Por: André | 17 Dezembro 2015
Durante o último fim de semana aconteceram mundo afora as celebrações de abertura da Porta Santa nas diferentes dioceses e prelazias católicas, nas quais se poderão ganhar as indulgências do Ano Jubilar da Misericórdia. Momentos de emoção se repetiram em diferentes lugares, mas poucos devem ter sido iguais aos da catedral de Nossa Senhora da Penha de Crato, onde, coincidindo com esta celebração, o bispo diocesano, dom Fernando Panico, anunciou que o Papa Francisco reconciliou com a Igreja católica o Padre Cícero Romão Batista, falecido em 1934 estando suspenso das ordens.
A reportagem é de Luis Miguel Mondino e publicada por Religión Digital, 14-12-2015. A tradução é de André Langer.
O anúncio do bispo se deu após a entrada no templo da catedral da imagem do Padre Cícero, o que provocou o alvoroço de todos os presentes, reação que se viu repetida posteriormente, como mostram numerosas notícias em diferentes meios de comunicação e nas redes sociais.
Em uma mensagem assinada pelo cardeal Parolin, secretário de Estado do Vaticano, e que recolhe o expresso desejo do Papa Francisco, enviada a dom Panico, reconhece-se que “a memória do Padre Cícero Romão Batista mantém, no conjunto de boa parte do catolicismo deste país, e, dessa forma, valoriza-a desde um ponto de vista eminentemente pastoral e religioso, como um possível instrumento de evangelização popular”.
Após tantos anos de distanciamento entre a Igreja católica e o santo do povo nordestino, o texto mostra que “sempre é possível, com a distância do tempo e a evolução das diferentes circunstâncias, reavaliar e apreciar as várias dimensões que marcaram a ação do Padre Cícero como padre, e, deixando de lado os pontos mais controversos, evidenciar aspectos positivos de sua vida e figura, tal como é percebida atualmente pelos fiéis”.
A carta assinala que “é inegável que o Padre Cícero Romão Batista, ao longo de sua existência, viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo e, por isso mesmo, desde o início, foi compreendido e amado por este mesmo povo”, chegando a afirmar que “é necessário, neste contexto, dirigir a nossa atenção ao Senhor e agradecer-lhe por todo o bem que Ele suscitou por meio do Padre Cícero”.
O Papa Francisco, como reconhece o bispo de Crato, apresenta o Padre Cícero como “exemplo de padre em uma Igreja em saída”. Para os tempos atuais e a nova Evangelização a data de 13 de dezembro ficará marcada na história de Juazeiro do Norte, a cidade que cresceu sob o influxo do Padre Cícero e que agora, como assinalava o vigário de pastoral da Diocese de Crato, Pe. Vileci Vidal, “é terra de romaria reconhecida pelo Papa Francisco”.
O que aconteceu com o Padre Cícero coloca de manifesto a importância da Igreja Povo, de tantos devotos que continuamente pediam em suas orações a reconciliação do Padre Cícero por parte da Igreja. Foi mais de um século de confrontos entre os defensores e os acusadores do padre mais famoso do Nordeste brasileiro. Este momento constitui um novo passo em um caminho que muitos em Juazeiro do Norte esperam que desemboque na canonização do Padre Cícero, que a Igreja católica reconheça oficialmente o que para muitos nordestinos é um fato, a santidade do Padim Ciço.
Vale como exemplo o que me dizia a mulher que me acolheu em sua casa em Juazeiro do Norte no último Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base, realizado no ano passado: “sonho em ver um dia a Igreja do Padre Cícero construída”. Hoje, dona Vanda, assim como muitos brasileiros nordestinos, deve estar feliz, pois vê que seu sonho está um pouco mais próximo.
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O Papa Francisco reconcilia o Padre Cícero com a Igreja católica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU