13 Março 2017
Hannah Arendt fazendo a lista de compras do supermercado.
Hanna Arendt: "Die titty ist einunddreißig und fünfzig in Sugar Loaf."
(Tradução: A maminha está por 31 e 50 no Pão de Açúcar.)
A campanha de rua mais dura que o governo Temer teve contra si até agora
O desemprego já atinge 13 milhões de pessoas e os bispos e pastores calados. Cumplicidade ou medo?
Um colunista que expressa uma posição política já amplamente representada em um determinado jornal, ao passar pela rotatividade normal de colunistas de qualquer veículo, sai dizendo a interrupção de seu contrato de colunista é uma espécie de grande reação dos setores conservadores do país, como se sua coluna naquele jornal fosse a expressão de, sei lá, uma revolução que está às portas do Palácio de Inverno. Isso é megalômano e pueril. Guilherme Boulos não escreve muito bem e sua leitura da situação política brasileira já está representada na Folha por Laura Carvalho, Gregório Duvivier, Vladimir Safatle, Jânio de Freitas, Celso de Barros, André Singer e outros.
Vou me permitir me usar de contra-exemplo. Escrevi na Revista Fórum três anos. A todo mundo que me pergunta, sempre digo: escrevi lá com toda a liberdade e nunca censuraram uma linha de um texto meu. No momento em que minhas críticas ao governo passaram a ser demais para eles, eles me demitiram, como é direito deles. Saí agradecendo ao Rovai pelo espaço e fim de história. Procure na internet uma linha minha destilando ressentimento contra a Fórum. Não há. E se de pluralismo se trata, há muito mais gente na Folha fazendo o que faz Boulos do que havia na Fórum fazendo o que eu fazia. No entanto, não cabia lá, como não cabe aqui, bater tambor de capitalização política em cima da autovitimização. É só isso.
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Uma economista apresenta -- em um contexto de recessão de longa duração, vinda de um governo que durou 13 anos -- um dado de queda de PIB atribuindo-a ao governo que assumiu em junho do ano cujo PIB está sendo medido. Leva de um colega a acusação de "argumento desonesto intelectualmente", à qual é difícil responder, porque até quem não entende de economia sabe que dizer qualquer coisa sobre dados de PIB atrelando-os a governo que assumiu do meio do ano é forçar extremamente a barra. Especialmente em um contexto de recessão de vários trimestres que vieram na esteira de um governo que ficou lá 13 anos.
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A questão aqui não é criticar ou atacar o Guilherme Boulos ou a Laura Carvalho, pessoas que fazem seu trabalho e com quem tenho bons amigos em comum. A questão é notar, a partir desses dois exemplos – e eu poderia dar outros –, o mais que óbvio a estas alturas: a esquerda está perdendo o debate e não é por culpa da “mídia manipuladora” nem do “golpe”. Está perdendo o debate porque ficou preguiçosa, dependente de argumentos fracos, pouco acostumada a ser questionada mesmo. A esquerda está hoje reduzida a isso: “a Folha me censurou por pressão dos anunciantes e da direita” (Boulos) ou “olha lá o pibinho do Temer” (Carvalho). Sério que não dá pra melhorar? A direita vai mesmo ganhar por W.O.?
Enquete: de qual grupo de trouxas você faz parte na polêmica Karnal?
a) "Que decepção!!!!"
b) "Nunca me enganou!"
c) "Nunca foi filósofo [sic] de verdade, só repete lugares comuns e frases feitas."
d) "Avisa a ele pra investigar melhor o Aécio [que tem foro privilegiado e é julgado no STF]."
Que pensar dessa cena?
O LEANDRO KARNAL acaba de publicar sua explicação da POLÊMICA FOTO e porque ele a tirou do FACE. Como eu fiz alguns comentários a respeito, achei oportuno que quem interessado/a esteja, pudesse ler a justificativa do PRÓPRIO. Ei-la!
