19 Setembro 2012
A notícia de que um ex-oficial do Exército salvadorenho acusado nos 1989 dos assassinatos de seis padres jesuítas se declarou culpado de acusações de ter mentido para as autoridades de imigração dos EUA e agora enfrenta a deportação para a Espanha para ser processado pela morte foi bem-vinda pelo ex-reitor da universidade onde os sacerdotes ensinavam.
A reportagem é de Dennis Coday, publicada no sítio do jornal National Catholic Reporter, 12-09-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Inocente Orlando Montano, um coronel aposentado do Exército que vive perto de Boston desde 2001, se declarou culpado em um tribunal federal por três acusações de fraude migratória e três acusações de perjúrio sob um acordo com promotores federais no dia 11 de setembro.
Montano estava entre os 20 salvadorenhos indiciados na Espanha em 2011, em ligação com as mortes dos sacerdotes, de sua empregada e de sua filha. Ele negou qualquer envolvimento nas mortes.
O padre José Maria Tojeira, ex-reitor da Universidade Centro-Americana de San Salvador, onde os sacerdotes ensinavam e viviam, disse que a notícia da possível deportação e da provável acusação está muito atrasada.
"Tudo o que promove a justiça é bom. Entretanto, o nosso maior interesse é promover a justiça em El Salvador, para que o país não seja visto como um lugar onde a impunidade prevalece", disse o padre Tojeira ao Catholic News Service.
"Nós vamos continuar buscando a justiça aqui", disse.
Os assassinatos ocorreram em um pequeno complexo no campus da universidade durante uma das mais ferozes ofensivas militares na guerra civil do país, que durou 12 anos e terminou em 1992.
O coronel aposentado admitiu ter mentido às autoridades norte-americanas, dizendo que nunca fez parte do Exército salvadorenho e que nunca usou armas contra outras pessoas, de modo a poder receber o status de proteção temporária. Sob tal status, Montano finalmente poderia retornar com segurança para El Salvador.
Mas registros mostraram que Montano foi vice-ministro da Defesa para a segurança pública na época dos assassinatos e pertencia a um grupo de oficiais militares conhecido como La Tandona, que controlava o Exército durante a guerra civil que deixou cerca de 70 mil mortos. A guerra terminou com os Acordos de Paz em 1992.
Esse grupo de oficiais tem sido associado a graves crimes de guerra cometidos durante o conflito, de acordo com diversos relatórios, incluindo achados da Comissão da Verdade das Nações Unidas de 1993.
Ao se declarar culpado das acusações norte-americanas, Montano, 70 anos, enfrenta uma sentença de até 45 anos de prisão. Uma audiência da sentença foi marcada para o dia 18 de dezembro.
Mas o oficial aposentado pode ser deportado para a Espanha por ser um dos 20 oficiais salvadorenhos intimados em 2011 por um tribunal espanhol acusado de participar dos assassinatos.
Um juiz espanhol enviou um pedido ao governo dos EUA para que Montano seja extraditado para a Espanha. A resposta dos EUA ainda está pendente.
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Salvadorenho ligado a assassinato dos jesuítas se declara culpado de acusações imigratórias - Instituto Humanitas Unisinos - IHU