Por: André | 29 Fevereiro 2016
Um grupo de 10 vítimas australianas de padres pederastas viajou, no dia 26 de fevereiro, ao Vaticano para acompanhar a declaração de seu compatriota, o cardeal George Pell, ante uma comissão do governo australiano, em relação com os abusos sexuais dentro da Igreja católica neste país.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 26-02-2016. A tradução é de André Langer.
As vítimas, que partiram na sexta-feira de Melbourne rumo a Roma, poderão estar na mesma sala que Pell quando este declarar, no domingo, por videoconferência, diante de uma comissão do governo que investiga a pederastia em instituições australianas, informou o canal australiano ABC.
Outras quatro vítimas viajaram alguns dias antes, acompanhadas por uma equipe de psicólogos e médicos.
Várias dezenas de casos de abusos denunciados nas últimas décadas ocorreram em dioceses australianas onde Pell, atual prefeito da Secretaria de Economia da Santa Sé, era padre ou arcebispo entre os anos 1970 e 1990.
Está previsto que o prelado declare neste domingo à noite (dia 28 de fevereiro) no Vaticano perante a Comissão Real sobre a Resposta Institucional aos Abusos Sexuais contra Crianças em Sidney, que investiga os casos de pederastia em instituições públicas, educativas e religiosas.
A viagem das vítimas foi organizada depois que o prelado australiano, que anteriormente declarou até duas vezes perante a comissão, alegara razões de saúde para não viajar nesta ocasião para a Austrália.
Uma campanha pela internet conseguiu arrecadar mais de 200 mil dólares australianos (144 mil dólares) para financiar a viagem do grupo de australianos.
O grupo de vítimas é oriundo de Ballarat, cidade do Estado de Vitória, onde ao menos 14 religiosos foram denunciados por 130 casos de abusos sexuais contra menores desde os anos 1960.
Alguns dos que viajaram a Roma relataram à ABC que esperam que sua presença no Vaticano mova o cardeal a não fugir dos fatos, ao passo que outros temem que uma estratégia excessivamente defensiva e legalista por parte de Pell aumente a sua dor.
David Ridsdale, uma das vítimas, assegura que quando telefonou para Pell em 1993 para contar-lhe que seu tio, um padre, tinha abusado sexualmente dele, o agora cardeal tratou de silenciá-lo.
“Vimos na imprensa acusações de que se trata de uma caça às bruxas contra o cardeal Pell e isso não é verdade. É uma caça pela verdade”, asseverou Ridsdale.
Outros integrantes do grupo são Anthony Foster e sua mulher, cujas filhas sofreram abusos por parte de padres pederastas.
Algumas das crianças que sofreram abusos sexuais nas instituições católicas se suicidaram ao se tornarem adultas ou têm problemas sociais devido aos traumas sofridos.
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Vítimas de abusos sexuais da Austrália vão ao Vaticano para assistir à declaração de Pell - Instituto Humanitas Unisinos - IHU