19 Outubro 2016
Além de um McDonald’s, também um Hard Rock Cafe. Desta vez, não localizado, como o fast food, em uma praça lateral em relação ao Vaticano, a praça da Cidade Leonina. Mas sim em plena Via della Conciliazione, onde, antigamente, havia as lojas da Libreria Elledici, a editora de Dom Bosco. "Por enquanto – disse Hamish Dodds, CEO do Hard Rock – abriremos apenas uma loja de camisetas e recordações musicais." No futuro, ninguém sabe.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 18-10-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A um passo da Praça de São Pedro, portanto, na grande rua onde milhares de fiéis participam da missa durante as celebrações mais lotadas e se movem em procissão rumo à Porta Santa, surgirá um dos marcos simbólicos da globalização. No número 28, já há um painel branco que avisa que as antigas lojas dos salesianos e hoje de propriedade da APSA, a Administração do Patrimônio da Sé Apostólica, estão em fase de reforma em nome do Hard Rock Cafe Italia.
É difícil saber se o Papa Francisco está ciente de tudo isso. É difícil saber se ele está informado sobre o fato de que, a dois passos de onde ele profere as mais belas homilias sobre a Igreja pobre e para os pobres, a APSA opte por uma escolha que, como declarou o cardeal Elio Sgreccia, presidente emérito da Pontifícia Academia para a Vida, sobre o McDonald’s, é, "para dizer o mínimo, discutível, aberrante, em nada respeitosa das tradições arquitetônicas e urbanísticas". Deixando claro que, mesmo neste caso, como explicou há alguns dias o cardeal presidente da própria APSA, Domenico Calcagno, tudo certamente vai ser feito "no respeito pela lei". Mas, nunca como neste caso parece valer a máxima de São Paulo: "A letra mata, o Espírito vivifica".
Do outro lado do Rio Tibre, não são poucos aqueles que apontam para um paradoxo: durante meses, o Vaticano fez uma guerra contra a feira que surgia justamente na Via della Conciliazione, a massa de vendedores ambulantes que lotavam as áreas adjacentes à Praça de São Pedro. Diversos expoentes da Cúria Romana lamentaram, explicando que eles invadiam uma área que "tem uma dimensão universal e simbólica, cara para um bilhão e duzentos milhões de cristãos ao redor do mundo".
No entanto, hoje, depois de mandar embora os ambulantes, eles dão lugar a esses exercícios comerciais que "destoam – dizem – do mesmo modo de toda a área". "Você sabe, o rock é satânico. Quando eu passar lá na frente, vou lançar uma bênção", brinca o padre Vincenzo Taraborelli, sacerdote exorcista de Santa Maria in Traspontina.
"Brincadeiras à parte, é triste, porque essas lojas deveriam ser dadas a atividades relacionadas com a Igreja."
A crise nos últimos meses fez com que fossem fechados vários exercícios comerciais históricos da região. Bancos e livrarias abandonaram a Via della Conciliazione e as ruas limítrofes. Em seu lugar, cada vez mais bares e lojas. Tudo isso, muitas vezes, apesar do protesto dos moradores.
Não é nenhum mistério, por exemplo, aquilo que aconteceu na Via dei Cavalleggeri. Acima do novo restaurante Il Giubileo, os moradores do prédio, também neste caso de propriedade da APSA, protestaram por causa do "cheiro de peixe frito" que todos os dias os impede de manter as janelas abertas. A APSA respondeu mandando estender em poucos metros a chaminé, mas sem resolver o problema. E assim também em outros lugares, naquela que está se tornando cada vez mais uma área comercial, entre comércios e lojas da moda.
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Um Hard Rock Cafe ao lado da Basílica de São Pedro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU