Por: Cesar Sanson | 04 Outubro 2014
O povo maranhense que foi às urnas neste domingo acabou com uma oligarquia tradicional do estado. A família Sarney, que apoiava o candidato Lobão Filho (PMDB), foi derrotada no pleito logo no primeiro turno pelo candidato do PCdoB, Flávio Dino.
Dino teve 63% dos votos válidos, enquanto o filho de Edison Lobão, atual ministro das Minas e Energia, somou 34%. O novo governador maranhense substituirá justamente a última herdeira dos Sarney no cargo, Roseana (PMDB), que estava em seu terceiro mandato no Executivo estadual – antes de assumir em 2010, a peemedebista havia governado o Maranhão de 1995 a 2002.
A própria Roseana Sarney admitiu ironicamente o fim da oligarquia da família no estado. "Apesar de tudo, de as pessoas me acusarem, agora vão ter uma coisa boa, vai sair de pauta a oligarquia, né? Vamos ver o que vai entrar em pauta agora", afirmou. "Sair do governo foi uma opção minha. Deixarei um Estado melhor do que peguei."
No Senado, nova derrota para os Sarney. Roberto Rocha (PSB), com 51% dos votos, ficou com o cargo e derrotou Gastão Vieira (PMDB) – que teve 44% -, candidato apoiado por Roseana e sua família.
Manutenção de poder
Se no Maranhão o 'clã' dos Sarney acabou derrotado, outros estados apostaram na continuidade de suas tradicionais oligarquias, como Alagoas e Pará.
Em Alagoas, por exemplo, o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB) – que sofreu impeachment em 1992 – foi reeleito senador pelo estado com 55% dos votos, derrotando Heloísa Helena (PSOL), que teve 33%. Collor já havia sido governador do estado em 1987, antes de se candidatar à presidência, e assumiu o cargo de representante de Alagoas no Senado pela primeira vez em 2007 – agora conseguindo a reeleição.
"Emoção enorme carregada de agradecimento para quem confiou seu voto ao meu nome para representar Alagoas no Senado. Podem esperar muito trabalho, muita dedicação, esforço e vontade de tentar resolver os problemas do estado, tirando Alagoas da posição difícil que se encontra, alcançando patamares de desenvolvimento econômico que desejamos", afirmou o senador reeleito à imprensa.
No governo do mesmo estado, a eleição também apontou a continuidade de outra família tradicional da região, a dos Calheiros. Renan Filho (PMDB), que é herdeiro de Renan Calheiros, atual presidente do Senado, recebeu 52% dos votos e foi eleito governador no primeiro turno.
Outro grupo que pode se manter no poder é o da família de Jader Barbalho (PMDB) no Pará. O filho dele, Helder Barbalho (PMDB), teve 49,88% dos votos e por muito pouco não foi eleito governador no primeiro turno. Ele agora vai disputar o segundo turno com Simão Jatene (PSDB), atual governador, que teve 48,48% dos votos. Jader Barbalho já cumpriu dois mandatos de governador no Pará – em 1983 e 1991 – e agora pode eleger seu filho para o cargo.
"O povo do Pará nas ruas mostrando que deseja a mudança, e a mudança se Deus quiser hoje estará acontecendo no estado do Pará. Nós vamos fazer um governo diferente, um governo presente, e eu convoco a todos nesta grande vitória", disse Helder Barbalho.
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Família Sarney é desbancada no MA; filhos de políticos triunfam em AL e PA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU