“Domesticar, educar, colonizar e adestrar é tudo muito parecido”

"Todos os jeitos de se adestrar parecem com o jeito de colonizar, que se parece com o jeito de educar, que parece com o jeito de domesticar. Daí eu aprendi que uma das primeiras coisas que se faz quando se vai adestrar um animal é nominá-lo. Então comecei a me preocupar e observar isso com mais cuidado. E fui entendendo que a arte de nominar é a arte de dominar" – Antonio Bispo dos Santos, pensador quilombola nêgo Bispo – Portal Uol, 13-08-2023.

Confluência

"Um rio não deixa de ser um rio quando ele conflui com outro rio. Ele continua em sua essência. Essa é a grandeza da confluência” – Antonio Bispo dos Santos, pensador quilombola nêgo Bispo – Portal Uol, 13-08-2023.

População flutuante

"Em São Paulo, por exemplo, as pessoas são desterritorializadas. O território das pessoas que vivem lá é o emprego. Se você muda de emprego, você muda de bairro. O território é itinerante. É uma população, em tese, flutuante" – Antonio Bispo dos Santos, pensador quilombola nêgo Bispo – Portal Uol, 13-08-2023.

Ou você tem um território ou é cada vez mais robotizado

"Tem muita gente saindo das grandes cidades e tendo a chance de morar mais tempo num determinado lugar. Indo para áreas mais rurais, um retorno para o campo. Ou você tem um território ou você é cada vez mais robotizado" – Antonio Bispo dos Santos, pensador quilombola nêgo Bispo – Portal Uol, 13-08-2023.

O grande Apocalipse

"Isso dá a chance para as pessoas fazerem outras coisas além de trabalhar, como plantar, viver bem. Eu brinco que o povo está voltando para o Jardim do Éden. Aconteceu o grande Apocalipse. A sociedade colonialista acabou. É uma sociedade sem destino. É por isso que querem ir para Marte, para Júpiter, para Lua. A tendência agora é viver na diversidade, na organicidade e cada vez mais territorializados" – Antonio Bispo dos Santos, pensador quilombola nêgo Bispo – Portal Uol, 13-08-2023.

Uma chaga aberta da nossa humanidade

“Mais um trágico naufrágio aconteceu há alguns dias no Mediterrâneo: quarenta e uma pessoas perderam a vida. Rezei por eles. E com dor e vergonha devemos dizer que desde o início do ano já são quase dois mil homens, mulheres e crianças que morrera neste mar tentando chegar na Europa. É uma praga aberta da nossa humanidade. Encorajo os esforços políticos e diplomáticos que buscam resolvê-la num espírito de solidariedade e de fraternidade, como também o compromisso de todos que trabalham para prevenir os naufrágios e socorrer os migrantes” – Papa Francisco, no Angelus – 13-08-2023.

Corrupto!

“Bolsonaro gostava de provocar pedindo: "Vai, me chama de corrupto!". A Polícia Federal chamou” – Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia – Folha de S. Paulo, 13-08-2023.

República de bananas

“Segundo a PF, o presidente da República do Brasil aproveitou que estava indo se encontrar com Joe Biden para contrabandear joias roubadas que seriam entregues a um general brasileiro, para que ele as vendesse em Miami. Sinceramente, a menos que o Brasil colonize Marte, não sei se tem como a gente perder a reputação de república de bananas depois dessa” – Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia – Folha de S. Paulo, 13-08-2023.

Transe

“Quando você mostrava aos bolsonaristas os cálculos de especialistas deixando claro que pelo menos 100 mil pessoas morreram durante a pandemia porque Bolsonaro se recusou a comprar vacinas, ouvia que "pelo menos ele não é corrupto". Muita gente tolerou seu golpismo porque achava que os movimentos das instituições para se defenderem de Jair eram jogadas "do sistema" contra um presidente que não roubava. Talvez agora esse transe acabe” – Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia – Folha de S. Paulo, 13-08-2023.

Maior fraude corporativa

“O caso das Americanas é a maior fraude corporativa acontecida em Pindorama. As roubalheiras ocorridas na Petrobras envolviam personagens sobre os quais pairavam esparsas suspeitas. Na Americanas, eram todos executivos exemplares, pareciam integrar uma seita de administradores que faziam milagres cortando custos” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-08-2023.

Ozonioterapia

"Na minha opinião, essa liberação da ozonioterapia foi um erro. Agora não temos o caos, o medo, a pressão, a politização e polarização do período agudo da Covid-19, por isso as duas discussões podem parecer diferentes, mas não são. Esse fato mostra como é difícil o sistema de saúde ser conduzido de uma forma técnica e científica. (...) É um erro achar que o tratamento será usado apenas nas situações hoje liberadas e que somente profissionais altamente qualificados farão uso do medicamento. Extrapolação de indicações e uso inadequado sempre podem acontecer" - Nelson Teich, médico, foi ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, quando foi demitido Luiz Henrique Mandetta. Ficou na cadeira menos de um mês e foi-se embora porque não quis perfilhar a maluquice da administração de cloroquina durante a pandemia de Covid – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-08-2023.

Mercados de natureza

“Quando você pega os relatórios do IPCC, do Painel Interministerial do Clima, e analisa relatórios de 15 anos atrás, os modelos matemáticos já previam esse tipo de acontecimento para essa região do país. Estamos assistindo nesses últimos anos a comprovação fática de modelos computacionais, matemáticos, produzidos há 15, 20 anos atrás. Os modelos que estão sendo liberados hoje mostram a exaustão do planeta. Do outro lado do país, na região do Xingu, aqui na Amazônia, começamos a observar, no ano passado, extremos climáticos que estavam previstos para acontecer a partir de 2040. Todo mundo que acredita em ciência entende que a gente precisa fazer alguma coisa. E essa alguma coisa é você mudar a estrutura de negócios do mundo, a forma como você produz, como utiliza os recursos naturais, como água e principalmente a floresta” – Marcello Brito, secretário-executivo do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal – Zero Hora, 12-08-2023.

Mudança climática e processos de financiamento

“Quando estamos sujeitos a impactos tão relevantes, decorrentes de mudança climática, isso representa um risco também? Já é um risco embutido e conhecido ou não? É claro que é. Então você pega hoje os grandes investimentos que ocorrem no mundo, todos eles são precedidos, além da análise de risco tradicional e econômica, de uma análise de mudança climática. O que estamos chamando atenção é que toda essa análise de risco ou benefício causado ou advindo das mudanças climáticas sejam inseridos também nos processos de financiamento” – Marcello Brito, secretário-executivo do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal – Zero Hora, 12-08-2023.

Ações de análise de risco e a mudança climática

“Quantos bilhões de dólares ou trilhões de dólares você acha que existem em hipotecas e financiamento de imóveis na linha costeira do mundo todo? Um único banco estrangeiro que conversamos recentemente tem de hipotecas em imóveis litorâneos algo em torno de US$ 200 bilhões. Se o oceano sobe 50 centímetros, qual será o impacto que essa instituição vai ter sobre esses US$ 200 bilhões? Se aumenta o risco de maremotos, ciclones, etc, qual é o impacto financeiro? Não há mais como dissociar as ações de análise de risco das mudanças climáticas” – Marcello Brito, secretário-executivo do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal – Zero Hora, 12-08-2023.

Desdém, desídia, inconsciência ou ignorância

“Não sei qual é a palavra mais adequada: desdém, desídia, inconsciência ou ignorância. Seja qual for, todas elas revelam nosso desinteresse pela vida no planeta. A começar pelos oito chefes de governo da Região Amazônica que, reunidos em Belém do Pará, emitiram um "comunicado final" vago e meramente burocrático” – Flávio Tavares, jornalista – Zero Hora, 12-08-2023.

É hora do mea-culpa

“Lula da Silva desconheceu as advertências da própria ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sobre os perigos da exploração de petróleo na foz do nosso maior rio, que não nasce aqui e atravessa oito países. Indiretamente, Lula mostrou-se favorável à posição do ministro das Minas e Energia, que propugna pela exploração de petróleo na foz do rio. Não será isso desconhecer que os combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, estão sendo abandonados? É hora de fazermos o mea-culpa por nossa desídia pelo meio ambiente e pelo futuro do planeta” – Flávio Tavares, jornalista – Zero Hora, 12-08-2023.

Uma perigosa tolice sem paralelo em nossa história

“A proposta do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, de que os Estados do Sudeste e do Sul se unam contra os do Norte e do Nordeste é uma perigosa tolice sem paralelo em nossa história. Significa, de fato, retaliar o país, o único da América do Sul que não se dividiu ao conquistar a independência. Mais preocupante ainda são as afirmações de Zema de que o governador Eduardo Leite aderiu à sua proposta. Superam, até, a tolice de Zema ao chamar o Nordeste de "vacas magras" e o Sudeste-Sul de "vacas gordas" – Flávio Tavares, jornalista – Zero Hora, 12-08-2023.