12 Junho 2014
Antes de a cisterna ser construída no terreno da casa de Francisca Leitão Matos, da comunidade de Vertente, em Apuiarés (CE), ter acesso à água era difícil. “A gente não tinha água boa e de qualidade para tomar, não tinha como você guardar aquela água que chegava no inverno. Ela acabava e você ficava sem”, relata Francisca, que tinha que andar quilômetros para conseguir água para beber e cozinhar.
A reportagem é de Helena Martins, publicada pela Agência Brasil, 11-06-2014.
Francisca é dona de uma das cisternas construídas por meio de projeto da Fundação Banco do Brasil (FBB), em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA).
Agora, ela já sonha com um reservatório maior para ter condições de plantar frutas e verduras, segundo afirmou, ontem (10), durante cerimônia de comemoração da entrega das 80 mil cisternas de placa feitas com recursos da fundação.
Iniciado a partir de um edital público lançado em 2011, o projeto previu inicialmente a construção de 60 mil unidades, mas, dado o baixo custo de cada uma delas – cerca de R$ 2,3 mil – e o impacto social gerado, mais 20 mil foram entregues. Ao todo, foram beneficiados 133 municípios de nove estados brasileiros, de acordo com o presidente da FBB, José Caetano.
Coordenador executivo da ASA, Naidson Baptista afirmou que, com essas cisternas, 400 mil pessoas passaram a ter água de qualidade, no período da estiagem. “Nós estamos mudando a cara do Semiárido, estamos mudando a vida do Semiárido, porque com isso elas [as famílias] têm acesso ao que sempre lhes foi negado”, disse. Ele destacou que a falta de água no Semiárido brasileiro serviu historicamente para manter a população dependente dos políticos locais, a chamada indústria da seca.
Baptista relatou que a ideia de construir as cisternas de placas de cimento partiu das próprias comunidades, o que gerou uma nova tecnologia social. “São tecnologias que utilizam a força de trabalho da comunidade, que mobiliza a força de trabalho local e dinamiza a economia local. E é uma tecnologia que, se der algum problema, ela vai ter como resolver”, disse, contrapondo essa produção à da cisterna de polietileno, de perfil industrial.
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, explicou que a construção de cisternas é uma das ações do Programa Água para Todos, que integra o Brasil sem Miséria. Segundo a ministra, o governo tem o compromisso de construir 750 mil cisternas até o fim deste ano e já entregou, até agora, 607 mil unidades. Além das cisternas para uso doméstico, o programa desenvolve cisternas de produção, com capacidade de 250 mil litros de água, bem como viabiliza a instalação de reservatórios em escolas.
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Cisternas garantem água e mudam vidas no Semiárido, diz ASA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU