20 Outubro 2017
"Toda Comunidade, para ser cristã, deve ser “de base”, ou seja, inserida na vida do povo. Por isso, as CEBs, além de ser “um jeito novo e, ao mesmo tempo, antigo de ser Igreja”, são também - ao menos como Utopia - “o jeito de toda a Igreja ser”, na diversidade de seus carismas e ministérios", escreve em artigo Frei Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) e professor aposentado de Filosofia (UFG).
Segundo os Documentos de Medellín - a “Carta Magna” da Igreja na América Latina e Caribe - as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) são “o primeiro e fundamental núcleo eclesial” ou “a célula inicial da estrutura eclesial (XV, 10). A Paróquia é “um conjunto pastoral unificador das Comunidades de Base” (XV, 13).
Trenzinho da CEBs (Foto: Arquidiocese de Londrina)
As CEBs “são uma forma de vivência comunitária, de inserção na sociedade, de exercícios do profetismo e de compromisso com a transformação da realidade, sob a luz do Evangelho” (Doc. 105, nº 146).
Toda Comunidade, para ser cristã, deve ser “de base”, ou seja, inserida na vida do povo. Por isso, as CEBs, além de ser “um jeito novo e, ao mesmo tempo, antigo de ser Igreja”, são também - ao menos como Utopia - “o jeito de toda a Igreja ser”, na diversidade de seus carismas e ministérios.
"Como Cristo, por sua Encarnação ligou-se às condições sociais e culturais dos seres humanos com quem conviveu, assim também deve a Igreja inserir-se (encarnar-se) nas sociedades, para que a todas possa oferecer o mistério da salvação e a vida trazida por Deus” (Conc. Vatic. II. A atividade missionária da Igreja - AG 10).
“Para desempenhar sua missão (ser ‘Igreja em saída’) a Igreja, a todo momento, tem o dever de perscrutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho, de tal modo que possa responder, de maneira adaptada a cada geração, às interrogações eternas sobre os significados da vida presente e futura e de suas relações mútuas. É necessário, por conseguinte, conhecer e entender o mundo no qual vivemos, suas esperanças, suas aspirações e sua índole frequentemente dramática" (Conc. Vat. II. A Igreja no mundo de hoje - GS 4).
"A fé esclarece todas as coisas com luz nova. Manifesta o plano divino sobre a vocação integral do ser humano. E por isso orienta a mente para soluções plenamente humanas" (GS 11).
Depois do 13º Intereclesial das CEBs (os Intereclesiais são Encontros nacionais de CEBs), em Juazeiro do Norte (Diocese de Crato) - CE (7-11/01/2014), o Trenzinho das CEBs retomou a sua viagem rumo a Londrina - PR, onde chegará em janeiro próximo, para o 14º Intereclesial (23-27/01/2018).
O tema do Encontro é “CEBs e os desafios do mundo urbano” e o lema “Eu ouvi os clamores do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex 3, 7).
14º Interclesial das CEBs (Arquidiocese de Londrina)
“Deus escuta o clamor do povo que sofre opressões no mundo urbano e convoca as CEBs a participar - junto a todas as pessoas de boa vontade - de sua libertação. Esta é a intuição profunda que une o tema e o lema do 14º Intereclesial”. Os desafios são muitos e grandes “diante do que representam as forças sociais, políticas, econômicas e culturais que estão na raiz das opressões sofridas pelos pobres nas cidades”.
As CEBs aceitam os desafios “por acreditarem que Deus envia o Espírito que ilumina e fortalece quem, no seguimento de Jesus, luta pela Justiça e pela Paz”. A principal força das CEBs é a Fé em Jesus Cristo Libertador. “Elas sabem que a Fé só ganha eficácia na medida em que é a inspiração profunda para a ação transformadora do mundo”.
O 14º Intereclesial das CEBs “deverá ser um momento privilegiado de experiência do Espírito que ‘renova a face da Terra’, mas também um momento de
reflexão e de troca de saberes que conduzam a ações capazes de atender o clamor do povo que sofre opressões”.
O Texto-Base do 14º Intereclesial é um valioso subsídio para “uma adequada preparação das Comunidades que se farão representar no Encontro” (Texto-Base, p. 5). O método usado é “ver-julgar-agir” (“analisar-interpretar-libertar”).
Na viagem rumo a Londrina, o Trenzinho das CEBs fez e ainda vai fazer diversas paradas em todo o Brasil para Encontros locais, diocesanos e regionais de CEBs, cujos objetivos são: partilhar, com os irmãos e irmãs, as experiências comunitárias de vida e missão das CEBs; aprofundar o tema do 14º Intereclesial; e preparar os representantes das Comunidades para o Encontro.
Neste ano, no Regional Centro-Oeste, tivemos, além de diversos Encontros locais e diocesanos, o Oestão das CEBs na Diocese de Uruaçu (21-24/04/2017), que reuniu cerca de 120 pessoas dos Regionais Oeste I (Mato Grosso do Sul), Oeste II (Mato Grosso) e Centro-Oeste (Goiás e Distrito Federal) da CNBB.
Teremos também, neste fim de semana (20-22/10/17), o Mini-Intereclesial das CEBs (os Mini-Intereclesiais são Encontros Regionais de CEBs), na Região Noroeste de Goiânia, Paróquia Nossa Senhora da Terra, da qual tenho a alegria de ser um dos Animadores. A Paróquia é uma rede de cinco Comunidades: Nossa Senhora da Terra (que deu o nome à Paróquia e se tornou uma referência), Jesus de Nazaré, Nossa Senhora da Vitória, Maria Mãe Santíssima e Nossa Senhora da Paz.
Algumas informações sobre o Mini-Intereclesial das CEBs do Regional Centro-Oeste:
Termino com a bonita “Oração do 14º Intereclesial das CEBs”:
“Ó Deus, Pai misericordioso que amas a todos com coração de Mãe, ilumina nosso caminho para o 14º Intereclesial de CEBs, para que nos sintamos corresponsáveis pela criação com tantos irmãos e irmãs que procuram uma espiritualidade de comunhão, verdadeiramente eclesial, no seguimento de Jesus, na opção pelos pobres, pelo ecumenismo e pela ecologia, especialmente, no mundo urbano com os desafios específicos das políticas públicas e de bem comum. Senhor envia o teu Espírito sobre nós. Que saibamos responder nesta hora da graça aos apelos do teu povo e façamos do Intereclesial um Pentecostes desde a base, sempre animados pela multidão de testemunhas do Reino. Nossa Senhora Aparecida, interceda por todos nós e por uma Terra sem males, sinal do Reino. Amém, Awere, Axé, Aleluia” (Pedro Casaldáliga).
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A principal força das CEBs: a Fé em Jesus Cristo Libertador - Instituto Humanitas Unisinos - IHU