12 Junho 2015
Em vista da Conferência das partes (COP) 21 que em dezembro próximo levará a Paris os representantes dos governos do mundo para enfrentar as questões da mudança climática, a Conferência das igrejas europeias (KEK) lançou a ideia de uma “Peregrinação pela justiça climática”. Em vista disso entrevistamos Peter Pavlovic, secretário para os estudos da KEK, o qual apresentou o projeto durante a reunião europeia dos Conselhos nacionais de igrejas, realizada em Berlim de 26 a 29 de maio passado.
A entrevista é de Luca Baratto, publicada pela Agência Notizie Evangeliche – NEV, 10-06-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
Eis a entrevista.
Como nasceu a ideia de uma peregrinação pela justiça climática?
A peregrinação pela justiça e pela paz é um programa do Conselho Ecumênico das Igrejas (CEC), através do qual as igrejas são convidadas a responderem “à vontade de Deus enfrentando os desafios do presente” num caminho de “transformação da realidade”. A questão climática é certamente um dos desafios mais relevantes do nosso presente. Além disso, dezembro próximo hospedará em Paris a cúpula da ONU sobre a mudança climática, a assim chamada COP21. Trata-se de um encontro que levará a decisões que definirão o nosso futuro. Por isso, a KEK lançou para 2015 uma “Peregrinação pela justiça climática”.
Por que a COP de Paris é tão importante? O que a torna diversa dos encontros passados?
A cúpula de Paris está suscitando muito mais esperanças e expectativas do que outros encontros passados. O tempo à disposição para mudar a situação – por exemplo, esconjurar um aumento da temperatura global superior aos 2° C – está atualmente terminando e se espera finalmente da COP21 a definição de um acordo vinculante e ambicioso, que possa definir o futuro da comunidade global segundo critérios de exatidão, verificabilidade e transparência.
De outra parte, devemos ser realistas e evitar falsas expectativas. Devemos ser cônscios que muitos dos participantes não compartilham dos nossos próprios objetivos. Paris será certamente uma pedra miliar, mas não constituirá o fim do processo. Devemos ser realistas e ter já o olhar um depois, qualquer que seja o resultado do encontro.
Qual é o empenho concreto da KEK e das igrejas europeias em vista da cúpula?
A chamada à peregrinação foi tomada seriamente por diversas igrejas europeias que estão organizando uma série de iniciativas em nível nacional e local. A KEK pretende acompanhar as iniciativas das igrejas, trabalhar junto a elas, apoiando os projetos e as contribuições, em particular aqueles provenientes das igrejas numericamente menores. Toda esta riqueza e variedade de iniciativas será compartilhada numa consulta que se realizará no próximo 12-14 de outubro em Schwerte (Alemanha), junto à Academia Evangélica de Villigst. Ao encontro são convidadas todas as igrejas da KEK, tanto para marcar o ponto sobre o caminho já percorrido, como para preparar-se ao encontro de Paris, no âmbito do qual, entre as tantas entidades e associações, também as igrejas estarão presentes e terão a sua visibilidade.
Que mensagem as igrejas da KEK levarão a Paris?
Certamente as igrejas oferecerão a sua contribuição específica. Tanto ao nível de compartilhamento de boas práticas – que são sempre mais numerosas, por exemplo, as comunidades que utilizam painéis solares – como ao nível de sensibilização da opinião pública e de pressões sobre os respectivos governos para investir mais intensamente em energias renováveis e para proteger as populações mais expostas às consequências da mudança climática. Acima de tudo, queremos sublinhar que a questão não diz respeito somente ao clima, mas também à justiça. Por isso falamos de justiça climática.
Pelo que se refere à visibilidade das igrejas na cúpula, ainda está em preparação um calendário de eventos. No momento sabemos que no dia 2 ou 3 de dezembro haverá um culto ecumênico junto à catedral de Notre-Dame com a presença, entre os outros, do patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu.
No dia 28 de novembro haverá a jornada inter-religiosa acompanhada de diversos eventos que terão lugar na cidade. É claro que a mudança climática é um grande desafio, tão grande que não pode ser enfrentado somente por políticos. Há um papel para o mundo dos negócios, a sociedade civil, as igrejas e as comunidades religiosas. Por isso me sinto impelida a lançar um apelo a todas as igrejas e a cada cristão para se unirem a esta peregrinação pela justiça climática como uma oportunidade para afirmar que o cuidado pelo ambiente faz parte da nossa fé cristã.
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COP 21.Uma peregrinação pela justiça climática - Instituto Humanitas Unisinos - IHU