27 Março 2015
Sobre as pessoas LGBT, o compromisso pastoral da Igreja deve integrar as aquisições da ciência moderna e dos comportamentos sociais. A afirmação, em uma entrevista ao jornal britânico The Telegraph (09-03-2015), é do cardeal filipino Luis Tagle, arcebispo de Manila – considerado por muitos como um dos cardeais mais papáveis no próximo conclave –, em Londres, por ocasião do encontro nacional dos jovens católicos ingleses "Flame II", realizado no dia 8 de março passado, no estádio de Wembley.
A reportagem é de Ludovica Eugenio, publicada na revista Adista Notizie, n. 12, 28-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Na entrevista, Tagle contestou a estigmatização realizada por muitos representantes da Igreja contra as pessoas gays e lésbicas, e analisou a evolução em vários níveis que, ao longo do tempo, levou a uma percepção diferente da realidade das pessoas homossexuais e dos divorciados em segunda união.
Em primeiro lugar, um "crescimento na misericórdia", unido a uma mudança na sensibilidade, que fez com que "o que antigamente era um modo aceitável de mostrar misericórdia (…) agora, na mentalidade contemporânea, deixou de ser visto assim".
A isso, somou-se uma nova visão da psicologia infantil, que modificou o modo de transmissão do ensino católico, assim como uma mudança de linguagem: "As palavras usadas no passado para se referir aos gays e aos divorciados em segunda união, às mães solteiras etc., que eram muito duras", tendiam a rotular e, em última análise, a isolar as pessoas que pertenciam a essas categorias.
"Não sei se é verdade – conta Tagle –, mas ouvi dizer que, em alguns círculos, círculos cristãos, o sofrimento ao qual essas pessoas eram submetidas era até considerado como uma consequência justa dos seus erros, que de certo modo eram assim espiritualizados... Mas estamos contentes por constatar e sentir que essa situação mudou."
A propósito dos divorciados em segunda união e da sua hipotética readmissão aos sacramentos, em circunstâncias particulares, Tagle disse que não é simples encontrar uma resposta: "Cada situação é bastante única. Ter uma regra geral poderia ser contraproducente no fim das contas. A minha posição, no momento, é a de perguntar: 'Podemos levar seriamente em consideração cada situação? E a Igreja prevê caminhos que permitam que se leve cada caso individualmente?'. É um assunto sobre o qual eu espero que as pessoas apreciem o fato de que não há 'sim' e 'não' fáceis. Não podemos ter uma fórmula para todos os casos".
Foto: AFP/Getty Images
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
''A Igreja maltratou gays e divorciados'': cardeal Tagle pede nova abordagem - Instituto Humanitas Unisinos - IHU