15 Outubro 2012
De 7 a 28 de outubro, várias centenas de bispos se reunirão em Roma a convite de Bento XVI para o Sínodo sobre a nova evangelização. A urgência para encontrar novas maneiras de dizer a fé católica é um fato, mas as soluções a serem inventadas não poderão ser uniformes.
A reportagem é de Sophie Lebrun, publicada no sítio da revista Témoignage Chrétien, 04-10-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"A nova evangelização não é uma resposta à crise de fé". Apresentando o Instrumentum Laboris do próximo Sínodo dos Bispos, em Roma, Dom Nikola Eterovic foi muito claro. Como secretário-geral dessa instituição, será ele quem vai acolher os seus colegas entre os dias 7 a 28 de outubro, que se reunirão para refletir sobre "a nova evangelização para a transmissão da fé cristã". Um desafio que é importante recolher e, principalmente, enfrentar de olhos abertos.
Lendo o documento de trabalho desse evento que marca o início do Ano da Fé, parece que o que está em jogo não será subestimado.
Durante as fases preparatórias, Dom Eterovic salientava: "Fomos surpreendidos pelo fato de que a nova evangelização interessa claramente a todas as Igrejas, e não só as do Norte".
Para Dom Pierre-Marie Carré, secretário especial do evento, os bispos irão abordar decisivamente os problemas de fundo. "Em diversas ocasiões, o texto destaca os pontos a serem aprofundados: como ser cristãos em um mundo em evolução; as novas formas da missão no contexto da mundialização, a falta de padres. É sobre esses problemas que esperamos respostas do Sínodo".
O objetivo evidenciado: um debate de ideias, um "compartilhamento de análises e de ações que ajudará os pastores e as Igrejas locais", insiste Dom Eterovic. Um percurso que a Igreja francesa já conhece, como explicava Isabelle de Gaulmyn no jornal La Croix: "Há diversos anos, a necessidade de uma afirmação mais explícita da fé, em uma sociedade em que a prática não é mais dada como óbvia, está inserida nos projetos pastorais de todas as dioceses francesas... Em cada comunidade, em cada paróquia, se 'faz' a nova evangelização".
As razões? "A França sofreu a secularização bem antes e bem mais duramente do que os seus vizinhos europeus", acrescenta. "Portanto, ela tirou antes do que os outros as consequências de uma sociedade em que a fé, mais do que imposta, é proposta".
Essa riqueza é encontrada na delegação francesa: Dom Claude Dagens, bispo de Angoulême; Dom Yves Patenôtre, arcebispo de Sens-Auxerre e prelado da Mission de France; Dom Yves Le Saux, bispo de Le Mans e da comunidade do Emmanuel; e Dom Pascal Wintzer, arcebispo de Poitiers. Eles se reunirão, como as outras delegações nacionais, aos 36 cardeais e bispos nomeados pelo papa, incluindo Dom Dominique Rey, de Toulon, e o cardeal André Vingt-Trois.
Evidentemente, três semanas não serão suficientes para reunir os desafios de uma evangelização que se inscreve em uma sociedade constantemente em movimento e em um mundo globalizado, com realidades muito diferentes.
Como diz François Soulage, presidente da Secours Catholique, "não basta constatar que o mundo atual tende a se esquecer de Deus. É preciso se interrogar sobre as razões profundas de tais crises de sentido, perguntar-se por que chegamos a esse ponto, e o que cada um de nós pode fazer. Damos conta de que a crise socioeconômica atual convida os cristãos a uma maior coerência, com a exigência de justiça e de fraternidade que está no centro da boa notícia de Cristo. A evangelização só será crível sob esse preço".
A preocupação vai continuar mesmo depois do encontro, dentro do Pontifício Conselho criado por Bento XVI em 2010 para coordenar os esforços da Igreja sobre esse tema. E, talvez, aquela que Isabelle de Gaulmyn define como "a criatividade eclesial", segundo ela uma particularidade francesa, poderá encontrar um eco junto aos prelados do mundo inteiro.
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A ''nova evangelização'' e o desafio de um mundo sem Deus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU