30 Julho 2015
Um grande grupo de católicos gays e transexuais estadunidenses quer se encontrar com o Papa Francisco quando, em setembro próximo, o pontífice realizará a sua primeira visita aos Estados Unidos. O seu objetivo? Levá-lo a tomar posição sobre questões relacionadas com a sexualidade e com as questões de gênero, que estão cada vez mais dividindo os fiéis.
A reportagem é do sítio Askanews, 27-07-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Esse grupo de católicos quer que o Papa Francisco aproveite a sua popularidade para reconhecê-los como membros de pleno direito da Igreja, com um acesso igual aos sacramentos como batismo e matrimônios.
É verdade que o seu pontificado, até agora, se centrou em quem vive às margens da sociedade, como os pobres, os migrantes e os presos, mas ainda não está claro se Jorge Mario Bergoglio incluirá as minorias sexuais no conjunto dos indivíduos que, segundo ele, precisam de justiça.
O certo é que é um debate está garantido. E o papa vai se encontrar no meio de dois campos: o que quer o papa avance na luta contra o aborto e os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, e aquele que, justamente, pede para se tornar parte da Igreja Católica, mesmo que não composto por heterossexuais.
"Vemos tantas pessoas abandonando a Igreja por causa da dor e das ofensas a que são submetidas", explicou ao New York Times Marianne Duddy-Burke, diretora-executiva da DignityUSA, a associação que trabalha pelo respeito da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) dentro da Igreja Católica e que enviou ao Vaticano uma carta com o pedido de se encontrar com o papa durante a sua visita aos EUA.
Quando puser os pés nos EUA, o Papa Francisco vai se encontrar diante de instituições católicas divididas, embora o casamento gay seja legal em todos os 50 Estados, e, nas pesquisas, seis em cada dez estadunidenses se digam a favor desse tipo de casamento.
De fato, há padres que acolhem casais compostos por pessoas do mesmo sexo, e aqueles que se recusam a dar a comunhão a fiéis abertamente gays ou a batizar os filhos de um núcleo familiar não tradicional. E, como se não bastasse, dezenas de escolas católicas têm demitido professores homossexuais, exceto, depois, quando devem acertar as contas com os protestos dos estudantes e de seus pais.
Até agora, os sinais que vieram do Papa Francisco sobre essas questões controversas foram mistos. No seu primeiro ano no Vaticano, ele havia surpreendido o mundo inteiro perguntando retoricamente: "Quem sou eu para julgar" um gay que busca ao Senhor? Tons bem diferentes dos do seu antecessor Bento XVI, que definiu a homossexualidade como uma "desordem objetiva".
Porém, na sua visita às Filipinas em janeiro passado, o Papa Francisco disse que "a família está ameaçada por esforços crescentes" destinados a "redefinir a instituição do matrimônio". Mas, em janeiro, encontrou-se no Vaticano com um transexual da Espanha, segundo o qual o pontífice lhe disse: "A Igreja te ama e te aceita como tu és".
O que o pontífice vai dizer quando, na Filadélfia, ele concluirá a sua viagem aos EUA, diante de uma multidão estimada em mais de um milhão de pessoas, durante o evento dedicado à família e chamado de Encontro Mundial das Famílias?
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Gays e transexuais católicos dos EUA querem se encontrar com o papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU