22 Junho 2017
As pressões e lutas de poder na Cúria vaticana continuam tentando amargar as reformas esboçadas por Francisco e o C9 para o futuro da Igreja Católica, especialmente no tocante ao controle das finanças dos dicastérios vaticanos. Assim, a Santa Sé acaba de confirmar a renúncia de Libero Milone, primeiro auditor geral das contas do Estado Vaticano.
A reportagem é de Jesus Bastante, publicada por Religión Digital, 20-06-2017. A tradução é do Cepat.
Ainda que não tenham sido esclarecidas as razões da renúncia, que ocorreu ontem mesmo, algumas fontes destacam as dificuldades com as quais Milone se deparou para poder “imergir” com total liberdade nas contas dos dicastérios vaticanos.
Outras fontes apontam a que sua saída supõe um novo baque à figura de George Pell, o “superministro” de finanças vaticanas, que também está na corda bamba. Pelo que parece, os embates com a Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (APSA) foram constantes, produzindo-se atritos a todo momento.
Um dos últimos, por conta da participação da PriceWaterHouse em uma auditoria independente das contas da Santa Sé, solicitada pela APSA com o apoio, aparentemente, da Secretaria de Estado, e que finalmente foi paralisada por decisão de Pell e Milone.
Milone, dirigente com uma ampla experiência internacional em empresas como Wind Telecom e Fiat, foi o primeiro auditor geral do Vaticano, um cargo instituído por Francisco, no dia 24 de fevereiro de 2014, para auditar os dicastérios (ministérios) da Cúria Romana e as instituições vinculadas à Santa Sé.
O auditor geral, que informa diretamente ao Papa Francisco, a cada ano, propõe um programa de revisão ao Conselho para a Economia, com o objetivo de identificar, gerir e organizar as áreas das finanças vaticanas expostas a riscos ou irregularidades, entre outras tarefas.
Em um breve comunicado, a Santa Sé aponta que a renúncia foi aceita pelo Papa e que põe fim, “de comum acordo”, ao seu trabalho. Ao mesmo tempo, o Vaticano aponta que a busca de seu substituto se iniciará “o quanto antes”.
A figura de Libero Milone surgiu nos meios de comunicação, no dia 31 de outubro de 2015, quando se espalhou que alguém havia acessado seu computador com a intenção de roubar arquivos reservados, referentes às finanças vaticanas.
Dois dias depois, as autoridades prendiam o sacerdote espanhol Luis Ángel Vallejo Balda e as relações públicas Francesca Chaouqui, acusados de subtração e divulgação de notícias e documentos reservados, dando início ao julgamento conhecido como Vatileaks 2. Vallejo Balda acaba de encerrar sua condenação e se encontra à espera de destino, que agora depende do bispo de Astorga, Juan Antonio Menéndez.
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Renuncia Libero Milone, primeiro auditor geral das contas da Santa Sé - Instituto Humanitas Unisinos - IHU