04 Setembro 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Mateus capítulo 18,15-20, que corresponde ao 23° Domingo do ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Ao que parece, às primeiras gerações cristãs não lhes preocupava muito o número. No final do século I, eram apenas uns vinte mil, perdidos no meio do Império Romano. Eram muitos ou eram poucos? Eles formavam a Igreja de Jesus, e o importante era viver pelo seu Espírito. Paulo convida constantemente os membros das suas pequenas comunidades a que «vivam em Cristo». O quarto evangelho exorta os seus leitores a que «permaneçam com Ele».
Mateus, por sua vez, coloca estas palavras nos lábios de Jesus: «Onde dois ou três estejam reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles». Na Igreja de Jesus, não se pode estar de qualquer maneira: por hábito, inércia ou por medo. Seus seguidores devem estar «reunidos em seu nome», convertendo-se a Ele, alimentando-se do seu evangelho. Esta é também hoje a nossa primeira tarefa, mesmo que sejamos poucos, mesmo que sejamos dois ou três.
Reunir-se em nome de Jesus é criar um espaço para viver toda a existência em torno dele e a partir de seu horizonte. Um espaço espiritual bem definido não por doutrinas, costumes ou práticas, mas pelo Espírito de Jesus, que nos faz viver com seu estilo.
O centro deste «espaço de Jesus» é ocupado pela narrativa do Evangelho. É a experiência essencial de toda a comunidade cristã: «lembrar Jesus», recordar suas palavras, acolhê-las com fé e atualizá-las com alegria. Essa arte de acolher o evangelho nas nossas vidas permite-nos entrar em contato com Jesus e viver a experiência de ir crescendo como seus discípulos e seguidores.
Neste espaço criado em seu nome, vamos caminhando, não sem fraquezas e pecados, em direção à verdade do evangelho, descobrindo juntos o núcleo essencial da nossa fé e recuperando a nossa identidade cristã no meio de uma Igreja por vezes tão debilitada pela rotina e tão paralisada pelos medos.
Este espaço dominado por Jesus é o primeiro que temos de cuidar, consolidar e aprofundar nas nossas comunidades e paróquias. Não nos enganemos. A renovação da Igreja começa sempre no coração de dois ou três crentes que se reúnem em nome de Jesus.
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Habitar num espaço criado por Jesus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU