10 Março 2014
Transfiguração - Rafael (1517-1520)
Fonte: Museus Vaticanos
Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, os irmãos Tiago e João, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transfigurou diante deles: o seu rosto brilhou como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisso lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com Jesus.
Então Pedro tomou a palavra, e disse a Jesus: "Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias". Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra, e da nuvem saiu uma voz que dizia: «Este é o meu Filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz».
Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito assustados, e caíram com o rosto por terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: "Levantem-se, e não tenham medo". Os discípulos ergueram os olhos, e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus.
Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes: "Não contem a ninguém essa visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos".
(Correspondente ao 2º Domingo de Quaresma, ciclo A do Ano Litúrgico.)
No segundo domingo de Quaresma, somos convidados/as a refletir à luz do evento da Transfiguração de Jesus.
Isso tem um sentido muito profundo, já que neste tempo estamos "subindo" com Jesus para Jerusalém, onde Ele coroará sua fidelidade ao projeto do Pai.
Em busca de força para o trecho final de seu caminho, Jesus sobe a montanha. É no silêncio que mais brilha a relação de intimidade com seu Pai, segredo de sua ousadia e fidelidade até o extremo.
Conhecedor da fraqueza de seus amigos e amigas, não vai sozinho a esse encontro, leva três deles: Pedro e os irmãos João e Tiago. Quer que também eles gozem do alento de vida e paz que vem de Deus.
O evangelista nos diz que o rosto de Jesus brilhou como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. O que nos remete logo às palavras do profeta Isaías: "Não será mais o sol a luz do teu dia, nem será a lua que vai te iluminar à noite; o próprio Senhor será para ti luz permanente, e o teu brilho será o teu Deus" (Is 60, 19).
Os discípulos participam antecipadamente da glória de Deus, na qual Jesus penetrará e partilhará com toda a humanidade através de sua morte e ressurreição.
Poderíamos dizer que este acontecimento é como um chamado de atenção que Jesus quer fazer aos seus amigos/as. Tendo-lhes anunciado que ia a caminho de sua paixão, mostra-lhes que o fim não é a morte, e sim o cumprimento das promessas de Deus.
Esta experiência de comunhão com Deus, na qual se sentiram envoltos os discípulos, foi tão boa que Pedro, em nome dos outros, exclama: "Senhor, é bom ficarmos aqui".
Seguindo os passos destes discípulos, peçamos a Jesus que neste domingo, e ao longo desta semana, "faça resplandecer sobre nós a sua face" (Sl 66,2). Que possamos reconhecer a humanidade de Jesus como divindade de Amor.
Assim, também nós poderemos irradiar aos que nos rodeiam a luz, o calor vital que de Deus recebemos. Junto com os discípulos somos convidados/as a descer para ir ao encontro das irmãs e dos irmãos.
Mas, para saber com clareza qual é o caminho a seguir na descida, a voz de Deus se faz escutar: "Este é o meu Filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz".
Sim, Jesus é o caminho que o Pai nos apresenta para percorrer, ou melhor, para assumir sua proposta como estilo de vida. O jeito de fazê-lo é escutá-lo, tomá-lo como nosso Mestre e amigo de caminho e deixar que suas palavras continuem nos iluminando, conduzindo e transfigurando.
Por isso peçamos ao Senhor que, neste tempo de Quaresma, todas as manhãs, faça nossos ouvidos ficarem atentos para que possamos ouvir como discípulos/as e, como o profeta Isaías, não coloquemos resistência à sua voz (50, 4b,5).
Dessa maneira, nossa vida irá se conformando à vida de Jesus e poderemos ser instrumentos de sua paz num mundo de tanta violência; de sua comunhão num mundo tão dilacerado pelas injustiças; sinais de vida e esperança num mundo sedento de sentido.
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
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Evangelho de Mateus 17,1-9 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU