Por: André | 11 Dezembro 2015
“O futuro da humanidade não está exclusivamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente nas mãos dos povos”. Estas são palavras de Francisco dirigidas aos movimentos populares que se reuniram novamente na Argentina. Reuniram-se há alguns dias nos arredores de Buenos Aires. Eles estão dispostos a continuar a luta pelos três T: terra, teto e trabalho. Uma luta que conta com as bênçãos do Papa, que os trouxe primeiro ao Vaticano e depois os visitou na Bolívia.
A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez e publicada por Vatican Insider, 09-12-2015. A tradução é de André Langer.
Para este novo encontro, Jorge Mario Bergoglio mandou-lhes uma carta. O texto foi lido aos 400 delegados de mais de cem organizações populares que se encontraram no sábado, 05 de dezembro, no Santuário dos Santos Latino-Americanos, em Lomas de Zamora. A todos eles o pontífice enviou uma “saudação fraterna” e animou-os a continuar trabalhando “pela dignidade dos mais humildes”.
“Dirijo uma saudação especialmente afetuosa aos carrinheiros, trabalhadores de empresas recuperadas, ambulantes, artesãos, cooperativistas e demais trabalhadores da economia popular; aos camponeses, agricultores familiares e povos originários; aos moradores das favelas, dos assentamentos e dos bairros populares; e a todos aqueles que se empenham por terra, teto e trabalho”, escreveu o líder católico.
Na sequência, disse que a busca cotidiana dos três T está nas mãos dos povos com capacidade de organização e de promoção de alternativas criativas. E indicou três grandes tarefas: “colocar a economia a serviço da vida”, “unir os povos no caminho da paz e da justiça” e “defender a mãe Terra”.
“Confio em que através do diálogo, do compromisso social e da organização comunitária encontrarão os caminhos adequados para desenvolvê-las. Espero nos encontrar logo. Saibam que rezo por vocês. Peço-lhes, por favor, para que não se esqueçam de rezar por mim”, apontou.
A reunião argentina dá continuidade a outros dois “encontros mundiais de movimentos populares”. O primeiro aconteceu no Vaticano, em outubro de 2014. Tratou-se de uma iniciativa sem precedentes, patrocinada pela Pontifícia Academia para as Ciências Sociais e pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz.
O artífice daquela peculiar assembleia foi Juan Grabois, um ativista social argentino, conhecido de Jorge Mario Bergoglio há alguns anos. A atividade repetiu-se em julho passado na Bolívia, quando o Papa visitou pessoalmente um centro de convenções em Santa Cruz de la Sierra e no mesmo lugar fez um longo discurso.
“O sentido deste novo encontro é aprofundar os debates que viemos fazendo e reafirmar o nosso compromisso com os 3T: terra, teto e trabalho. A proposta é trabalhar partindo do patamar de acordos construídos na Carta de Santa Cruz de la Sierra, com o histórico discurso do Papa Francisco como material indispensável”, indicou Grabois sobre o encontro mais recente.
“O encontro quer reafirmar também a necessidade de políticas públicas baseadas em uma nova institucionalidade popular que priorize as necessidades dos excluídos, dos trabalhadores da economia popular e dos jovens precarizados, dos camponeses e povos originários, dos sem teto e dos moradores de favelas, assentamentos ou bairros marginalizados”, acrescentou.
Além da carta de Francisco, na reunião também foi lida uma mensagem do presidente boliviano Evo Morales e de outros líderes de movimentos sociais de diversos países. Na tarde do sábado, dia 5 de dezembro, na diocese de Lomas de Zamora fez-se uma procissão pelas ruas aldeãs até à margem do Rio Riachuelo para visibilizar as lutas, propostas e reivindicações das organizações sociais que participaram do encontro.
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Argentina. Os movimentos populares encontram-se novamente e com a bênção de Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU