Por: Nícolas Nóbrega, Guilherme Tenher e Marilene Maia | 08 Novembro 2019
O mercado formal de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre apresentou importantes movimentações no ano de 2018. A região empregou formalmente 1.280.886 trabalhadores, sendo 27% localizados nos catorze municípios da região do Vale do Sinos. Observa-se que quase metade dos assalariados da região metropolitana possuíam ensino médio completo e 47% dos contratados recebiam rendimentos entre 0,50 e 2 salários mínimos. Em contrapartida, o número de contratações entre 2017 e 2018 diminuiu na região do Vale do Sinos: houve uma queda de 4.193 postos de trabalho. Ademais, nota-se nova retração nos vínculos e no estabelecimento da indústria de transformação.
O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, coletou e sistematizou os dados da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS sobre o mercado formal de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA e Vale do Sinos - VS. Confira abaixo o texto com as informações completas:
A Região Metropolitana de Porto Alegre empregou formalmente 1.280.886 trabalhadores no ano de 2018. Deste total, 52% ou 671.758 eram homens e 48% ou 609.128 eram mulheres. Os dados também revelam uma concentração dos vínculos entre os municípios: 53,8% ou 689.598 pessoas foram contratadas em Porto Alegre, os 46,2% restantes se distribuíram nos 33 municípios da região. Canoas, por exemplo, foi a segunda cidade com maior número de contratados, sendo 83.288 ou 6,5% do total da região.
Glorinha se destacou em 2018 por apresentar um mercado de trabalho formal composto por 71% de trabalhadores do sexo masculino e apenas 29% do sexo feminino. Em termos absolutos, são 1.516 homens contra 609 mulheres. Em seguida, Eldorado do Sul também contabilizou 66% de contratados homens e Triunfo registrou 65%. Em contrapartida, São Jerônimo possuía 54% do total de sua força de trabalho composta por mulheres, seguido de Parobé e Dois Irmãos, com 52% de trabalhadoras no mercado de trabalho.
Importante a ressalva de que o trabalho formal anterior à reforma da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT assegurava a proteção social, a partir da garantia de jornada de trabalho, salário mínimo, férias remuneradas, auxílio saúde, previdência e outros. A partir da reforma trabalhista pela Lei 13.647/2017, a formalidade abrangeu um maior escopo de vínculos antes tidos como informais, visto que, como nos casos dos trabalhadores por contratos intermitentes – nova modalidade legislada –, o vínculo empregatício não se correlaciona necessariamente a um panorama de proteção social. Tais direitos, previamente mencionados, em decorrência desta reforma encontram-se disponíveis para negociação, desde que acordada entre as partes – contratante e contratado. Por fim, demonstra-se uma quebra da dorsal da CLT, bem como a desestruturação da manutenção da renda diante do infortúnio do desemprego.
Os municípios do Vale do Sinos empregaram 27% do total de trabalhadores formais da região metropolitana em 2018, contabilizando 352.096 vínculos ativos. Destacando apenas os municípios do Vale, observa-se que Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo registraram 60,2% das contratações desta região, totalizando 211.895 pessoas.
Percebe-se que a faixa etária entre 30 e 39 anos foi a que reuniu maior número de trabalhadores na região metropolitana. Em termos numéricos, foram 379.398 contratações ou 29,6% do total. Empregados entre 40 e 49 anos se posicionaram em seguida com 292.649 admissões ou 23% do valor total. Por outro lado, os jovens entre 18 e 24 anos representaram 12,8% da força de trabalho no ano de 2018.
Assim como a região metropolitana, 29% dos trabalhadores do Vale do Sinos possuíam idade entre 30 e 39 anos. Em seguida, com 22%, a faixa de pessoas entre 40 e 49 anos se posicionou em segundo lugar. Por fim, jovens entre 18 e 24 anos contabilizaram 55.481 admissões no Vale, representando 16% do total de contratados.
Concernente ao grau de instrução, observa-se que 531.923 ou 43% dos trabalhadores da região metropolitana possuíam ensino médio completo em 2018. Depois, 25% possuíam ensino superior completo, isto é, 311.295 pessoas. Todavia, deste último valor, 229.679 graduados exerciam suas funções em Porto Alegre, concentrando aproximadamente 73% dos vínculos com este grau de escolaridade.
Nova Hartz se destaca por apresentar um maior número relativo de trabalhadores com o 5º ano do ensino fundamental completo: foram 160 trabalhadores ou 6,3% do total de admissões do município. Comparativamente, a média da região metropolitana para esta faixa de escolaridade foi 1,5% do total dos vínculos. Em adição, o mercado nova-hartense foi composto por 1.392 ou 22% de sua força de trabalho com escolaridade entre o 6º e 9º ano do ensino fundamental. Para a região metropolitana, a média para este grau de instrução é de apenas 6% do total.
