Grande Sertão. Artigo de Faustino Teixeira

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12 Junho 2024

"Fiquei tocado com a cena do encontro de Riobaldo com o Demo, numa interpretação marcante. É um filme que merece ser visto", escreve Faustino Teixeira, teólogo, professor emérito da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF e colaborador do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, em artigo publicado em sua página no Facebook, 09-06-2024.

Eis o artigo. 

Assisti hoje, 09/06/2024, o filme de Guel Arraes, Grande Sertão. Saí encantado, quebrando todos os preconceitos que me dominavam antes de entrar no cinema.

Fiz questão de assistir de forma desarmada e o resultado foi bem além do que eu esperava.

Penso que devemos assistir ao filme com uma ideia bem presente, sublinhada por Guimarães Rosa: “O sertão está em todo lugar”.

Assim como Bia Lessa fez uma linda adaptação do romance para o teatro, num lugar bem enquadrado, Guel Arraes escolheu a periferia da favela para realizar o seu filme.

Os personagens estão impecáveis. A começar por Caio Blat, interpretando tanto o Riobaldo “aposentado”, que é o narrador do filme, como o Riobaldo na ativa. Luisa está sensacional como Diadorim, dotada de uma potência e bravura que contagiam. Eu que venho acompanhando o trajeto de Caio Blat e Luisa Arraes, que desde tempos, vêm interpretando os personagens do Grande Sertão, posso atestar como esse contato duradouro dos dois com a obra de Rosa, proporcionou um atmosfera única para o espetáculo da interpretação. Os dois estão muito maduros em seus personagens, dominando cada cena.

Gostei também da interpretação de Rodrigo Lombardi (como Joca Ramiro), Eduardo Sterblitch (como Hermógenes) e Luis Miranda (como Zé Bebelo).

Eu, que dei vários cursos sobre o Grande Sertão, saí fascinado com o resultado apresentado. Há cenas de uma beleza única, como a do encontro entre os dois meninos, mais do início do filme. É quando surge aquela admiração mútua, aquele encanto que vai unir os pelo resto da vida.

Gostei muito também dos “olhares”: os momentos em que o olhar de Diadorim se volta para Joca Ramiro, com uma delicadeza única. Também os momentos de encontros singelos e sutis entre Diadorim e Riobaldo.

Fiquei tocado com a cena do encontro de Riobaldo com o Demo, numa interpretação marcante. É um filme que merece ser visto. Uma obra muito bem sucedida e realizada, que vai encantar todos aqueles que viveram um encontro sublime com o livro: Grande Sertão Veredas.

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