23 Julho 2015
Paris hospedou nessa terça-feira, 21, a chamada "Cúpula das Consciências". Trata-se de um encontro preparatório para a Conferência do Clima, que será realizada em dezembro próximo, também na capital francesa. O evento, que reúne cerca de 40 personalidades, foi desejado pelo presidente François Hollande, que abriu os trabalhos com um discurso em que exortou toda a comunidade internacional a um compromisso comum, para que logo se chegue a um acordo sobre a proteção do ambiente.
A reportagem é de Giancarlo La Vella, publicada no sítio da Radio Vaticano, 21-07-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Precisamos de todos para alcançar esses acordos." O presidente Hollande logo dá densidade a um encontro que poderia ser um mero momento de reconhecimento em vista da próxima conferência sobre as mudanças climáticas. O objectivo é que esta ocasião realmente lance as bases para um entendimento decisivo e definitivo para a aprovação, por parte da Assembleia Geral da ONU, dos objetivos de desenvolvimento sustentável.
Partindo do da cúpula parisiense, o chefe de Estado apela à consciência dos chefes de Estado, de governo, das empresas e dos cidadãos do mundo justamente para alcançar, na Conferência de Paris, aquele objetivo ambicioso de se chegar a um acordo que possa ser "global", que possa ser aplicado "em toda a parte" e possa "ser respeitado". Palavras claras sobre uma responsabilidade da qual, ao longo dos anos, diversos países sempre conseguiram escapar.
Entre os participantes da cúpula, estão o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, o cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, e o rabino David Rosen, diretor internacional de assuntos inter-religiosos do American Jewish Committee.
"Têm grande importância – diz Hollande, dirigindo-se a eles – os líderes religiosos para criar uma consciência ambiental", e cita o Papa Francisco: "Eu li a encíclica Laudato si' – disse – que propõe que todos os seres humanos entrem em diálogo com todos no que diz respeito a nossa casa comum. Esse texto fornece reflexões preciosas sobre o tema da ecologia".
E justamente o cardeal Turkson disse que, para a proteção do planeta, é preciso tomar decisões para mudar de rumo. O imperativo – disse – é responder, como afirma o papa na encíclica Laudato si', à pergunta: "Que mundo queremos deixar de herança aos nossos filhos?".
De sua parte, o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, que sempre chamou a atenção internacional para a questão ambiental, lançou um verdadeiro grito de alerta sobre o fato de que, nunca antes, os ecossistemas da Terra se depararam com um dano quase irreversível de tal magnitude.
Sobre a importância de um compromisso global para a solução dos problemas ambientais, a nossa redação francesa entrevistou Guy Aurenche, presidente da associação católica Terre Solidaire:
"Os parceiros da Terre Solidaire nos dizem que o problema ambiental afeta principalmente os mais pobres, que são as principais vítimas da crise ecológica. Eu penso nos nossos amigos pescadores das Filipinas, que sofrem a destruição causada por tornados e tufões em proporções muito maiores do que antes: é preciso ajudá-los! Eu penso nos nossos amigos do Sahel africano, que lutam contra a desertificação. Eu penso nas tantas situações em que os mais pobres são as principais vítimas. Então, é preciso arrancar essa ideia de que essa emergência seria apenas uma invenção de algum ambientalista ou um problema dos ricos, que querem se impor aos mais pobres. São os mais pobres que nos dizem: a nossa sobrevivência depende de uma verdadeira reação, de uma reação mundial. Não, não podemos deixá-los sozinhos."
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Cardeal Turkson em Paris: ''É preciso mudar de rumo em relação ao clima'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU