18 Agosto 2009
O HablaHonduras é um projeto de jornalismo cidadão e colaborativo, dedicado ao povo hondurenho. Através desse projeto, muitos daqueles que não têm chance de serem ouvidos no país encontram ali um caminho para opinar, discutir, refletir, produzir e atuar no que diz respeito ao que está acontecendo em Honduras. A IHU On-Line conversou, por e-mail, com a equipe técnica do site, que está localizada nos Estados Unidos e, de lá, dá suporte para amplificar as vozes do povo de Honduras, imerso num golpe de estado desde junho deste ano. “Acreditamos nos espaços democráticos de diálogo e consenso e não por força da violência. Estamos ali para proporcionar o apoio técnico para a criação desses espaços e criar uma alternativa desta maneira”, disse.
Toda a informação publicada pelo HablaHonduras é enviada pelos cidadãos da comunidade hondurenha, estando eles no próprio país ou no estrangeiro. Assim, o sítio agrega blogs, links para rádios e outras páginas de “jornalismo cidadão” e, desta forma, conseguem informar a atual situação de Honduras.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como vocês, que estão nos Estados Unidos, repercutem as notícias de Honduras?
HablaHonduras – A cobertura de notícias de Honduras nos Estados Unidos é muito escassa. Isto é surpreendente, já que este evento esteve muito ligado aos EUA. Além disso, Zelaya visitou os EUA imediatamente depois do golpe porque havia pensado que o interesse havia sido maior do que realmente foi. No entanto, ilustra a enorme necessidade de outras fontes de notícias na América Central para amplificar as vozes e ajudar aos povos a serem ouvidos na região e, assim, fazer com que essas vozes sejam escutadas fora daqui também.
Somos uma equipe técnica da prestação de serviços; damos apoio técnico e não determinamos os conteúdos. Nós publicamos tudo, e os editores e organizadores do HablaHonduras que estão em Honduras fazem o resto. Suas decisões de notícia se baseiam no que é pertinente e tem repercussões para eles. Nós simplesmente proporcionamos a ferramenta.
IHU On-Line – Porque os hondurenhos necessitam de um jornalismo colaborativo?
HablaHonduras – Não é só Honduras, isso precisa ser mais amplo, como a liberdade de expressão e de fontes abertas para compartilhar suas histórias. A América Central tem a necessidade de obter fontes de notícias alternativas adicionais para diversificar o campo dos meios de comunicação. Uma das principais razões para levar este projeto do HablaHonduras é o enorme interesse das pessoas no país para falar o seu lado e perspectiva.
Não é de surpreender tanto a quantidade e qualidade do conteúdo que produzem. Nós sempre pensamos “Uau! Isto é muito, muito bom”. A sensibilização desse conteúdo vem da região e é algo tão importante, que esperamos com interesse. Cada manhã é como o dia de Natal, quando levantamos e chegamos para ler o que foi publicado, pois queremos muito ver, ouvir e ler as verdadeiras vozes de Honduras.
IHU On-Line – Como é o contato com quem está em Honduras, supervisionando e produzindo os conteúdos?
HablaHonduras – Nosso jornalismo é multimídia. As histórias do dia são decididas pelos editores e membros da comunidade em Honduras. Estamos em contato com eles através do Skype, e-mail, Facebook e outros meios para lhes dar o suporte que necessitam.
IHU On-Line – Como é atuar sobre Honduras desde os Estados Unidos?
HablaHonduras – Eu diria que tem sido uma atuação positiva. No entanto, temos sido felizes de ter uma grande base comunitária em Honduras. Esse trabalho tem nos dado muito prazer. Essas pessoas são os que fizeram tudo isso ser possível, pois têm feito um trabalho exemplar, por exemplo, com o site. São tão ansiosos por aprender. São tão incrivelmente ativos que não podemos dizer não quando necessitam de algo.
IHU On-Line – Vocês acreditam numa alternativa de contragolpe em Honduras?
HablaHonduras – Acreditamos nos espaços democráticos de diálogo e consenso e não por força da violência. Estamos ali para proporcionar o apoio técnico para a criação desses espaços e criar uma alternativa dessa maneira.
IHU On-Line – Qual é o papel da imprensa para o restabelecimento da democracia em Honduras?
HablaHonduras – A democracia e os meios de comunicação são, provavelmente, uma das questões mais interessantes para discutir. Misturam-se numa intrincada “dança” de onde a democracia e os meios de comunicação desempenham diferentes papéis no que atualizam.
Os meios de comunicação podem criar uma “casa de bruxas” das pessoas sem nenhuma prova de que realmente são. Isso é uma via democrática. Os meios de comunicação também podem provocar este tipo de força da democracia e temos visto isso em todo o mundo.
O papel dos meios de comunicação em Honduras é o mesmo que em todo o mundo – atuar como um mecanismo de controle do governo e da sociedade. Em teoria, temos três grandes poderes em uma sociedade: a lei, o governo e os meios de comunicação.
O controle dos meios de comunicação na história tem sido a chave para controlar o país, como o controle da circulação da informação lhe permitirá controlar o resto da sociedade. O conteúdo é provavelmente a parte mais importante de toda a sociedade democrática.
Ironicamente, os meios de comunicação democráticos e a democracia não são um direito, senão uma responsabilidade. Portanto, canais como o HablaHonduras, que é gratuito e aberto a qualquer pessoa que quer compartilhar sua voz, são capazes de fazê-lo por qualquer meio a sua disposição. A forma aberta e ubíqua é a chave aqui, assim como qualquer tipo de meio de comunicação em que as pessoas possam participar. Alguns só comentam e debatem. Alguns escrevem longos artigos. Alguns escrevem textos curtos e emocionais. Outros refletem, publicam imagens, vídeos, áudios, canções. Nós queremos assegurar que qualquer pessoa possa acessar a qualquer coisa. A chave para a democracia é simples: a liberdade de expressão e o consenso sobre o futuro e o presente.
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Um jornalismo cidadão a favor dos hondurenhos. Entrevista especial com a equipe do HablaHonduras. - Instituto Humanitas Unisinos - IHU