Fundo americano de professores passa a controlar 270 mil hectares no Brasil

Fonte: Outras Palavras

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07 Outubro 2016

TIAA tinha metade da Radar, mas Cosan vendeu parte de sua fatia; relatório de 2015 diz que empresa adquiriu terras griladas e que compra de terras era ilegal.

A reportagem é publicada por De Olho nos Ruralistas, 06-10-2016.

A Cosan vendeu fatia não revelada de sua participação – antes metade – na empresa Radar, que administra 270 mil hectares em nove estados (SP, GO, PI, MT, MS, MA, MG, TO e BA). As 555 propriedades agrícolas passam a ser controladas pelo TIAA, um fundo de pensão de professores americanos – e uma das 100 maiores corporações financeiras estadunidenses. O fundo já tinha a outra metade da empresa.

Quem presidia até o mês passado a empresa era Collin Butterfield, que está de mudança para o fundo de pensão da Universidade de Harvard. Ele é um dos líderes do Vem Pra Rua, movimento que participou ativamente da queda de Dilma Rousseff – e que elegeu uma vereadora em São Paulo, Janaina Lima (Novo). Confira aqui: “Líder de Vem Pra Rua sai da Cosan para investir em ativos florestais pela Universidade de Harvard“.

A informação sobre a compra da Radar foi dada pelo Valor Econômico, entre outros veículos, no sábado. Segundo o jornal, o Grupo Cosan – o mais poderoso no setor usineiro – vendeu sua participação por R$ 1,06 bilhão à Mansilla Participações, veículo de investimento do TIAA. O fechamento definitivo da operação depende do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

PODE OU NÃO PODE?

Em novembro de 2015 o TIAA foi acusado, conforme um relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos e da organização espanhola Grain, de comprar irregularmente terras no Brasil. A notícia saiu até no New York Times: “Fundo norte-americano é acusado de comprar terras agrícolas no Brasil“.

Segundo o jornal, o fundo gastou centenas de milhões de dólares para comprar terras no Cerrado: “Em um empreendimento labiríntico, o grupo financeiro americano e seus parceiros acumularam novas terras agrícolas apesar da decisão do governo brasileiro em 2010 de proibir acordos de grande escala desse tipo por estrangeiros”.

A aprovação de lei que autoriza a compra de terras em grande escala por estrangeiros é uma das prioridades do governo Temer e da bancada ruralista no Congresso. O Ministério da Justiça restringe desde 2010, em tese, essas aquisições. Na prática, milhões de hectares já estão nas mãos de multinacionais.

O relatório da Grain e da Rede Social pode ser lido aqui: “A Empresa Radar S/A e a Especulação com Terras no Brasil“.

Ele diz que as fazendas adquiridas no Maranhão e Piauí eram controladas por Euclides de Carli, acusado de ser o “maior grileiro da região”. O Grupo de Carli teria destruído plantações e incendiado a casa de um líder comunitário. O ex-deputado estadual Manoel Ribeiro chegou a dizer publicamente que ele já teria grilado 1 milhão de hectares e mandado matar mais de 70 pessoas.