James Cone (1939-2018) In Memoriam

James Cone | Foto: Union Theological Seminary de Nova York

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

28 Mai 2018

Em memória do teólogo afro-americano James Cone, que morreu recentemente (28 de abril de 2018), publicamos a seguir alguns trechos das páginas que ele dedicou à Antologia del Novecento teologico (Antologia do século XX teológico), editado por Rosino Gibellini.

O extrato de textos é publicado por Teologi@internet, 25-05-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

A teologia negra (black theology) não é a teologia africana, mas a teologia dos negros que vivem em estado de segregação e em situações de marginalização numa sociedade racista branca. É uma realidade da cultura negra e das igrejas negras nos Estados Unidos, com uma extensão no Caribe, no Brasil e na África do Sul. A teologia negra é, portanto, conectada com a experiência desumana do racismo. Como a teologia latino-americana da libertação parte da experiência histórica da dependência e de pobreza e como a teologia feminista parte da experiência do sexismo machista, assim a teologia negra parte da experiência histórica da escravidão e da segregação racial. A teologia negra encontrou a sua primeira expressão no importante livro ‘Uma teologia negra da libertação’ (Claudiana, Torino, 1973) escrito pelo teólogo metodista afro-americano James Cone, do Union Theological Seminary de Nova York.

O racismo como heresia, de James Cone

A questão é clara: o racismo é a negação absoluta da encarnação, e, portanto, do cristianismo. Portanto, as igrejas de denominação branca não são mais cristãs. São expressão da vontade de tolerar e perpetuar esse estado de coisas.

A antiga distinção filosófica entre qualidades primárias e secundárias de um objeto fornece uma analogia a esse propósito: de fato, apenas as qualidades primárias constituem a essência das coisas. Falando da igreja, a comunhão e o serviço são qualidades primárias, sem as quais a "igreja" não é a igreja. Ainda podemos dizer que uma comunidade é cristã se é racista de cima a baixo? A minha tese é que o racismo implica ausência de comunhão e de serviço, e estas são qualidades primárias, "notas" indispensáveis da igreja. Ser racistas significa colocar-se fora da definição da igreja.

A questão racial é para o nosso tempo o que a controvérsia ariana foi para o século IV. Atanásio percebeu perfeitamente que ao tolerar o ponto de vista de Ário, o cristianismo estava perdido. Poucos homens de igreja brancos, no entanto, se questionaram se o racismo seria uma renegação de Cristo análoga àquele.

Leia mais