Por: Jonas | 26 Janeiro 2016
Na Argentina, atualmente, vive-se “uma espécie de totalitarismo informativo, onde por trás da máscara da pluralidade se calou as vozes opositoras e os meios de comunicação – recordando uma frase do Beato Óscar Romero – ‘são vendidos e não dizem a verdade’. Direitos Humanos como o direito à informação e o direito ao salário digno são ignorados. Vivemos um estado policial rodeados de mentiras, ameaças e extorsões. Isto não é uma verdadeira democracia, por mais que os governantes sejam legítimos”, manifesta-se o Grupo de Padres em Opção pelos Pobres. O manifesto é publicado pelo blog Los Dioses están locos, 21-01-2016. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/4X7xQ4 |
Eis o manifesto.
Decorridos os primeiros 30 dias do governo da Aliança Mudemos, sentimos ameaçada nossa paz social, com sério risco à vida do povo trabalhador e em especial dos pobres. Observamos uma atitude de revanche de classe, arrogância intelectual, cinismo e discriminação nas intervenções públicas de muitos servidores públicos, incluindo o Presidente, em relação aos militantes, o governo anterior, a classe trabalhadora, o custo de vida e os demitidos.
Percebemos um notável desprezo pelas instituições, com procedimentos em alguns casos ilegais e em muitos casos antidemocráticos, com uma forte indiferença pelo acordo e o consenso que representa o debate parlamentar, arrasando-se, por exemplo, a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, construída federalmente e aprovada pelas duas câmaras do Congresso e ratificada pela Suprema Corte de Justiça. Como é possível que uma lei aprovada com tanto consenso seja eliminada por um caprichoso DNU (Decreto de Necessidade e Urgência)?
Instalou-se com prepotência um governo de fato, onde as forças de segurança evitam que se cumpra a lei e se tenta impor por decreto, com manifesta parcialidade, a dois Juízes da Suprema Corte, justamente encarregados de administrar uma justiça imparcial. Caminha-se por uma fina linha, a um passo da imoralidade, nomeando para muitos ministérios empresários que até ontem trabalhavam nas empresas que hoje devem controlar. Atender “os dois lados do balcão” pode levar a um conflito de interesses, a um abuso da posição dominante altamente perigosa.
A economia priorizou os interesses dos setores produtivos mais ricos, que possuem fortunas em dólares, as receitas ortodoxas dos organismos financeiros e o absolutismo de mercado acima do pleno emprego, da valorização do salário e a contenção social. Recorre-se à consabida e fracassada receita do ajuste. Estimula-se a especulação financeira e os capitais andorinhas, prejudicando dessa forma, obviamente, a produção e o trabalho nacional, a pequena e média empresa.
Falar de pobreza zero e a promessa de “manter o que foi bem feito” é uma mentira. Recorre-se ao endividamento externo, que só beneficia os credores e será pago com o trabalho dos pobres. Pretende-se uma regulação com os Fundos Abutres, sendo que a ONU apoiou, com o voto de 136 países, que a Argentina não cedesse às pressões desses miseráveis para não comprometer os interesses do país. Sacrifica-se a integração latino-americana, vital para a soberania de nossos povos, e se reinstala uma relação dependente com os Estados Unidos, eterno verdugo de nossos sonhos.
Ajusta-se pelo salário, há demissões massivas e compulsivas, sem revelar os critérios de seleção e sem dizer como criarão novos postos de trabalho. Extorque-se com o medo a perder o emprego para desestimular as negociações paritárias. Caminha-se pela cornija da perseguição ideológica, xeretando nas redes sociais dos trabalhadores, avassalando a privacidade e estigmatizando os demitidos.
Fala-se a partir de um pretenso limbo político, onde o ideal é “não ter ideologia”, algo que simplesmente é uma mentira para absolutizar a própria ideologia e eliminar qualquer outra. Implantou-se uma espécie de totalitarismo informativo, onde por trás da máscara da pluralidade se calou as vozes opositoras e os meios de comunicação - recordando uma frase do Beato Óscar Romero - “são vendidos e não dizem a verdade”. Direitos Humanos como o direito à informação e o direito ao salário digno são ignorados. Vivemos um estado policial rodeados de mentiras, ameaças e extorsões. Isto não é uma verdadeira democracia, por mais que os governantes sejam legítimos.
Falamos em defesa dos pobres e a partir do Povo de Deus, e mais uma vez nos dói o silêncio dos Bispos, que parecem desconectados do sofrimento dos trabalhadores e não percebem que a qualidade democrática está em perigo.
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Padres Operários da Argentina. “Diante desta hora crucial do país” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU