03 Março 2017
O depoimento de Marcelo Odebrecht é didático sobre algo que tenho insistido muito: corrupção no setor público não é apenas uma questão moral, como parte da "esquerda" subitamente passou a defender; trata-se de uma forma de garantir que o Estado seguirá sendo uma ferramenta a serviço do grande capital.
Segundo Odebrecht, R$ 50 milhões do caixa dois repassado à chapa Dilma-Temer foi um pagamento por conta de uma MP sobre o Refis, editada pelo governo e que beneficiou sobremaneira a Braskem, empresa controlada pela Odebrecht.
Ou seja, a Odebrecht pagou por serviços prestados pelo Estado brasileiro.
Pergunta rápida para os defensores de empreiteiras.
Se a Odebrecht pagou R$ 50 milhões por uma Medida Provisória, quanto ela ganhou com isso?
Ou seja, quanto o Estado perdeu?
Os brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupura e o norte-americano Warren Buffett são os controladores da rede de fast food Burger King.
No Brasil geram milhares de empregos.
Acabei de saber, através de funcionário da rede, que boa parte não tem a carteira assinada, trabalham 12 horas por dia e com escala de 4x2. Ou seja, trabalham quatro dias diretos e folgam dois.
Viva a geração de emprego e renda!!!!
No exato instante em que a "esquerda" deixou de criticar as péssimas condições de trabalho da construção civil para defender as empreiteiras como geradoras de emprego, essa "esquerda" passou a negar tudo pelo qual sempre lutamos.
A partir de agora, o importante é gerar emprego. Se é mal remunerado, se não tem seus direitos trabalhistas respeitados, se as obras são superfaturadas, se há corrupção... tudo isso não importa.
Em breve estaremos defendendo o agronegócio.
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