permitir que cidadãos dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão entrem no Brasil sem necessidade de emissão de visto. Mas os cidadãos brasileiros continuarão precisando de visto para entrar nesses países. Foi, portanto, uma decisão unilateral.
Por fim, até onde consegui descobrir, Bolsonaro se tornou o primeiro presidente de um país soberano (sic) a visitar a sede da CIA (agência norte-americana de espionagem), em Langley, próximo a Washington.
Um dia para não ser esquecido.
Com o anúncio do fechamento da loja da Saraiva, Copacabana passa a ter uma livraria especializada em livros de idiomas, uma livraria e dois sebos. Quatro no total.
E 112 farmácias.
Segundo a imprensa especializada, há o temor de que Trump pressione Bolsonaro sobre o veto aos equipamentos da Huawei e que Bolsonaro se sinta intimidado e acabe topando vetar.
Daí parece que membros do governo brasileiro fizeram uma maratona para explicar ao Bolsonaro que catso é 5G e o que significa Huawei.
Mas vale lembrar que, do outro lado, estará o Trump, o sujeito que sugeriu à Espanha colocar um muro no Saara e que recentemente tweetou sobre o 6G.
Ou seja, se servirem grama no jantar vai ser uma festa.
Que mundo!!!
O governo Bolsonaro é a chance de ouro para debatermos o perfil de nossa grande burguesia. Obras como as de Ruy Mauro Marini, Vania Bambirra e André Gunder Frank passaram a ser essenciais.
Essa submissão, essa bajulação caricata ao governo dos Estados Unidos é a expressão pitoresca de uma burguesia de colônia extrativista, dependente e associada, incapaz de gestar nem mesmo um projeto capitalista de pais.
Com o fim do ciclo de industrialização de 30-80, ficou evidente que a hegemonia no interior da grande burguesia brasileira pertence ao setor exportador de commodities e ao sistema financeiro, ambos atrelados ao capital transnacional.
Por detrás do caricato esconde-se uma colônia e sua elite.
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