No último sábado, 21 de janeiro, com muita discrição e reserva e, portanto, sem qualquer comunicação à imprensa, o Papa Francisco recebeu em audiência, Patriarca Teodoro II, Patriarca greco-ortodoxo de Alexandria e de toda a África (Egito). O Patriarca Teodoro II, empossado em 2004, respondeu assim ao convite do Papa com o objetivo - segundo o site do patriarcado - de apresentar e ilustrar ao Bispo de Roma "a obra missionária e humanitária multilateral que o antigo Patriarcado de Alexandria realiza em todo o continente africano" e ao mesmo tempo trocar ideias, reflexões e propostas "sobre os problemas objetivos de hoje, bem como sobre os obstáculos que criam à missão".
A reportagem é publicada por Il Sismógrafo, 24-01-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Participaram do encontro o Cardeal Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, o Bispo Mons. Brian Farrell e Mons. Andrea Palmieri, respectivamente Secretário e Subsecretário do Conselho. Também estiveram presentes os Metropolitas da Guiné, George, do Botswana, Gennadios, e o auxiliar de Naucratis, Narkissos.
A delegação greco-ortodoxa chefiada por Teodoro II almoçou com o Papa Francisco.
Durante as conversas foram analisados e abordados vários problemas relevantes que caracterizam o mundo atual, as relações internacionais e a vida difícil de inúmeros povos e nações. O Papa e o Patriarca debruçaram-se sobre as questões da pobreza e indigência, alterações climáticas, movimentos migratórios, defesa dos direitos humanos e das desigualdades sociais, defesa dos direitos da criança e das mulheres e fundamentalismo religioso. Uma ênfase especial foi dada pelos dois líderes religiosos à promoção da solidariedade e da fraternidade entre os povos.
Obviamente, no fundo das conversas o tema principal foi a agressão russa contra a Ucrânia que, juntamente com outras questões, divide radicalmente o Patriarcado de Alexandria do Patriarcado de Moscou liderado pelo Patriarca Kirill. É quase certo que o low profile que o Vaticano quis dar ao encontro tem a ver com o desejo de não incomodar ou irritar o Patriarcado de Moscou. Em 2019, o Patriarca Teodoro reconheceu a Igreja Ortodoxa Ucraniana de Epifânio e isso acelerou a ruptura.
Em 17 de setembro de 2020, durante sua visita a Chipre, o primaz da Igreja Africana confirmou seu apoio à causa da autocefalia ucraniana. Em particular, afirmou que "o povo ucraniano tem direito à sua própria Igreja autocéfala" e que a suspensão da comunhão entre Moscou e Constantinopla é "uma reação exagerada". O patriarca confirmou que quis comemorar Epifânio em 2019, sempre em Chipre, por vontade própria, para mostrar seu apoio ao patriarca Bartolomeu e à Igreja Autocéfala. Ucraniana. “Confio que em breve a situação ficará mais clara e voltaremos ao serviço do povo para o bem da Terra”, declarou o patriarca.