21 Fevereiro 2025
Entidade cobra que rede de supermercados não comercialize mais carne de porcas criadas em gaiolas de gestação
A reportagem é publicada por Sul21, 20-02-2025.
Um carro de som e vídeo tem circulado pelas ruas de Porto Alegre próximo aos endereços dos supermercados do grupo Zaffari, exibindo imagens sobre a cadeia produtiva suína, com porcas confinadas em gaiolas de gestação, com o objetivo de pressionar a empresa a se comprometer pelo fim da prática controversa. A ação faz parte da campanha da ONG internacional Sinergia Animal. Segundo a entidade, redes como Pão de Açúcar e St. Marche já baniram a venda de carne suína de animais confinados.
“Sem uma política para a sua cadeia de fornecimento, o grupo Zaffari permite que porcas grávidas passem praticamente suas vidas inteiras confinadas em gaiolas individuais, sem espaço sequer para se virar ou caminhar. Esse sistema de produção extremo causa intenso sofrimento físico e psicológico aos animais. Isso não pode ser ignorado”, explica Cristina Diniz, diretora da Sinergia Animal no Brasil.
As gaiolas de gestação são consideradas um dos sistemas mais controversos da produção de carne suína, amplamente utilizadas na pecuária industrial. As gaiolas são estruturas estreitas de metal pouco maiores do que o tamanho dos corpos dos animais, impedindo-os de se mexer.
O veículo circula na capital gaúcha até esta sexta-feira (21), passando em frente a unidades da rede de supermercados e outros locais importantes como o Centro Histórico, o parque da Redenção e a Orla do Guaíba.
Além de três telões expondo a realidade das porcas, um alto falante convida pedestres a pedir que o Zaffari implemente padrões mais elevados de bem-estar animal. Ativistas da Sinergia Animal também se concentram em frente às unidades do supermercado para distribuir panfletos e conversar com clientes da rede para conscientizá-los sobre a realidade da produção de carne suína.
“O Zaffari tem o dever de acompanhar as boas práticas do setor. O uso de gaiolas de gestação não foi banido apenas por seus concorrentes — essa é uma tendência global, já proibida no Reino Unido e em diversos países. Sem um compromisso para sua rede de fornecimento, o Zaffari não pode garantir que a carne suína vendida em sua rede atenda a padrões mínimos de bem-estar animal. Está na hora da empresa ouvir os consumidores e se posicionar de forma ética”, afirma Diniz.
A Sinergia Animal diz que busca diálogo com o grupo Zaffari desde abril de 2024, propondo soluções para eliminar a prática da cadeia de produção da rede. Além de manifestações em Porto Alegre, a campanha conta com uma petição online e já realizou atos também em São Paulo.
Procurado pela reportagem, ao Grupo Zaffari respondeu que “acompanha a progressão do tema junto aos seus fornecedores, que são as principais indústrias do país no setor de proteína animal”. Afirma ainda que “a empresa também confia e conta com a parceria desta cadeia de fornecedores para o desenvolvimento e adoção de novas políticas relacionadas ao assunto”.
