01 Dezembro 2015
Em Bangui, capital de um país ensanguentado pelos póstumos de uma guerra civil que viu contrapostos muçulmanos e cristãos, mas definida pelo papa nesse domingo como "capital espiritual do mundo", na parte da tarde, ele "antecipou" o Jubileu, que oficialmente vai começar no dia 8 de dezembro, e abriu a Porta Santa da catedral da cidade.
A reportagem é de Luigi Sandri, publicada no jornal Trentino, 30-11-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Tendo começado na quarta-feira passada em Nairóbi, no Quênia, e continuado depois em Uganda, a primeira viagem africana de Francisco concluiu-se nessa segunda-feira na República Centro-Africana, a última etapa de uma "peregrinação" que a inteligência francesa, temendo atentados de grupos extremistas islâmicos, tinha aconselhado que fosse cancelada.
Mas o pontífice decidiu manter o seu programa, seja para dar consolo a um povo abalado e reduzido à extrema pobreza pelo conflito armado (2012-2014) que contrapôs os grupos pró-muçulmanos dos Seleka e os pró-cristãos dos anti-Balaka, seja para apresentar a figura com que pretende caracterizar o iminente Ano Santo.
De fato, pela primeira vez na história dos jubileus cristãos, inaugurados em 1300 pelo Papa Bonifácio VIII, o evento "extraordinário", que, embora formalmente, começa em Roma em oito dias, teve nesse domingo a sua singular "ouverture" em Bangui, uma cidade quase desconhecida fora da África, mas símbolo de extremo sofrimento, palco de confrontos ferozes, motivo de duras rivalidades tribais, muitas vezes motivadas por pretextos religiosos.
Assim, ao escolher Bangui, Francisco quis dar uma angulação bem precisa para o Ano Santo: interrogar-se sobre as razões profundas que, muitas vezes, levam os seguidores das religiões a abençoarem as violências em nome de Deus, apagar essa blasfêmia e, por fim, colaborar juntos para favorecer a reconciliação e a paz.
Com palavras improvisadas, não previstas pelo cerimonial, antes de abrir a Porta Santa da catedral de Bangui (uma igreja em estilo colonial francês), Francisco pediu que as pessoas – que o obedeceram de muito bom grado – dissessem em voz alta, em sango, a principal língua da República Centro-Africana, "exigimos paz, pedimos paz".
E, na homilia da missa, proferida em italiano e traduzida frase por frase para o sango, implorou paz, perdão, misericórdia, e, dirigindo-se para os senhores das armas que fomentam as guerras em muitos países, gritou: "Deponham as armas, instrumentos de morte, armem-se de justiça".
Na manhã dessa segunda-feira, antes de partir para Roma, o papa visitou uma mesquita. Mais uma vez, ele reiterou o que disse em Nairóbi e em Kampala: que as religiões, particularmente cristianismo e Islã (as duas principais religiões da África), se aliem para favorecer paz, reconciliação e diálogo entre os povos.
As Igrejas cristãs – reiterou nesse domingo – também devem dar, no entanto, um exemplo de fraternidade, porque "a divisão entre os cristãos é um escândalo", e é absurdo que eles preguem paz ao mundo se não são capazes de viver entre si como irmãos. Enfatizando esses ideais, Francisco concluiu a sua "missão" no continente negro.
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Houve entre os discípulos uma discussão, para saber qual deles seria o maior.
Jesus sabia o que estavam pensando.
Pegou então uma criança, colocou-a junto de si, e disse a eles:
«Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim.
E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou.
Pois, aquele que é o menor entre vocês, esse é o maior.» (Lc 9, 46-48)
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Papa na África: paz e misericórdia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU