Por: Patricia Fachin e Lara Ely | 20 Outubro 2017
A “grande novidade do Antropoceno”, nova era geológica que iniciou a partir de 1850, com o início da revolução industrial, “é que nós humanos estamos alterando nosso próprio tempo”, diz o geólogo Rualdo Menegat à IHU On-Line, na entrevista a seguir, concedida por e-mail. Segundo ele, “desde a Revolução Industrial, as atividades humanas já se fazem registrar de modo geológico, isto é, vem deixando marcas incontestes na memória física da Terra: trata-se da pegada geológica da humanidade”. Entre os fatores que têm contribuído para o surgimento dessa nova era geológica, Menegat menciona a agricultura intensiva, “que esparrama agrotóxicos, desmatando e desestruturando ecossistemas e produzindo alimentos pouco saudáveis”. Entretanto, pontua, “a questão central é que a causa dos problemas somos nós no sentido duplo: pelos impactos que produzimos e pela ausência de planejar o ecossistema urbano de acordo com as características dos sistemas terrestres”.
A era do Antropoceno, caracterizado pelo “domínio da humanidade sobre o planeta”, explica, tem gerado uma sobrecarga da Terra, e os efeitos são visíveis em uma série de eventos que são cada vez mais comuns, como mudanças nos ciclos das águas, crise de abastecimento e esgotamento dos aquíferos, variações nos períodos de seca e chuva, expansão de pragas biológicas, e deterioração do solo.
Para diminuir os impactos da nova era geológica, o pesquisador frisa que é preciso, “por um lado, mudar as atividades que produzem o aquecimento de temperatura da superfície planetária; por outro lado, mudar severamente nosso hábito de viver em cidades”. E adverte: “O século XXI será aquele da grande urbanização planetária. Em torno de 2050, mais de 70% da população que alcançará nessa época a cifra de nove bilhões estará vivendo em cidades. Serão mais de 6,3 bilhões de cidadãos urbanos e isso nos leva inevitavelmente a mudar o modo de viver nas cidades herdado do século XX e da Revolução Industrial”.
Menegat | Foto: ULBRA
Rualdo Menegat é graduado em Geologia, mestre em Geociências e doutro em Ecologia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, onde leciona atualmente no Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências. Também é assessor científico da National Geographic Brasil, membro honorário do Fórum Nacional dos Cursos de Geologia, membro da International Commission on History of Geological Sciences - IUGS e da International Association for Geoethics. Foi presidente do Fórum Nacional de Cursos de Geologia entre 2010 e 2014, e diretor do Centro de Investigação do Gondwana, entre 2013 e 2014.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Embora nos dias de hoje seja mais comum falar em Antropoceno, alguns pesquisadores afirmam que há um dado em aberto em relação a qual seja a data formal do início dessa nova era. Como está essa discussão e qual data indica melhor o início dessa nova era geológica?
Rualdo Menegat - Comecemos pela definição de Antropoceno do ponto de vista da Estratigrafia, que é a disciplina da geologia que trata da memória da Terra. Antropoceno seria a unidade de topo da Escala de Tempo Geológico. Essa escala abrange todo o tempo de evolução da Terra, desde 4,6 bilhões de anos atrás. As unidades de tempo geológico não são arbitrárias, mas se referem a registros físicos gravados na crosta do planeta, isto é, na camada sólida mais externa. Tais registros costumam ser rochas ígneas e metamórficas para idades entre 600 e 3.800 milhões de anos. Nos últimos de 600 milhões, os limites das unidades de tempo estão gravados em rochas sedimentares e, nos últimos 30 milhões de anos, também em depósitos sedimentares inconsolidados e mesmo nas camadas de gelo, que também é um mineral. Portanto, do ponto de vista estratigráfico, adicionar uma nova unidade requer um claro protocolo científico de constituição das evidências físicas da memória planetária. Seria equivalente na Química, a acrescentar um novo elemento atômico na tabela periódica. Por isso, para nós estratígrafos, postula-se o Antropoceno como sendo o período do tempo geológico iniciado a partir de 1850, ou seja, da Revolução Industrial para cá, cujas evidências serão comentadas na próxima pergunta.
IHU On-Line - Quais são os sinais geológicos que indicam que estamos na era do Antropoceno e quais são as características centrais desse período?
Rualdo Menegat - Sempre comentamos que as atividades humanas impactam negativamente os ecossistemas da Terra, trazendo enormes problemas para a biodiversidade, a qualidade da água e do ar, o esgotamento dos solos e a perda da qualidade de vida nos ambientes urbanos. Mas, desde a Revolução Industrial, as atividades humanas já se fazem registrar de modo geológico, isto é, vem deixando marcas incontestes na memória física da Terra: trata-se da pegada geológica da humanidade. Como exemplo, podemos citar a presença de tecnofósseis nos depósitos sedimentares. Consideram-se tecnofósseis materiais como plástico e microplástico, alumínio metálico e concreto, ou seja, materiais que são exclusivamente fabricados pela atividade humana. Também se utilizam as chamadas ‘assinaturas geoquímicas’, que incluem a dispersão de nucleotídeos como o 239Pu, decorrente da explosão das bombas atômicas, e do chumbo (207/206Pb), derivado da combustão de gasolina. Pode-se traçar a assinatura geoquímica também de pesticidas, nitrogênio e fosfatos nos solos. Em particular, as assinaturas decorrentes do uso do solo pela agricultura têm sido avassaladoras devido ao transporte de sedimentos pela atividade humana cobrir mais de 50% da superfície continental e ter modificado a maior parte dos cursos de rios por meio de barragens, assoreamento etc. Também diagnosticamos por meio de mudanças do nível do mar, que se situa em torno de 3,2 ± 0,4 mm/ano desde 1993, modificando litorais dos continentes, bem como pelas mudanças da química da atmosfera pela medição das concentrações de dióxido de carbono (CO2) e CH4 (metano) e, ainda, da temperatura média global que já aumentou 1°C desde 1870.
Por fim, as inequívocas assinaturas biológicas, dentre as quais a disseminação global de espécies invasoras e a extinção de espécies. Portanto, o Antropoceno é nitidamente o período geológico em que as atividades humanas estão não apenas impactando o meio ambiente e a maquiagem do planeta, mas também deixando marcas no tempo geológico profundo.
IHU On-Line - Que mudanças geológicas são esperadas por conta do Antropoceno?
Rualdo Menegat - Quando falamos de mudanças geológicas não queremos apenas dizer que são aquelas que os geólogos estudam, como se a natureza fosse já compartimentada de acordo com nossas disciplinas. A natureza é uma totalidade e as disciplinas foram inventadas por nós humanos. Quando se fala em mudança geológica queremos referir a enorme dimensão escalar do espaço e do tempo a que se referem. Portanto são mudanças que se verificam em uma escala extra-humana, quer dizer, planetária e que ficam gravadas na memória estratigráfica da Terra, no tempo profundo, isto é, muito além do tempo histórico da humanidade. Essas escalas não são imediatas aos cidadãos que, comumente, reconhecem com maior facilidade as mudanças que ocorrem na escala humana, como são as chamadas alterações ambientais devido retificações do curso de um rio, desmatamento, contaminação da água e do ar, aridização, perda da biodiversidade etc.
No Antropoceno, devemos nos preparar para entender as mudanças planetárias, uma nova dimensão que precisa ser incorporada em nosso cotidiano e no entendimento do que é ser cidadão do mundo. Dentre essas mudanças, estão: os ciclos das águas, provocada tanto pelas mudanças climáticas, como pelas barragens e mudanças de cursos fluviais, levando a crises de abastecimento, esgotamento de aquíferos, rebaixamento dos níveis freáticos; mudanças nos litorais, que poderão ser inundados e erodidos; variação na intensidade de períodos de seca e inundação, levando a uma maior frequência de tempos severos; variação dos limites de expansão de pragas biológicas, onde doenças e pragas tropicais poderão ocorrer em zonas temperadas. Deterioração dos solos, entre outros.
IHU On-Line - Qual é a centralidade da discussão sobre mudanças climáticas nessa nova era geológica?
Rualdo Menegat - As mudanças climáticas são uma parte importantíssima de nossas preocupações. Precisamos encarar seriamente essas questões. Na literatura científica, trata-se de um consenso a essa altura do século XXI. As vozes dissonantes são muito poucas e, em geral, nunca apresentaram dados sequer razoáveis para colocar em dúvida o fenômeno que estamos assistindo. A grande novidade do Antropoceno é que nós humanos estamos alterando nosso próprio tempo. Portanto devemos ter claras as duas faces da moeda: por um lado, mudar as atividades que produzem o aquecimento de temperatura da superfície planetária; por outro lado, mudar severamente nosso hábito de viver em cidades. O impacto das mudanças climáticas nas cidades vai desde inundações, ventos fortes e maremotos para as que se situam na costa, até desabastecimento, e crises hídricas e de energia. Portanto, outra parte importante da equação das mudanças climáticas é o fato de que o século XXI será aquele da grande urbanização planetária. Em torno de 2050, mais de 70% da população que alcançará nessa época a cifra de nove bilhões estará vivendo em cidades. Serão mais de 6,3 bilhões de cidadãos urbanos e isso nos leva inevitavelmente a mudar o modo de viver nas cidades herdado do século XX e da Revolução Industrial.
IHU On-Line - Recentemente foi publicada uma notícia de que o dia da sobrecarga da Terra acontece cada vez mais cedo, ou seja, a cada ano a humanidade estaria esgotando mais cedo a cota apropriada da riqueza natural do planeta. Qual sua leitura acerca dessa informação e como devemos compreender o significado dessa notícia? É possível pensar alternativas para reverter essa situação?
Rualdo Menegat - O Antropoceno é o período de domínio da humanidade sobre o planeta e também sobre a própria sociedade. Dificilmente nos damos conta do que seja viver em sociedades gigantescas, embora a população total do mundo seja de 7,1 bilhões de pessoas, sendo mais da metade - 3,8 bilhões - urbana. Já somos um Sapiens sapiens urbis. Devemos nos preparar para a inércia do crescimento urbano em dois sentidos: aprender a viver em sociedades densas, desenvolvendo a aptidão para a vida humana intercultural e diversa, rejeitando a intolerância; e aprender a tornar a vida urbana mais leve e resiliente, vale dizer, diminuir o consumo e trazer os elementos vitais da vida – água, ar e alimentos – para o controle da cidadania. Esta é a disputa que vivemos hoje: de um lado o mercado querendo privatizar os elementos vitais da vida humana, tornando a água o ar e os alimentos mera mercadoria e, para tanto, fazendo valer-se de governos cada vez mais despóticos e intolerantes; de outro, a cidadania que quer a sustentabilidade, a tolerância e uma vida saudável sob o controle das comunidades. A ideia de um consumo ilimitado dos bens da Terra acabou. Não adianta mais o mercado ignorar essa máxima, sob pena de sobrecarregar a Terra para além da capacidade de sua recuperação natural e dizimar o futuro das próximas gerações.
IHU On-Line - Quais diria que são hoje os fatores que mais contribuem para a chamada “sobrecarga da Terra”?
Rualdo Menegat - Há um conjunto de fatores. Comecemos pela agricultura intensiva e exportadora que esparrama agrotóxicos, desmatando e desestruturando ecossistemas e produzindo alimentos pouco saudáveis. Estamos tornando nossa linda paisagem sul-rio-grandense em um quintal de monoculturas, esgotando o solo, a água e os ecossistemas. Em seguida, há o uso intensivo de energias não renováveis. Um dos maiores erros do século XX foi acreditar que poderíamos mexer no estoque de energia do planeta – carvão e petróleo – sem que houvesse qualquer consequência para os sistemas da Terra. Queimamos carvão e petróleo e nos tornamos uma forçante de mudanças climáticas ao devolver para atmosfera uma energia que os sistemas naturais haviam retirado e estocado nas camadas da Terra.
