27 Junho 2023
Embora não saiba precisar o que vai acontecer no mundo com a evolução da IA, que avança com uma velocidade maior que o ser humano é capaz de absorver, o historiador israelense Yuval Noah Harari prevê mudanças significativas no mercado de trabalho e no campo da educação.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“Sabemos que o mercado de trabalho estará em constante mudanças. Muitos empregos vão desaparecer, outros vão surgir, que nem podemos imaginar nos dias atuais”, afirmou. “Temos que nos reinventar profissionalmente, até mesmo pessoalmente a cada cinco anos. Quem consegue fazer isso?” – indagou.
Como as universidades vão se estruturar para esse mundo do trabalho que se avizinha. Ou do não-trabalho! Quais cursos oferecer e competências trabalhar? “Nenhuma competência está a salvo. Não sabemos quais competências serão seguras”, afiançou o autor de Homo Deus. O ensino superior vai se voltar ao lema “preparar para vida?” Mas o que significa preparar para a vida?
O que será preciso para sobreviver neste mundo que se apresentará mais inorgânico, célere e desumano? “Vamos precisar da capacidade de mudar. Temos que reconstruir a nossa mente para sermos mais flexíveis, e isso é coisa que indivíduos não conseguem fazer sozinhos”, vaticinou o historiador. “Governos devem prever suportes mental e psicológico” para os novos tempos, sugeriu.
Não só isso: será preciso a oferta de uma renda universal! As elites que estão no comando dos avanços da IA vão admitir?
Tudo indica que poucas profissões estarão com suas habilidades asseguradas. As universidades vão se voltar mais ao campo da arte, do ócio criativo, da música, do teatro, do lazer? Vão eliminar cursos nos campos do Direito, da Economia, da Comunicação, da Educação, da Teologia, áreas onde a IA provavelmente será predominante? Quem serão os profissionais do amanhã ao lado das matrizes da IA?
Mais: se a evolução da IA atingir tal estágio que poderá expressar sentimentos, invadir a intimidade humana, o que algoritmos já conseguem fazer hoje, ainda precisaremos de curas d’alma, psicólogos? O que restará aos humanos na face da Terra? O nosso presidente será mundial, e uma máquina? Os seus ministros serão robôs? Os humanos terão capacidade de buscar a cooperação mútua?
Para Harari, o grande desafio que a humanidade enfrenta é a sua “inabilidade para a cooperação”. Sem isso, ele prevê, humanos não conseguirão lidar com a IA e com as alterações climáticas.
A pergunta que fica: se essa análise tem consistência, até que ponto humanos estão dispostos a buscar a cooperação? Universidades, igrejas, governos, instituições abrirão mão de seu status para que a humanidade tenha um vislumbre de esperança? Só o tempo dirá.
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Sem cooperação, humanidade afundará, prevê historiador israelense - Instituto Humanitas Unisinos - IHU