Sapiranga possuía 5.041 ou 21% do total de contratados com ensino fundamental completo e Gravataí registrou 29.198 ou 56% da sua força de trabalho com ensino médio completo. Analisando os demais graus de escolaridade, nota-se que Eldorado do Sul, São Leopoldo e Taquara registraram um maior número relativo de trabalhadores com ensino superior incompleto: cada município contabilizou 9% do total de vínculos, enquanto a média da região metropolitana é de 6%. Ademais, 229.679 ou 34% dos trabalhadores do mercado formal de Porto Alegre possuíam ensino superior completo, assim como 8.088 ou 1,2% do total da força de trabalho já haviam concluído mestrado.
No Vale do Sinos, o destaque vai para Araricá e Portão que, individualmente, apresentaram 17% de seus trabalhadores com ensino fundamental completo. Já Esteio registrou 54% ou 1.254 trabalhadores com ensino médio incompleto. São Leopoldo, por outro lado, possuía o maior número relativo de trabalhadores com ensino superior incompleto e completo, somando 14.108 pessoas ou 25% do total de contratados.
Em 2018, a região do Vale contabilizou 151.111 trabalhadores com ensino médio completo, representando 44% do total de vínculos. Em seguida, 48.738 pessoas possuíam ensino superior completo (14% do total). Por fim, 12% ou 41.756 contratados estavam com ensino fundamental completo.
Nota-se que 65% dos contratados no ano de 2018 na região metropolitana recebiam salários entre 1,01 e 3 salários mínimos. Em termos absolutos, pode-se dizer que 809.490 pessoas auferiam rendimentos nominais entre R$ 963 e R$ 2.862. Se analisada a faixa entre 0,50 e 2 salários mínimos, percebe-se um registro de 589.920 empregados, isto é, 47% da força de trabalho da região metropolitana. O município de Sapiranga recebe destaque por apresentar 9.710 cidadãos ou 41% da força de trabalho recebendo entre 1,01 e 1,5 salários mínimos. Em Glorinha, por outro lado, 15% dos vínculos ativos possuem uma faixa salarial entre 3,01 e 4 salários mínimos. Para a região metropolitana, por exemplo, esta faixa representa 9% do total de contratações.
No Vale do Sinos, as tendências vistas para a região metropolitana se apresentam de forma acentuada. Contando apenas os catorze municípios, observa-se que 72% dos trabalhadores recebiam entre 1,01 e 3 salários mínimos. Em Nova Hartz, por exemplo, 58% dos assalariados recebiam entre 1 e 1,50 salários mínimos.
Confira abaixo a quantidade de trabalhadores por faixa salarial e grau de escolaridade:
Setores que envolviam atividades relacionadas à administração técnica, administração pública e comércio varejista concentraram 578.424 pessoas ou 46% do total de trabalhadores da região metropolitana em 2018. Os destaques vão para Capela de Santana com 22% de seus vínculos voltados para o setor de borracha, fumo e couros, assim como 29% do total de contratações do município relativos à administração pública.
Glorinha, em contrapartida, registrou 33% do total de seus trabalhadores no setor de madeira e mobiliário. Ademais, 15% do total de vínculos de Charqueadas estão localizados na indústria metalúrgica. Ainda analisando o setor industrial, nota-se que 14% dos assalariados de Gravataí estavam na produção de materiais de transporte e 20% do total de contratados no ano passado em Triunfo foram distribuídos na indústria química.
O Vale do Sinos apresentou uma configuração diferente da região metropolitana como um todo. Nota-se que 57.344 cidadãos ou 17% do total de trabalhadores se concentraram no comércio varejista e 34.097 pessoas ou 10% do total de vínculos estavam localizados na indústria de calçados. Concernente à indústria calçadista, destaca-se que 67% do total de trabalhadores em Nova Hartz estavam vinculados a este tipo de atividade, bem como 44% dos empregados de Sapiranga. Nas cidades mais populosas, observa-se que o comércio varejista concentra mais vínculos ativos: Canoas, por exemplo, registrou 21% do total de contratos neste setor, assim como Novo Hamburgo concentrou 18% de sua força de trabalho nesta atividade.
Relativo ao número de estabelecimentos, percebe-se que das 96.981 unidades registradas no ano passado na região metropolitana, 29.491 ou 31% eram do setor de comércio varejista e 17.989 ou 19% eram de atividades de administração técnica.
O Vale do Sinos registrou 31.608 estabelecimentos no ano de 2018. Deste total, 10.407 ou 33% eram relacionados ao comércio varejista e 3.688 ou 12% eram relativos à administração técnica. Ao contrário do número de vínculos, o número de estabelecimentos para o setor industrial não apresentou um valor relativo significativo. A indústria calçadista possuía o maior registro: 1.114 unidades, representando 4% do total. Em segundo lugar vem a indústria metalúrgica com 1.010 estabelecimentos, representando 3% do valor total.
As ocupações com mais trabalhadores na região metropolitana são aquelas voltadas à administração pública em geral, com 172.611 trabalhadores ou 13,5% do total de vínculos da região. Atividades de atendimento hospitalar, exceto pronto socorro e unidades para atendimento a urgências se posicionaram em segundo lugar, com 53.331 cidadãos ou 4,2% do total. Segurança e ordem pública vêm em seguida com 35.748 vínculos, representando 2,8% do valor total. Atividades de vigilância e segurança privada se posicionaram em quarto lugar, com 24.925 contratados (1,9%), e atividades do comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios/supermercados ficaram na quinta posição, com 24.025 pessoas ou 1,8% do total de vínculos.
O Vale do Sinos registrou como ocupações com mais trabalhadores as seguintes: administração pública com 26.851 vínculos ou 7,6% do total registrado para os catorze municípios da região. Em seguida, atividades relacionadas à fabricação de calçados de couro com 15.687 cidadãos ou 4,5% do total. Transporte rodoviário de carga, exceto produtos perigosos e mudanças, intermunicipal, interestadual e internacional se posicionou em terceiro lugar com 8.699 contratados (2,5%). A seguir, comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios/supermercados registrou 7.763 vínculos (2,2%), e atividades de atendimento hospitalar, exceto pronto socorro e unidades para atendimento a urgências, se posicionaram em quinto lugar com 7.251 pessoas ou 2,1% do total de contratações na região do Vale.
O mercado de trabalho no ano de 2017 no Vale do Rio dos Sinos apresentou um aumento em termos absolutos no número de admissões. Enquanto em 2016 o total de trabalhadores na região era de 354.279, o ano passado contabilizou 356.289 admissões, isto é, um aumento de 0,57%. O município de Araricá obteve a maior variação, pois entre o ano de 2016 e 2017 a cidade teve um aumento de 19,17% no número de trabalhadores (1.398 em 2016 para 1.666 em 2017). Entretanto, por mais que Araricá tenha apresentado a maior variação percentual positiva, Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo são os municípios do Vale do Sinos que possuem o maior número de trabalhadores contratados no ano passado, com 82.107, 74.742 e 58.055 respectivamente, representando cerca de 60% do total de empregados da região. Todavia, o número de contratações entre 2017 e 2018 diminuiu na região: houve uma queda de 4.193 postos de trabalho. Em termos absolutos, o número de vínculos ativos passou de 356.289 em 2017 para 352.096 em 2018, uma queda de 1,17% no número de cidadãos atrelados ao mercado de trabalho formal.
O número de empregados analfabetos decresceu em quase todos os municípios, salvo São Leopoldo (42 trabalhadores analfabetos em 2016 para 48 em 2017) e Sapiranga (42 trabalhadores analfabetos em 2016 para 45 em 2017). O número de empregados com o 5º ano do ensino fundamental também decresceu em 13 dos 14 municípios da região, com destaque para Portão, o qual registrou uma variação negativa de 14,8% (398 contratados em 2016 para 339 em 2017), e Araricá, que foi o único município que apresentou uma taxa de variação positiva: 1,45% (69 em 2016 para 70 trabalhadores em 2017). Em 2018, trabalhadores analfabetos ou com 5º ano do ensino fundamental incompleto representaram 1,9% das contratações totais da região.
Grande parte dos trabalhadores do Vale do Sinos recebeu entre 1,51 e 2 salários mínimos em 2017. Esta faixa salarial concentrou 91.066 empregados ou 25,56% do total de trabalhadores da região (em 2016 eram 89.623 trabalhadores, isto é, uma variação positiva de 1,61%). O segundo estrato salarial com mais contratados é aquele que engloba de 1,01 a 1,50 salários mínimos, aglomerando 89.120 trabalhadores em 2017, resultando uma variação de apenas 0,4% se comparado com o ano anterior (88.765 trabalhadores recebiam entre 1,01 e 1,50 salários mínimos em 2016). No ano de 2018, a faixa salarial entre 1,51 e 2 salários mínimos se manteve como a que mais contabilizou contratados na região, foram 92.692 pessoas. Em adição, se comparado com o ano de 2017, nota-se que houve um aumento de 1,8% no número de assalariados nesta faixa de rendimento. Em contrapartida o estrato que compreende 1,01 e 1,50 salários mínimos apresentou uma movimentação de 89.120 contratados em 2017 para 80.549 em 2018, resultando em uma queda de 9,6%.
O número de estabelecimentos no mercado de trabalho no Vale do Sinos no ano de 2017 foi marcado por uma retração de -1,9% se comparado ao ano anterior. Em termos absolutos, pode-se dizer que em 2016 havia 32.839 estabelecimentos na região e 2017 contabilizou 32.203. Entre o último biênio, observa-se nova queda no número de unidades, passando para 31.608 em 2018 ou, em termos percentuais, uma retração de 1,85%. Só o setor da indústria de transformação passou de 6.225 estabelecimentos em 2017 para 5.981 em 2018, contabilizando uma queda de 3,9%.
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47% dos trabalhadores recebiam até 2 salários mínimos na Região Metropolitana em 2018 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU