10 Novembro 2017
“Força. Você é um exemplo de vida”. Após ouvir essas palavras, Maximiliano Acuña não pôde conter as lágrimas. Já havia ouvido isto outras vezes, mas esta era especial. Eram palavras ditas pelo próprio Papa, enquanto o abraçava na Praça São Pedro. Com esse encontro, Francisco cumpriu uma promessa. Em julho, havia telefonado para este catador argentino, vítima de um trágico acidente, e havia lhe lançado: “Precisamos nos conhecer. Se não vou à Argentina, você vem ao Vaticano”.
A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez, publicada por Vatican Insider, 09-11-2017. A tradução é do Cepat.
“Foi um encontro muito grandioso, após uma situação difícil em minha vida, tive um acidente grave e tive um encontro grandioso com Deus. Hoje, recordei aquele momento quando vi o Papa. Fez-me recordar quando estive lá no céu e voltei, deram-me uma segunda oportunidade”, contou Acuña, emocionado, poucos minutos após estar frente a frente com Jorge Bergoglio.
Acompanhado por uma delegação do sindicato de caminhoneiros, Maxi chegou cedo na Praça São Pedro. Era o protagonista do dia. Ansioso, tirava fotos e não deixava de admirar cada detalhe. O grupo, encabeçado pelo líder sindical Pablo Moyano, foi colocado na primeira fila, um lugar preferencial.
Após sua catequese semanal, Francisco caminhou para saudar os enfermos e se aproximou da comitiva. Imediatamente, inclinou-se para abraçar Maxi. “Desejou-me força, que ainda há muito caminho pela frente, que sou um exemplo de vida e que siga adiante”, disse Acuña. E recordou a surpreendente ligação telefônica do Papa, naquela segunda-feira, 17 de julho.
Naquele dia, estava chegando à Legislatura de Buenos Aires para uma homenagem. Quatro meses antes, em uma madrugada, cumpria seu trabalho de catador de lixo pela cidade, quando um carro em alta velocidade bateu nele e contra seu caminhão, obrigando os médicos a lhe amputar as pernas. Decidiu enfrentar a situação por causa de seus cinco filhos. Como reconhecimento a seu exemplo, foi estabelecido o dia 22 de março como Dia do catador de lixo, graças ao projeto de lei incentivado por Gustavo Vera, parlamentar e amigo de velha data do Pontífice.
“O Papa tinha me telefonado na Argentina, concedeu a sua bênção e me animou muito. Disse-me que se ele não ia lá, que viesse eu. Hoje, este sonho que eu tanto esperava foi realizado. Para mim é muito grande, além da fé, estar aqui no Vaticano e que ele nos receba”, contou.
Ao final do cumprimento, Acuña pediu ajuda para utilizar as próteses com as quais, logo, espera voltar a caminhar. “Quis parar para uma foto e foi muito emocionante porque demonstra a mim mesmo que eu posso e que espero, algum dia, voltar e caminhar como Deus me prometeu”, ressaltou.
O Pontífice dedicou bastante tempo para cumprimentar e brincar com cada um dos integrantes da delegação de caminhoneiros. Trocou algumas palavras com Pablo Moyano, perguntou-lhe por seu pai, pelo sindicato e sobre como andavam as coisas. “Bom, estamos lutando contra a reforma trabalhista que vem”, disse o líder, referindo-se ao projeto de lei incentivado pelo governo do presidente Mauricio Macri. Bergoglio ouviu atento, mas não fez comentários a respeito.
Em seguida, Juan García Longui, responsável por um refeitório no bairro portenho de La Boca, entregou-lhe um quadro com algumas fotos desse trabalho social e Francisco ficou interessado. Entre outras coisas, disse-lhe que há dois meses e meio houve um incêndio em um pensionato da região, no qual morreram quatro pessoas, entre elas três menores. Os atingidos foram atendidos no refeitório.
O Papa levou alguns presentes, entre eles um caminhãozinho de brinquedo como símbolo dos associados do sindicato e duas placas comemorativas. Abençoou uma criança, a vários objetos, assinou uma bandeira e tirou uma foto com todos, duas vezes.
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A promessa cumprida do Papa a um catador argentino - Instituto Humanitas Unisinos - IHU