16 Outubro 2014
Fotos: Ricardo Machado/IHU |
“A medicina é muito mais do que curar e prevenir doenças. No neoliberalismo se pretende que as pessoas vivam para estar sãs e para isso o consumo aparece como a racionalidade para realizar isso”, sustentou a professora doutora e pesquisadora espanhola Anna Quintanas Feixas(foto), da Universidade de Girona, na Espanha, durante o Seminário – O transfundo biopolítico da bioética. O evento ocorreu na terça-feira, 14-10-2014, às 17 horas, na Sala Ignácio Ellacuría e Companheiros, no Instituto Humanitas Unisinos – IHU. A professora participa esta semana do XVII Colóquio de Filosofia Unisinos – Filosofia e bioética: entre o cuidado e administração da vida.
A professora destacou que seu interesse em Michel Foucault vem daquilo que o autor chamou de antologia do presente, apropriando-se de seu pensamento como uma caixa de ferramentas. “A ideia inicial de minha tese era compreender as relações entre o saber e o poder no âmbito da saúde pública. Buscava tentar entender de que maneira tais pontos influenciaram na maneira de ser homem na modernidade europeia”, explica Anna Quintanas.
Saúde Pública
“O termo saúde pública é muito interessante. Porque antes da modernidade, a saúde era uma questão individual e para as elites. Havia, apenas esporadicamente, medidas de caráter público na Idade Média, com as pestes, etc. A partir do mercantilismo, como teoria política e econômica, é que a questão da saúde torna-se uma preocupação de Estado, cuja racionalidade baseia-se na necessidade de ter sujeitos sãos para produzir em tempos de paz e lutar em tempos de guerra”, argumenta.
Bioética
De acordo com a pesquisadora, nas últimas décadas do século XX e no princípio do XXI os movimentos sociais que ganharam algum destaque em nível mundial possuem uma influência foucaultiana. “Desde o princípio dos anos 1908 até meados da década de 1990, não ocorria a ninguém criticar o neoliberalismo. Só a partir de 1996 começam os movimentos de antiglobalização, em que a Internet tem papel importante para dar vazão a estas formas de protestos”, destaca Anna Quintanas.
Humanismo em Foucault
“Se afirma que Foucault tirou o 'Sujeito' da história. Ele tirou a letra maiúscula e o colocou no plural e nos mostrou que o 'Sujeito' não existe, mas sim os processos de subjetivação. Há formas de constituição de subjetividades. Foucault olhava os outros a partir de uma mirada que provocava estranheza”, esclarece a pesquisadora. Nesse sentido, para a professora, a biopolítica se amplia à medida que a bioética “fecha os olhos às relações de poder”.
Quem é Anna Quintanas Feixas
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Superar uma condição biopolítica para avançar em uma postura bioética - Instituto Humanitas Unisinos - IHU