LEANDRO KARNAL
Para amigos e interessados
Acho que bons amigos e seguidores pedem com tranquilidade e eu aprofunde temas sobre o jantar que eletrizou o país. As pessoas que me odeiam não precisam, mas as que gostam merecem. Por elas, vamos a eles:
- Sou amigo do juiz Furlan há algum tempo. Temos chance de encontros por este país e ele, muito culto, autor de muitos livros e também autor de coluna para grande público no jornal Metro e Gazeta do Povo, ensina-me muito. Ele é próximo ao juiz Moro e sugeriu um encontro entre nós quando eu estivesse em Curitiba. Encontrei-me com o juiz Moro pela primeira vez na sexta à noite (10 de março) para jantar.
- Tenho imensa curiosidade em conversar com pessoas que fazem parte da história. Como eu disse na página, adoraria ter um jantar com Ciro Gomes, com Maria da Penha, com Maria do Rosário, com Lula e com outras pessoas. Todos me ensinariam bastante sobre sua visão de mundo, o que faria eu pensar muito. Realmente gostaria disto.
- O plano em comum que tenho com o juiz Moro é o fato de que ambos daremos uma palestra na pós graduação da PUC com muitos outros nomes do cenário nacional. Isso estava acertado há meses. Fui vago demais em campo minado.
- Para os que me seguem e gostam, enfatizo que continuo o mesmo, como continuaria pós um encontro com a presidente Dilma (a quem eu tb gostaria de encontrar). Meu interesse pelo mundo é maior do que qualquer outra questão. Continuo um crítico do racismo, da misoginia, da homofobia, um professor interessado de forma apaixonada na educação.
- Claro que todas as pessoas são livres para curtir ou descurtir a página de forma inteiramente livre. Faz parte da opção de cada um. Eu, tal como vocês, sou/somos livres para encontrar quem desejamos e para estar nas páginas que desejamos. Recebi muitas críticas pela foto e muitos apoios, ambos polarizados. Continuo estranhando polarização mesmo, pois acho mais fígado do que cérebro. A política em si me interessa pouco, a partidária menos ainda e volto a insistir no que digo há anos: a corrupção brasileira é um mal generalizado.
- Lamento a polarização no Brasil e lamento o clima que, por poucas explicações minhas, causei. Tomarei mais cuidado e desculpo-me por isto. Quando eu tiver encontros com outras autoridades e pessoas de referência, prometo, guardarei para mim e pra meu debate interno. O momento brasileiro é estranho e há uma vontade nacional de crucificar.
- Todos agora são livres para continuarem gostando de mim ou me odiando. Não há problema nisto. Não voltarei a este tema. Por perceber que errei, deletei o post com a foto feito após algum vinho. Se beber não poste. Sigam livres suas convicções, sem problema algum.
- Sinto-me como Ícaro que mistura vaidade e vontade de conhecer. Isso leva a me queimar por vezes. Quase sempre quero ver as coisas de perto. Já estou em idade para seguir Dédalo. Continuarei como sempre escrevendo, lendo, dando aulas, palestras, vendo exposições e comentando tudo que me encanta neste mundo: arte, literatura, ensino. A quem me perguntar com clareza e desarmado minhas opiniões políticas, eu as darei com a serenidade costumeira, longe da internet onde ninguém mais escuta ninguém neste campo. Como tenho afirmado, o mundo é mais amplo do que qualquer dualismo. Entre concordâncias e discordâncias é possível conversar com pessoas de um amplo espectro político, jurídico e cultural.
- Por fim: eu paguei o vinho. Bom fim de domingo
Leandro Karnal
Dez perguntas que me obcecam. Por Juremir Machado da Silva
Por que tantos jornalistas sempre defendem os governos?
Por que tantos jornalistas sempre atacam sindicatos?
Por que tantos jornalistas se acreditam eleitos abstratos acima do bem e do mal?
Por que tantos jornalistas desqualificam funcionários públicos?
Por que tantos jornalistas defendem a redução do papel do Estado?
Por que somos tão cheios de certezas e tão carentes de dúvidas?
Por que temos mais facilidade para aceitar argumentos economicistas?
Por que tendemos a aceitar a ideia de que Estado, família e empresa são equivalentes?
Por que assimilamos mais discursos de competição que de cooperação?
Por que tendemos a acreditar em meritocracia sem condições equivalentes de disputa?
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