20 Mai 2020
Chicão Xucuru. Brasil, †1998
Chicão Xucuru (Francisco de Assis Araújo) foi vitima de uma emboscada de três pistoleiros do latifúndio, na manhã do dia 20 de maio de 1998. Já escapara de várias tocaias, de ataques planejados pelos fazendeiros.
Em 1995, a mando de fazendeiros, foi assassinado o advogado da Funai, Geraldo Rolim da Mota Filho, que prestava apoio jurídico ao povo Xucuru.
Homem altivo e sereno, amável e inteligente, líder natural que sabia ouvir e orientar, Chicão tinha o poder que manava do reconhecimento e admiração do seu povo Xucuru.
Grande líder da retomada das terras, sua perspectiva era recuperar a terra Xucuru invadida por 181 fazendas, cujos donos em boa parte são compadres e amigos do Marco Maciel, na ocasião vice-presidente da república.
Zenilda, a esposa de Chicão, seus filhos, seu povo, vêm retomando a herança, regada com sangue pelo destemido Chicão, e afirmando a identidade e os direitos do povo Xucuru.
“Para nós, a gente tem a Terra como nossa Mãe. Então, se ela é nossa Mãe, é ela quem nos dá o fruto de sobrevivência, ela deve ser zelada e preservada a partir das pedras, das águas e das matas.
Os latifundiários, principalmente fazendeiros, madeireiros e garimpeiros, vêem a Terra como objeto de especulação, pra vender e ganhar dinheiro, cercar a Terra e criar gado, sugar o suor dos pobres, mas deixar o pobre morrer de fome, não só o índio como outras pessoas...”.
Poema: A mata Escura de Chico Farias/Daniel Macedo
A mata escura guarda um grito
na serra do Ororubá.
A mata escura guarda um grito
na serra do Ororubá.
Grito, lamento infinito
espíritos de índios a vagar,
sementes que brotam de um sentimento
que nos levam a cantar a cantar...
Inconformados ancestrais
que inocentes nos "defenderam"
na Guerra do Paraguai.
E os carés tem que aprender
a verdadeira lição
Ororubá é Xucuru
Ta lá na confirmação quem da fé
é o pai tupã no ritual do toré
Grito, lamento infinito
espíritos de índios a vagar,
sementes que brotam de um sentimento
que nos levam a cantar a cantar...
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.
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20 de maio de 1998 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU