16 Junho 2017
Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então Jesus disse a seus discípulos: «A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita». Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade. São estes os nomes dos Doze Apóstolos: primeiro Simão, chamado Pedro, e seu irmão André; Tiago e seu irmão João, filhos de Zebedeu; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. Jesus enviou os Doze com estas recomendações: «Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades dos samaritanos. Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel. Vão e anunciem: "O Reino do Céu está próximo’. Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça!
Leitura do Evangelho segundo Mateus, capítulo 9, 36-10,8. (Correspondente ao 11º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Um olhar de compaixão
A perícope evangélica que lemos começa com um olhar especial de Jesus. Ele vê as multidões e tem compaixão “porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor”.
A compaixão é o ponto de partida da sua atuação. Jesus a vê na debilidade da multidão, no seu abatimento e isso gera compaixão nele.
Esta compaixão que há no olhar de Jesus é a causa de muitas de suas atividades: na sua oração, ele cura as pessoas, aproxima-se delas. É uma multidão que está integrada pelos pobres, carentes, necessitados, aqueles que experimentaram a libertação de Jesus.
Pessoas simples, carentes, que foram desprovidas de seus bens, que são consideradas indigentes, são eles e elas que fazem parte desta multidão! Jesus olha-os como ovelhas e vê nessa multidão um grupo que não tem pastor.
No seu olhar Jesus sente dor pela situação de seu povo, sente seu cansaço e abatimento e dali brotam as palavras que dirige aos discípulos: "A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita".
Nestas palavras percebemos seu desejo de comunicar-lhes seus sentimentos. Não é uma comunicação de palavra, mas uma tentativa de fazê-los partícipes dessa compaixão profunda, de sua dor diante desse povo abandonado. Eles, os pobres, são os destinatários da missão de Jesus e “comove-o até as entranhas”.
Ele contempla as pessoas, e em sua maneira de se aproximar do povo está já fazendo realidade o Reino que ele anuncia: o Amor misericordioso do Pai!
Disse Ernesto Cardenal numa entrevista publicada por El País, “Em um mundo de ricos e pobres como é o mundo há dez mil anos (não desde que houve humanidade, mas desde que houve civilização), o Deus de Jesus é o Deus dos pobres. Muito bom o que dizia Santa Teresinha do Menino Jesus: "Quanto mais pobre sejas, mais Jesus te amará". E ela dizia isso no sentido de ser pobre em virtudes, pobre em méritos e em qualquer outro aspecto, o oposto de como os políticos costumam se sentir". (Disponível em: "Francisco é melhor do que poderíamos ter sonhado". Entrevista com Ernesto Cardenal)
Voltando ao nosso texto, lemos que em seguida Jesus “chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade”.
No chamado, Jesus lhes dá um poder especial dirigido a um destinatário específico. Os pobres, os desprezados de todos os tempos, os marginalizados que padecem todo tipo de injustiças – sociais, culturais, religiosas – são o destinatário do “olhar de compaixão” que os seguidores e seguidoras de Jesus devem ter na sua participação da missão de Jesus.
Como discípulos missionários são chamados a olhar com Jesus nosso mundo hoje? O que Ele nos mostra? O que Ele sente?
Somos capazes de sentir como Ele, ter um olhar cheio de misericórdia e compaixão?
Jesus convida-nos a ser colaboradores/as e continuadores/as de sua obra de salvação. Para isso precisamos olhar desde o coração o mundo no qual vivemos e assim estabelecer um diálogo frutífero e transformador entre as pessoas e o Evangelho.
Numa entrevista sobre o Ano Santo da Misericórdia, disse o Papa Francisco: “Eu senti que Jesus quer abrir a porta do Seu coração, que o Pai quer mostrar as Suas entranhas de misericórdia e, por isso, nos manda o Espírito: para nos mover e para nos demover. É o ano do perdão, o ano da reconciliação. Por um lado, vemos o tráfico de armas, a produção de armas que matam, o assassinato de inocentes dos modos mais cruéis possíveis, a exploração de pessoas, menores, crianças: está se cometendo – permita-me o termo – um sacrilégio contra a humanidade, porque o homem é sagrado, é a imagem do Deus vivo. Eis, o Pai diz: "Parem e venham a mim". Isso é o que eu vejo no mundo. (Disponível em: O tempo da misericórdia é agora. Entrevista com o Papa Francisco)
Peçamos ao Senhor ter seu olhar porque só assim descobriremos os gritos desta cultura, seus brotos de vida e esperança, seus desafios, suas riquezas e falências.
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