Por: André | 02 Dezembro 2013
Como acontecia em “As sandálias do pescador”, Francisco quisera sair às noites do Vaticano para visitar os pobres de Roma. Realmente faz isso? “Próxima pergunta”, foi a resposta do esmoleiro do Papa, Konrad Krajewski, à pergunta de se o Pontífice ia com ele algumas noites para acompanhar os mais desfavorecidos.
A reportagem está publicada no sítio Religión Digital, 29-11-2013. A tradução é de André Langer.
A pergunta veio depois que Krajewski revelou o desejo de Francisco de sair com ele às noites para levar ajuda aos pobres, em declarações publicadas na última sexta-feira pelos meios de comunicação da Itália.
“No começo, quando eu costumava sair à noite por Roma, às vezes, o Papa me perguntava se poderia me acompanhar, e não se dava conta dos problemas que se poderia criar caso se soubesse que saía do Vaticano”, explicou Krajewski.
À pergunta sobre se Francisco saiu do Vaticano e o acompanhou alguma vez, o bispo polonês limitou-se a responder: “Próxima pergunta!”, o que alimentou as especulações sobre a possibilidade de que o papa argentino tenha saído às escondidas do Vaticano.
Krajewski relatou como o papa, quando o nomeou esmoleiro, no dia 03 de agosto, pediu-lhe que fizesse como ele fazia quando era arcebispo de Buenos Aires: sair pessoalmente para levar ajudar aos necessitados.
O arcebispo polonês, de 50 anos, recordou que Francisco lhe disse após nomeá-lo: “Não deves te sentar atrás da escrivaninha. Podes vendê-la. Não esperes que as pessoas batam à tua porta, vá ao encontro delas. Te quero entre as pessoas para que leves o meu consolo aos pobres, aos deserdados, aos últimos”.
“Estes meus braços, são limitados. Se podemos alongá-los com os braços de Corrado, podemos tocar os pobres de toda a Itália. Eu não posso sair, ele, no entanto, é livre”, disse o Papa Francisco, segundo referiu o esmoleiro.
Prefere que o chamem dom Corrado, apesar de ser arcebispo, e revelou que o papa, brincando, também lhe disse: “Quando alguém te chamar de ‘excelência’ pede-lhe uma taxa de cinco euros para os pobres”.
“Cada vez que o Papa me vê, me pergunta se preciso de dinheiro”, explicou o esmoleiro, que relatou que o Papa costuma dizer que “uma conta corrente é boa quando está vazia, porque se doou aos necessitados”.
O novo esmoleiro explicou que o Papa indicou-lhe que vá visitar também os orfanatos para levar sua ajuda aos anciãos, mas também recorda como o enviou à ilha italiana de Lampedusa, para fazer doações aos imigrantes sobreviventes do naufrágio de 03 de outubro, que cobrou a vida de mais de 300 pessoas.
Em Lampedusa, Krajewski comprou 1.600 cartões de telefone para os imigrantes para que pudessem ligar para casa, já que com o Papa concordou em que era isso o que mais necessitavam.
Cada manhã, relatou Krajewski, levanta-se às 4h30 e inicia sua jornada respondendo às cartas enviadas que chegam ao Vaticano e aquelas que o próprio Papa entrega ao esmoleiro.
Encarrega-se de comprovar que as cartas, em que se pede ajuda para pagar as contas de luz ou de aluguel, sejam verdadeiras e através do pároco da zona de onde chega a solicitação envia-se doações – pequenas e rápidas – de 200, 500 ou 1.000 euros, segundo as necessidades.
Também sai às noites, acompanhado dos guardas suíços, e leva ajuda e alimentos aos moradores de rua, aos anciãos, aos orfanatos ou refeitórios públicos e, inclusive, acompanhou alguma vez a algum bêbado para casa.
A Esmolaria Apostólica é financiada com as doações e com os cerca de 250.000 euros que anualmente são recolhidos com a venda dos pergaminhos abençoados pelo Papa, que custam entre 5 e 15 euros, e que são solicitados para batizados, bodas e outras ocasiões.
No ano passado, a Esmolaria distribuiu cerca de um milhão de euros e ajudou, além disso, através da Cáritas, 6.500 pessoas.
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Sai Bergoglio à noite para visitar os pobres? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU