02 Agosto 2014
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 14,13-21 que corresponde ao 18º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Fonte: http://www.periodistadigital.com/religion/ |
Jesus está ocupado em curar as pessoas doentes e desnutridas que lhe trazem de toda a parte. Faz, segundo o evangelista, porque o seu sofrimento O comove. Entretanto, os Seus discípulos veem que está ficando muito tarde. O seu diálogo com Jesus permite-nos penetrar no significado profundo do episódio chamado erroneamente “a multiplicação dos pães”.
Os discípulos fazem a Jesus uma proposta realista e razoável: “Despede a multidão para que vão às aldeias e comprem comida”. Já receberam de Jesus a atenção que necessitavam. Agora, que cada um volte à sua aldeia e compre algo de comer segundo os seus recursos e possibilidades.
A reação de Jesus é surpreendente: “Não é necessário que se vão. Dai-lhes vós de comer”. A fome é um problema demasiado grave para distanciar-nos uns dos outros e deixar que cada um o resolva na sua própria terra como possa. Não é o momento de se separar, mas de se unir mais do que nunca para partilhar entre todos o que haja, sem excluir ninguém.
Os discípulos fazem-lhe ver que só há cinco pães e dois peixes. Não importa. O pouco basta quando se reparte com generosidade. Jesus manda que se sentem todos sobre o prado para celebrar uma grande refeição. De repente tudo muda. Os que estavam a ponto de separar-se para saciar a sua fome na sua própria aldeia, sentam-se juntos à volta de Jesus para partilhar o pouco que têm. Assim quer ver Jesus a comunidade humana.
Que acontece com os pães e os peixes nas mãos de Jesus? Não os “multiplica”. Primeiro abençoa Deus e dá as graças: aqueles alimentos vêm de Deus: são de todos. De imediato vai repartindo e vai dando aos discípulos. Estes, por sua vez, vão dando às pessoas. Os pães e os peixes foram passando de uns para outros. Assim puderam saciar a sua fome, todos.
O arcebispo de Tanger levantou uma vez mais a sua voz para recordar-nos “o sofrimento de milhares de homens, mulheres e crianças que, deixados à sua sorte ou perseguidos pelos governos e entregues ao poder usurário e escravizante das máfias, mendigam, sobrevivem, sofrem e morrem no caminho da emigração”.
Em vez de unir as nossas forças para erradicar na sua raiz a fome no mundo, só nos ocorre encerrar-nos no nosso “bem-estar egoísta” levantando barreiras cada vez mais degradantes e assassinas. Em nome de que Deus os mandamos embora para que se afundem na sua miséria? Onde estão os seguidores de Jesus?
Quando se ouve nas nossas eucaristias o grito de Jesus: “Dai-lhes vós de comer”?
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Dai-lhes vós de comer - Instituto Humanitas Unisinos - IHU