22 Setembro 2014
"A base da pirâmide idosa vai diminuir em termos relativos e absolutos nas últimas décadas do século XXI. Já o número de centenários vai subir, atingindo 464 mil homens e 1,27 milhões de mulheres, o que representará 2,3% da população idosa", escreve Adriano Melo Nogueira, mestrando da ENCE/IBGE e José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 19-09-2014.
Eis o artigo.
O título deste artigo pode parecer um pleonasmo, mas não é. O contínuo crescimento do número de idosos no Brasil é um fenômeno conhecido. Mas há pouco conhecimento da mudança que vai ocorrer dentro do grupo do topo da pirâmide populacional.
Na verdade, a distribuição por sexo e idade da população brasileira de 60 anos e mais de idade vai ter uma redução relativa da sua base e um alargamento relativo e absoluto da sua parte superior durante o século XXI. Ou seja, vai haver uma redução relativa dos “novos idosos” (60-80 anos) e um crescimento absoluto e relativo dos idosos (80 anos e +). Portanto, vai haver um envelhecimento dentro do envelhecimento, ou dito em outras palavras, um forte aumento da “quarta idade”.
No ano 2000, havia 2,15 milhões de homens entre 60-64 anos de idade e 2,45 milhões de mulheres, enquanto o grupo das pessoas com 100 anos e + era formado por 5 mil homens e 8 mil mulheres. Um terço (33%) dos idosos brasileiros estavam no grupo 60-64 anos e apenas 0,1% eram centenários.
Segundo as projeções da Divisão de População da ONU, no ano 2030, deverá haver 5,33 milhões de homens entre 60-64 anos de idade e 6,10 milhões de mulheres, enquanto o grupo das pessoas com 100 anos e mais deverá ser formado por 41 mil homens e 80 mil mulheres. Embora a população brasileira idosa do grupo 60-64 anos vá aumentar em temos absolutos entre 2000 e 2030, o seu peso relativo deverá cair para 27,5%. O grupo dos centenários deverá passar para 0,3% da população idosa.
Segundo as mesmas projeções, no ano 2060, deverá haver 7,44 milhões de homens entre 60-64 anos de idade e 7,77 milhões de mulheres, enquanto o grupo das pessoas com 100 anos e + deverá ser formado por 160 mil homens e 404 mil mulheres. Da mesma forma, a população brasileira idosa do grupo 60-64 anos vai continuar a aumentar em temos absolutos entre 2030 e 2060, porém o seu peso relativo deverá cair para 19,1%. O grupo dos centenários deverá passar para 0,7% da população idosa.
No ano de 2100, o número de pessoas com idade entre 60-64 anos deverá cair em relação ao ano de 2060, ficando 5,73 milhões de homens e 5,66 milhões de mulheres, o que vai representar 15,2% da população idosa. Ou seja, a base da pirâmide idosa vai diminuir em termos relativos e absolutos nas últimas décadas do século XXI. Já o número de centenários vai subir, atingindo 464 mil homens e 1,27 milhões de mulheres, o que representará 2,3% da população idosa.
Portanto, o Brasil não vai apenas envelhecer, mas vai ter uma maior população idosa com uma estrutura etária mais envelhecida. Dos 75 milhões de pessoas com 60 anos e mais previstos para 2100, apenas 15% terá entre 60 e 64 anos, enquanto 39% terá 80 anos ou mais. Desta forma, o país precisa se preparar para uma situação em que não apenas vai haver mais idosos, mas também vai haver mais idosos, longevivendo no topo do topo da pirâmide populacional.