Nossos bisavôs tinham suas próprias usinas elétricas domésticas e produziam localmente a energia que precisavam. Ao contrário, a energia hoje é produzida por gigantescas companhias que dominam governos e nações, tornando-nos meros reféns. Por fim, para ser breve, o modo de vida urbano, que faz das cidades organismos extremamente egoístas e consumistas. Isto é, as cidades retiram tudo da natureza e nada devolvem. Quando o fazem, é na forma de contaminantes. As cidades esgotam duas vezes os sistemas naturais: exaurindo os sistemas naturais até que não possam mais se recuperar e devolvendo contaminantes que contribuem enormemente para o definhamento da natureza.
IHU On-Line - O que deve ser distintivo para pensarmos sustentabilidade na chamada era urbana?
Rualdo Menegat - O determinante é termos consciência de que não haverá respostas globais se não houver ação e mudança local. Isso nos leva a perceber de forma mais intensa o mundo que está imediatamente a nossa volta, em nosso bairro, em nosso local de trabalho, em nosso local de estudo e em nossa casa. Precisamos cuidar de cada local desses com uma agenda que diminua a pegada ecológica, isto é, que diminua a dependência dos sistemas externos, tanto no sentido de demanda por recursos e energia, como no descarte de resíduos e efluentes. Isso quer dizer: menos consumo de energia, menos consumo de água, reciclar tudo o que pudermos, diminuir o consumo e fazê-lo de forma inteligente, produzir alimentos dentro das cidades por meio da agricultura urbana. O cuidado com as cidades passa pela construção de uma ética da Terra, que chamamos de geoética, por meio da valorização das comunidades urbanas, de modo a tornar as cidades mais conscientes de si, pois hoje elas são verdadeiros autômatos em que os humanos apenas realizam rotinas sem viver e usufruir suas paisagens. Enfim, buscar uma vida mais saudável e viver bem.
IHU On-Line - Em suas palestras você costuma falar do voracino e do velocino, que são metáforas para as características da sociedade contemporânea, como a velocidade e a voracidade. Como essas duas questões impactam em nosso planeta?
Rualdo Menegat - As cidades são gigantescos organismos de consumo e desperdício. Diariamente elas consomem milhares de tonalidades de todos os tipos de materiais que são extraídos da natureza: carvão, petróleo, metais, madeira, alimentos, celulose, água, energia, etc. etc. Tudo vem da natureza. Ao mesmo tempo, a cidade não utiliza plenamente os materiais que importa, descartando grande quantidade de todos os tipos de materiais e contaminando os sistemas da Terra. Esse organismo que consome com tanta voracidade e possui baixíssimo aproveitamento e alto descarte, chamo-o de “Voracino”. Isto é, um organismo que possui um metabolismo caótico, que dispersa seus resíduos em todos os lados, que não sabe aproveitar adequadamente os materiais que consome. O Voracino tem um parceiro implacável, que é o Velocino. A ideia de que na cidade tudo tem que ser ultrarrápido, em que não temos tempo para cuidar de nada. Essa atitude rouba nossa sensibilidade, pois não cuidamos mais de nosso entorno. Não sei quem decidiu isso, mas o Voracino e o Velocino compõem os signos da ideologia urbana contemporânea. Resultado, as cidades se tornaram organismos de metabolismo linear: extraem tudo da natureza, consomem pela metade, e jogam tudo fora. Precisamos reverter isso em prol do que Hebert Girardet chama de metabolismo circular, isto é, as cidades devem consumir menos e reaproveitar tudo, não jogando nenhum resíduo fora.
IHU On-Line - Pela primeira vez na história geológica se assumiu a espécie humana como principal força motriz de transformação da superfície terrestre. Que consequências a sociedade de hoje está deixando para litosfera e atmosfera?
Rualdo Menegat - Na história das ciências, em particular das ciências naturais, nunca pensamos que poderíamos produzir, enquanto humanos, nosso próprio tempo terrestre. Esse é o paradoxo do Antropoceno: estamos correndo atrás de nosso próprio tempo. Assim, tanto mais desmedidos e impensados são os impactos que produzimos nos sistemas terrestres, tanto mais sofreremos as consequências sobre os sistemas humanos-urbanos. Se não frearmos as taxas de aumento da temperatura global da atmosfera, mais severas e até imprevisíveis serão as mudanças climáticas, trazendo mais problemas para as populações urbanas. Muitos leem isso como ‘revanche da natureza’. Mas, a natureza não é um ser consciente que carrega mágoas dos humanos. A natureza é muito mais antiga que a humanidade e perdurará muito além da existência da espécie humana. A questão central é que a causa dos problemas somos nós no sentido duplo: pelos impactos que produzimos e pela ausência de planejar o ecossistema urbano de acordo com as características dos sistemas terrestres.
IHU On-Line - Para muitos países, o desenvolvimento tem sido baseado na mineração, uma das atividades mais impactantes da atualidade. Como equilibrar este paradoxo?
Rualdo Menegat - Esse é um problema muito sério, pois grandes países como o Brasil se não tiverem uma clara noção de que o desenvolvimento sustentável requer equidade social e funcionamento dos ecossistemas, podem virar quintal de países. Vender recursos naturais em troca de uma severa deterioração de nossas terras não é um bom negócio, pois não desenvolve o país e tampouco preserva seus ecossistemas. Tornar as florestas brasileiras, o cerrado e os campos do sul em quintal de produção de grãos para outros países também não é uma estratégia adequada. Da mesma forma, a deterioração de ecossistemas para vender minério bruto. Países como a Nigéria que tem sua economia essencialmente baseada na extração de petróleo é um exemplo do que estamos afirmando: de um lado, uma sociedade com grandes disparidades sociais e com pouco equilíbrio do desenvolvimento social. De outro, a exploração de petróleo feito por companhias estrangeiras nas florestas da Nigéria tem levado a graves acidentes ambientais e deterioração desse magnífico ecossistema. Quando acabar o petróleo, o resultado será a destruição total da floresta e uma sociedade arruinada. O que certamente vai gerar refugiados. Os problemas estão todos interligados.
IHU On-Line - Fala-se na necessidade de mudança de estilo de vida em relação ao consumo de recursos naturais. Porém, qualquer ação gera impacto na natureza. Que tipo de comportamentos práticos realmente podem ter efeito prático para a diminuição da pegada ecológica?
Rualdo Menegat - Certamente as vidas de qualquer indivíduo e de uma sociedade do tamanho a que alcançamos geram impactos. A questão tem dois sentidos: de um lado, devemos cuidar para produzir menos impacto material, reduzindo o consumo, avaliando a cadeia de produção daquilo que consumimos. Perguntar antes de comprar um móvel de mogno, por exemplo, se ele não foi fabricado com a destruição de florestas. De fato, tornar obsoleto o que não queremos mais. Se o plástico produz danos, então devemos torná-lo obsoleto pelo desuso. Por outro, sermos capazes de construir sistemas cíclicos: reutilizar e tratar a água de nossos condomínios em nossos próprios terrenos. Coletar a água da chuva: instalar cisternas e sistemas de uso dessa água. Exigir coleta de resíduos recicláveis e interessar-se pela sua reciclagem adquirindo produtos fabricados a partir desses materiais. Valorizar a produção local, evitando materiais que tenham alto custo de transporte. Veja que a solução é sempre de dois tipos: uma que está ao nosso alcance individual, você decide, sua família decide, seu local de trabalho decide reciclar, reutilizar materiais. Outra, que precisa ser construída com a comunidade e com a cidade onde moramos, que é implantar sistemas cíclicos de consumo e reuso de todos os bens que necessitamos. Com isso, diminuiremos significativamente a pegada ecológica individual e coletiva das cidades.
IHU On-Line - Deseja acrescentar algo?
Rualdo Menegat - Agradeço a oportunidade de comentar sobre essas questões tão importantes para a construção de uma nova cultura urbana, mais compromissada com os valores humanos e com a Terra. Uma verdadeira geoética.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A era do Antropoceno e duplo impacto do Sapiens sapiens urbis. Entrevista especial com Rualdo Menegat - Instituto Humanitas Unisinos - IHU