24 Julho 2018
"Cada pessoa deve ser tratada de acordo com a sua idade cronológica (a correspondência da pessoa a sua idade), e não de acordo com a sua idade psicológica (no caso de ela ser mentalmente mais nova que a sua idade cronológica). Tal premissa é fundamental se queremos criar pessoas maduras, sem arrastar pessoas infantis até o fim do processo formativo", escrevem Pe. Roberto Nentwig, Pe. Matthias Ham e Pe. Fabiano Dias Pinto, que fazem parte da equipe de elaboração do Projeto IDE.
É fato que cresce o número de candidatos com idade mais avançada que procuram o presbitério. É preciso dar uma resposta a esta realidade, bom como considerar que o amadurecimento do jovem é cada vez mais retardado. Como fazer de um jovem, com idade aproximada de 25 anos, ser um presbítero (em grego, ancião), que tenha toda a maturidade humana para enfrentar os desafios do ministério? Certamente, é preciso repensar a formação tradicional destes jovens que prolongam cada vez mais a sua adolescência, além de abrir novos caminhos para as vocações mais maduras.
A convivência de grupos com disparidade de idade cronológica de candidatos ao presbitério não é saudável. Um adulto convivendo o tempo todo com jovens (geralmente em número bem superior) num seminário pode causar regressão e desânimo nos candidatos mais velhos. Neste sentido, afirma a Pastoris Dabo Vobis: não “é possível, e muitas vezes nem sequer é conveniente, convidar os adultos a seguir o itinerário educativo do Seminário Maior” (Pastoris Dabo Vobis 64). Cada pessoa deve ser tratada de acordo com a sua idade cronológica (a correspondência da pessoa a sua idade), e não de acordo com a sua idade psicológica (no caso de ela ser mentalmente mais nova que a sua idade cronológica). Tal premissa é fundamental se queremos criar pessoas maduras, sem arrastar pessoas infantis até o fim do processo formativo.
“Aqueles que descobrem o chamado ao sacerdócio ministerial em idade mais avançada, normalmente apresentam-se com uma personalidade mais estruturada e um percurso de vida caracterizado por experiências diversificadas (...). Como para os demais seminaristas, cuide-se de acompanhar estes candidatos mediante um caminho sério e completo, que, no âmbito de uma vida comunitária, deverá incluir uma sólida formação espiritual e teológica, de acordo com um oportuno método pedagógico e didático que leve em consideração e seu perfil pessoal. Será competência das Conferências Episcopais emanar normas específicas adaptadas à própria situação nacional, avaliando a conveniência de prever um limite para a idade de admissão das vocações supramencionadas e, eventualmente, contemplando a hipótese de erigir um Seminário especial para estes casos” (Ratio Fundamentalis 24).
Há 35 anos (1983) fundou-se na Holanda um Seminário para o acompanhamento de homens adultos vocacionados ao presbiterato, em comunhão com várias dioceses e congregações, aproveitando-se da estrutura do já existente Seminário Maior de Bovendonk, situado na Diocese de Breda, e que passou a sediar um Instituto especial para formar ministros ordenados.
O projeto inclui uma primeira fase de estudos com conteúdos filosóficos e teológicos, em uma formação de quatro anos, mantendo obrigatoriamente a combinação com a permanência em suas profissões seculares. Depois, os alunos deixam suas profissões e passam a residir em uma paróquia, seguindo mais dois anos de formação no Instituto.
Em 2001 também diáconos permanentes passaram a ser preparados em Bovendonk, fazendo surgir duas formas específicas de acompanhamento nos dois últimos anos do processo.
Este tipo de formação com presença não cotidiana, obviamente recebeu críticas e até foi chamado de Seminário para homens velhos. Contudo, teve 175 candidatos entre 1983 e 2008, tendo sido ordenados neste período 101 padres: 78 diocesanos de 7 dioceses e 23 religiosos. Faleceram 5 e apenas 1 deixou o ministério. Nenhum causou escândalo público e muitos trabalham em ofícios de importância em suas dioceses ou famílias religiosas. A média de idade para a ordenação de presbíteros foi entre 43-44 anos de idade e para diáconos entre os 50 anos.
O modelo de Bovendonk é inegavelmente provado e aprovado, sendo inspirador de novas iniciativas. Tomando por base este projeto holandês já consolidado, Dom José Antonio Peruzzo, em comunhão com a equipe formativa da Arquidiocese de Curitiba, fundou o Instituto Discípulos de Emaús (IDE). Trata-se de um instituto para vocações adultas, que oferecerá, a partir de 2019, um processo formativo sem necessidade de residência no Seminário, destinado à formação de diáconos permanentes e presbíteros. O Instituto também está aberto para outras Igrejas Particulares e Famílias Religiosas.
O Reitor do IDE é o Pe. Roberto Nentwig, do clero de Curitiba. Trabalham como assessores e mentores do projeto, os padres Fabiano Dias Pinto e Pe. Matthias J.A. Ham de Ponta Grossa, com a experiência de reitor por 12 anos do Instituto Bovendonk acima mencionado.
O itinerário conta com 4 anos iniciais. Durante esta fase de formação participarão de, aproximadamente, 20 finais de semana no Instituto ao ano. Os trabalhos e estudos dirigidos serão implementados para os intervalos entre os encontros; serão aprovados mediante exame de proficiência filosófica, teológica e pastoral; participarão da vida pastoral e das atividades formativas da sua diocese. Trata-se de um tempo de formação integral, considerando todas as dimensões formativas. A participação nos encontros do instituo, portanto, não são exclusivos para formação acadêmica, embora a mesma também seja considerada. Os alunos deverão, ao mesmo tempo, fazer a sua formação teológica e filosófica fora do instituo. Poderão para isso, contar com os cursos EAD, sem a necessidade de uma formação presencial.
Depois de 4 anos, os candidatos ao diaconato são destinados às ordens. Nesta etapa, os candidatos ao presbiterato devem deixar o emprego para residirem, como estagiários, com um padre em uma paróquia da sua diocese (muitos pormenores ainda devem ser elaborados).
É preciso considerar os dois pressupostos básicos em tal processo: idade e profissão. Como pedir para alguém deixar tudo para entrar no Seminário? Se não desse certo, como recolocar um operário da última hora no mercado de trabalho? Por isso, somente depois do quadriênio comum, e se os responsáveis pelo Instituto e pela Diocese do candidato ao presbiterado estiverem de acordo que o mesmo possa prosseguir no caminho formativo, o aluno será convidado a deixar o emprego e a fazer dois anos de estágio pastoral em uma paróquia de sua diocese.
Nos dois últimos anos, o aluno diocesano irá residir em uma paróquia. Continuará vindo ao Instituo para aulas e acompanhamento em todas as dimensões. Nesta etapa, haverá maior exigência em sua formação pastoral-missionária e inserção na Igreja Particular.
Para candidatos provindos de outras dioceses, a responsabilidade final é do bispo do candidato. Em todo o período de formação há dupla responsabilidade e exige-se harmonia e consentimento em tudo, a respeito do candidato, entre diocese de origem e o IDE.
Para o candidato ao diaconato, pede-se que:
- seja casado;
- tenham vida eclesial comprovada;
- tenha o ensino médio completo (exceções poderão ser concedidas, dependendo do caso);
- seja indicado pelo pároco de sua comunidade, ou ainda pelo padre assessor de uma pastoral ou movimento.
Para o candidato ao presbiterato, pede-se que:
- seja solteiro ou viúvo com idade entre 28 e 48 anos (exceções para cima são possíveis);
- ser empregado ou profissional liberal;
- ser ativo em uma comunidade paroquial;
-tenha o aval do reitor da própria diocese ou superior religioso de uma ordem/congregação;
A todos será exigida a docilidade em deixar-se acompanhar por um diretor espiritual Deve ainda colaborar com uma avaliação psicológica, se os assessores considerarem necessário.
No caso de pessoas fora da arquidiocese de Curitiba, esta é encaminhada para o IDE por um padre designado pelo bispo para avaliação preliminar. Uma pessoa que procura diretamente o IDE será encaminhada para o responsável da sua diocese. Nada será feito sem consentimento diocesano.
O IDE tem sua sede no prédio do seminário Bom Pastor em Curitiba, junto ao Seminário São José: BR 277, km 99, n. 4505.
O instituto está aberto às dioceses interessadas, especialmente as do Regional Sul II. Pessoas Interessados e/ou indicados pelos responsáveis das dioceses podem entrar em contato: pelo endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. (preferencialmente), ou pelos telefones 041-99640.7073 (Lucinete)/ 042-99933.5724 (Pe. Matthias).
Já estão sendo realizados encontros vocacionais para o acompanhamento e discernimento sobre o ingresso de candidatos para 2019.
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Instituto Discípulos de Emaús: uma proposta para vocações adultas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU