05 Outubro 2017
O Papa anunciou que de 19 a 24 de março de 2018, em vista do Sínodo dos bispos sobre os jovens, de outubro desse mesmo ano, realizará uma reunião “para a qual estão convidados jovens provenientes de diferentes partes do mundo: tanto jovens católicos, como jovens de diferentes confissões cristãs e outras religiões, ou não crentes”, porque, disse durante a Audiência geral deste dia 4 de outubro de 2017, na Praça São Pedro, “a Igreja quer se colocar em escuta da voz, da sensibilidade, da fé e também das dúvidas e as críticas dos jovens”. Durante a catequese de hoje, Francisco disse que o cristão não é “lamuriento”, nem “mal-humorado”, como também não é, citando João XXIII, “um profeta da desgraça”.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 04-10-2017. A tradução é do Cepat.
“Desejo anunciar que, de 19 a 24 de março de 2018, foi convocada pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos uma reunião pré-Sinodal para a qual estão convidados jovens provenientes de diferentes partes do mundo: tanto jovens católicos, como jovens de diferentes confissões cristãs e outras religiões, ou não crentes”, disse o Papa. “Esta iniciativa faz parte do caminho de preparação para a próxima Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que terá como tema Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, em outubro de 2018. Com este caminho, a Igreja quer se colocar na escuta da voz, da sensibilidade, da fé e também das dúvidas e as críticas dos jovens. Devemos escutar os jovens. Por isso, as conclusões da Reunião de março serão transmitidas aos Padres sinodais”.
O Papa prosseguiu com seu ciclo de catequese dedicado à esperança cristã e recordou que os cristãos são chamados a ser “missionários da esperança, hoje”: “Estou alegre em o fazer em inícios do mês de outubro, que na Igreja é dedicado particularmente à missão, e também na Festa de São Francisco de Assis, que – recordou o Papa, suscitando os aplausos dos fiéis que estavam presentes na Praça São Pedro – foi um grande missionário da esperança! De fato – prosseguiu – o cristão não é um profeta da desgraça”.
Como se sabe, a expressão “profetas da desgraça” foi utilizada pelo Papa João XXIII, quando inaugurou o Concílio Vaticano II, ao se referir às “vozes de alguns que, apesar de estar acalorados em zelo pela religião, avaliam os fatos sem suficiente objetividade, nem prudente juízo. Nas condições atuais da sociedade humana, eles não são capazes de enxergar a não ser ruínas e problemas; vão dizendo que nossos tempos, caso se compare com os séculos passados, são completamente piores. Inclusive, chegam a se comportar como se não tivessem nada a aprender da história, que é mestra da vida, e como se nos tempos dos anteriores Concílios tudo procedesse de modo feliz em relação à doutrina cristã, a moral, a justa liberdade da Igreja. A nós nos parece – disse Angelo Roncalli – dever discordar com determinação destes profetas da desgraça, que sempre anunciam o pior, como se incumbisse o fim do mundo”.
Segundo o Papa Francisco, “Jesus não quer discípulos capazes de repetir somente fórmulas aprendidas de memória. Quer testemunhas: pessoas que propaguem esperança com sua maneira de acolher, de sorrir, de amar. Sobretudo de amar, pois a força da ressurreição faz com que os cristãos sejam capazes de amar até mesmo quando o amor parece ter perdido suas razões. Há um “a mais” que habilita a existência cristã e que não se explica simplesmente com a força de ânimo ou com um maior otimismo. É como se os crentes fossem pessoas com um “pedaço de céu” a mais sobre a cabeça, acompanhados por uma presença que alguns não conseguem nem sequer intuir. Desse modo, a tarefa dos cristãos neste mundo é a de abrir espaços de salvação, como células de regeneração capazes de voltar a dar linfa ao que parecia perdido para sempre. Quando o céu está todo nublado, é uma bênção quem sabe falar do sol. Então, o verdadeiro cristão é assim: não lamuriento, nem mal-humorado, mas, sim, convencido, pela força da ressurreição, de que nenhum mal é infinito, nenhuma noite é sem fim, nenhum homem está definitivamente equivocado, nenhum ódio é invencível pelo amor”.
Claro, prosseguiu Francisco, “às vezes, os discípulos pagam caro esta esperança que lhes foi dada por Jesus. Pensemos em todos os cristãos que abandonaram seu povo, quando chegou o tempo da perseguição. Se permaneceram ali, onde era incerto inclusive o amanhã, onde não podiam fazer projetos de nenhum tipo, ficaram com esperança em Deus. E pensemos – acrescentou Jorge Mario Bergoglio – em nossos irmãos e nossas irmãs do Oriente Médio, que dão testemunho de esperança e que oferecem também a vida por este testemunho. Estes são verdadeiros cristãos, levam o céu no coração, veem além, sempre além. Quem teve a graça de abraçar a ressurreição de Jesus, ainda pode aguardar o inesperado. Os mártires de cada tempo, com sua fidelidade a Cristo, relatam que a injustiça não é a última palavra na vida”.
Ao final da Audiência, o Papa saudou, entre outros, a delegação que veio do Cairo, guiada pelo ministro egípcio do Turismo, Yahya Rashid, “para a bênção de um símbolo que descreve a fuga ao Egito na Sagrada Escritura, para escapar da opressão e da injustiça do rei Herodes. Recordo com afeto minha Visita Apostólica a sua terra boa e ao seu povo generoso. Terra na qual viveram São José, a Virgem Maria, o Menino Jesus e muitos outros profetas. Terra abençoada ao longo dos séculos pelo precioso sangue dos mártires e dos justos. Terra de convivência e de hospitalidade, de encontro, de história e civilização. Que o Senhor abençoe todos vocês e proteja seu país, o Oriente Médio e o mundo inteiro de todo mal e de qualquer terrorismo e do maligno!”. Que o exemplo de São Francisco de Assis, disse o Papa, ao final, aos peregrinos italianos, “reforce em cada um de vocês, queridos jovens, a atenção pela Criação. Que sustente vocês, queridos enfermos, aliviando sua fadiga cotidiana, e que lhes seja de ajuda, queridos recém-casados, na construção de sua família sobre o amor caritativo”.
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