AIE: melhorar transporte público economizaria US$ 70 tri até 2050

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20 Setembro 2013

Relatório da Agência Internacional de Energia aponta que priorizar ônibus, trens e bicicletas em vez de automóveis resultaria em ganhos econômicos e em benefícios para a sociedade, o meio ambiente e o clima.

A reportagem é de Fabiano Ávila, publicada pelo Instituto CarbonoBrasil, 10-07-2013.

Nesse momento em que os brasileiros cobram mudanças no transporte público, incluindo o passe livre em ônibus (veja vídeo abaixo), um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) vem trazer ainda mais dados que reforçam a necessidade de repensar a mobilidade das cidades.

Intitulado A Tale of Renewed Cities (algo como Um Conto de Cidades Renovadas), o documento afirma que até 2050 o consumo de energia do setor de transportes urbanos deve dobrar e que promover melhorias que evitem esse cenário pode resultar na economia de até US$ 70 trilhões.

“Com a fatia da população mundial vivendo em cidades chegando a 70% até 2050 e com a expectativa de que o consumo de energia do transporte dobre, a necessidade de soluções eficientes, baratas, seguras e de alta capacidade se torna mais aguda. Medidas urgentes para melhorar o transporte urbano se fazem necessárias não apenas pelo motivo de segurança energética, mas também para mitigar os numerosos impactos negativos, como a poluição do ar, congestionamentos, barulho e os efeitos no clima”, explicou Maria van der Hoeven diretora executiva do AIE.

Segundo o relatório, o consumo de energia pelo transporte cresceu 30% na última década e as emissões de gases do efeito estufa subiram quase dois bilhões de toneladas de CO2 equivalente por ano desde 2000.

A AIE avaliou 30 cidades de todo o mundo para identificar exemplos práticos do que pode ser feito para melhorar esse panorama.

Em todas as iniciativas citadas, a agência destaca que as medidas bem sucedidas são aquelas que favorecem o transporte coletivo, alterando o paradigma de muitos países que colocam os automóveis como prioridade, e por isso investem bilhões em obras como viadutos e duplicação de vias.

Por exemplo, Buenos Aires, em 2009, tinha 54% dos dois milhões de pessoas que moram em cidades satélites e em bairros de periferia indo trabalhar na capital argentina em automóveis. Para alterar essa situação, que provocava congestionamentos e prejudicava a vida de todos, foi criado o Plano de Mobilidade Sustentável. Através dele, foi feita a expansão de vias exclusivas para ônibus, colocados em prática programas de empréstimo de bicicletas e implementado o sistema de BRT (Bus Rapid Transit – ônibus de alta capacidade, na Argentina batizado de Metrobus). O resultado teria sido tão positivo que a cidade agora planeja aumentar para 200 km o total de corredores de BRT e passar as estações de bicicletas de 21 para 100 até o fim deste ano.

Outro vizinho do Brasil, o Uruguai, desenvolveu um mecanismo de ajuda financeira para que as companhias de transporte público possam investir em melhorias. O Fundo de Financiamento para o Transporte Público Urbano de Montevidéu possui US$ 46 milhões que estão à disposição das empresas a taxas menores do que as do mercado, desde que, é claro, os recursos sejam utilizados em medidas que favoreçam diretamente a população, como a aquisição de mais ônibus ou a modernização dos pontos.

O México criou um modelo parecido com o uruguaio, o Programa Federal de Trânsito de Massa (PROTRAM), que financia projetos de transporte em todo o país. Desde 2009, o mecanismo ajudou a tirar do papel mais de 30 iniciativas, como três novas linhas de trens suburbanos na Cidade do México, sistemas de transporte ferroviário em sete municípios e 25 corredores de BRT em 16 cidades. Com o PROTRAM, o governo mexicano conseguiu captar, apenas em 2010, mais de US$ 350 milhões junto ao Fundo de Tecnologias Limpas do Banco Mundial.

“Governos precisam pensar além das tecnologias individuais e ciclos eleitorais, e considerar como construir – e como renovar – as cidades que deverão acomodar e transportar cerca de 6,3 bilhões de pessoas até 2050. Precisamos planejar a infraestrutura, a logística e os sistemas de energia que façam sentido hoje, mas que também cumpram seu papel nas próximas décadas”, concluiu van der Hoeven.