21 Agosto 2025
Ramallah. Mais oito pessoas, diz o Hamas, foram mortas ontem em meio aos escombros e à poeira de Gaza enquanto tentavam mendigar um pedaço de pão, oito almas sem rosto e sem nome, perdidas na multidão desesperada, presas entre a fome e o risco. Uma capital da morte, não apenas para as multidões devastadas pela guerra, mas também para todos aqueles que tentam garantir a sobrevivência e a dignidade em zonas de crise, como demonstram os dados divulgados pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários no Dia Mundial Humanitário. São 181 os trabalhadores humanitários mortos na Faixa desde 2024: quase metade de todos aqueles que morreram no mundo.
A reportagem é de Luca Foschi, publicada por Avvenire, 20-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
E ontem, a Faixa novamente ofereceu sua trágica contribuição de sangue para as estatísticas globais: 40 civis mortos pelos bombardeios israelenses. Enquanto isso, continua o diálogo ambíguo à distância entre as partes envolvidas nas negociações que gostariam de levar a um cessar-fogo. Israel, fortalecido por seu domínio no campo de batalha e pelo apoio inabalável e submisso dos Estados Unidos, anunciou à noite que responderia na sexta-feira ao plano de trégua apresentado pelo Catar e Egito e aceito pelo Hamas na segunda-feira. Poucas horas antes, um assessor próximo do primeiro-ministro israelense Netanyahu havia afirmado que "Israel exige a libertação de todos os 50 reféns mantidos prisioneiros em Gaza". Uma resposta que implicitamente continha uma não-rejeição clara à proposta, visto que a resposta chegará "até sexta-feira".
O Catar enfatizou que o plano espelha quase inteiramente o proposto pelo enviado estadunidense Witkoff, aprovado por Israel. Os serviços de inteligência egípcios confirmaram os detalhes: o cessar-fogo, com duração prevista de 60 dias, viria após a libertação de 10 reféns — dez vivos e 18 mortos. Em troca, seriam libertados 200 presos políticos palestinos e um número não especificado de mulheres e crianças detidas em prisões israelenses. O exército de Tel Aviv, que atualmente controla 75% da Faixa de Gaza, deveria proceder à retirada parcial de suas forças de ocupação.
O último diálogo indireto entre as partes fracassou em julho, em meio a divergências especiosas sobre detalhes, ferozes acusações mútuas, dificuldades políticas internas do governo Netanyahu e a atitude oportunista de espera do Hamas, que estava colhendo em nível diplomático as consequências da terrível carestia desencadeada pelo longo cerco à Faixa de Gaza. Muita coisa mudou em um mês. O tímido despertar da comunidade internacional foi acompanhado pelo plano elaborado pelas forças armadas israelenses de atacar e ocupar a Cidade de Gaza, onde se acredita estar localizado o coração da resistência armada do movimento islamista e os reféns. Uma sentença de morte para estes últimos, segundo suas famílias e inúmeros analistas militares.
Se o destino de mais de dois milhões de habitantes de Gaza está por um fio, o futuro do Estado palestino parece oferecer maior certeza, pelo menos nas palavras do primeiro-ministro israelense. Em carta ao presidente francês Macron, ele enfatizou duramente que “seu apelo por um estado palestino lança gasolina no fogo antissemita, premia o terror do Hamas”. O francês respondeu que não "aceita lições". Ele também dirigiu severas palavras ao primeiro-ministro australiano, culpado, como Macron, de querer reconhecer um Estado palestino durante a próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro: "A história se lembrará de Albanese (primeiro-ministro australiano) pelo que ele é: um político fraco que traiu Israel."