17 Mai 2016
Uma recente pesquisa conduzida pelo Institut of Politics da Universidade de Harvard fez discutir os meios de comunicação americanos. Dos dados resulta de fato que, nos jovens entre os 19 e os 25 anos, somente 42% dos entrevistados aceita o capitalismo, enquanto a maioria (51%) tem uma opinião negativa.
A reportagem é de Mauro Magatti, publicada por Corriere della Sera, 14-05-2016. A tradução é de Benno Dischinger.
O Washington Post chegou a perguntar-se se a crise não estaria mudando as orientações culturais de nossas sociedades: talvez ante uma mudança geracional destinada a transformar os equilíbrios econômicos e sociais?
É difícil dizer como andarão as coisas. O certo é que os dados da prestigiosa universidade parecem confirmar o que, há algum tempo, assinalam também outros institutos de pesquisa: na cabeça e no coração dos jovens americanos (e europeus) está mudando algo. Estão longíssimos os anos da contestação, mas também os tempos nos quais impopular era a afirmação subjetivista do próprio Eu, e os jovens crescidos na crise – principalmente aqueles dotados de um bom nível de instrução – exprimem sensibilidades novas para a construção de um equilíbrio mais avançado entre o Eu e o Nós, entre a pessoa e o ambiente circunstante. As pesquisas dizem, por exemplo, que as pessoas do milênio amadureceram uma orientação crítica, tanto para o liberalismo desenfreado quanto para o estatismo agressivo.
Convencidos da positividade da economia de mercado, eles pensam, no entanto, que a mesma seja regulada e defendida dos seus próprios excessos e que seja importante o papel ativo que o Estado pode desenvolver para garantir as condições do crescimento. Muito sensíveis ante a questão ambiental, os jovens estão convencidos que o tema deva ser tomado a sério: há pouco tempo para que se possam transferir decisões necessárias para a sobrevivência do planeta. Simplesmente porque sabem que será sua própria geração que deverá suportar os custos de uma culposa inação.
Além disso, os jovens fazem da tolerância um valor fundamental e pensam que a convivência das diversidades deva tornar-se um modo ordinário de conviver. Uma conduta que também os torna abertos ante os migrantes, vistos mais como recurso do que como ameaça. Quem chega é titular do direito de construir para si uma vida melhor. Um direito que os próprios jovens vivem em sua própria pele porque sabem, por escolha ou por necessidade, que as suas possibilidades de vida não estão ligadas ao lugar no qual nasceram. Enfim, a afirmação pessoal não é contraposta às relações sociais.
Para a própria vida os jovens aspiram a desenvolver uma atividade que reconheça as suas capacidades, mas que ao mesmo tempo possa trazer uma vantagem à comunidade na qual vivem, além do puro rendimento econômico ou da pura instrumentalidade. E consideram a qualidade das relações como um ingrediente fundamental para o próprio bem-estar. Uma sensibilidade que nasce de uma experiência fundamentalmente positiva dos elos familiares, ponto de referência seguro e sólido num mundo incerto.
Trata-se, como se pode ver, de um conjunto de orientações dotado de uma clara lógica interna. Uma lógica relacional. É como se a nova geração, diante dos desgastes deixados pelo modelo de desenvolvimento hiper-individualista das últimas décadas, estivesse procurando encontrar um novo modo de pensar o elo com o outro, visto como constitutivo e não como ameaça da própria liberdade. Reconhecendo assim que não existe o Eu a não ser em relação.
Obviamente, as pesquisas não dizem que todos os jovens pensam deste modo. Todavia, elas reconhecem uma orientação prevalente, embora ainda fragmentária e, sobretudo privada de um discurso público capaz de torná-la reconhecível e reproduzível.
Mas, como já aconteceu outras vezes na história (a última vez em 68), também hoje é provavelmente nas orientações destes jovens que se pode entrever uma via para o nosso futuro. Na condição de que, também politicamente, as gerações dos adultos e dos anciãos estejam dispostas a escutar as propostas e as instâncias de quem vivenciou a própria adolescência longe dos mitos do crescimento infinito; isto é, de quem conheceu na própria pele os desgastes e as contradições de um modelo em liquidação.
Assim, com formas, palavras e modalidades novas talvez estejamos na véspera de uma nova mudança de geração. Que, possamos todos augurar-nos, poderia transformar-se rapidamente também numa mudança de paradigma social.
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Os jovens da era da crise que não gostam do capitalismo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU